MAURICINHO: O PEQUETITO REBELDE
Leandro A. Rodrigues
Sempre fui apaixonado por futebol, mas tenho consciência de que nunca fui craque. Quando criança, como já disse na crônica “Gênio da Grande Área”, queria ser o Romário, pois ele era rápido e goleador. No entanto, nunca fui um exímio finalizador. Meu mérito principal, em campo, era a velocidade e os passes certos para os grandes finalizadores. Foi assim que os meus treinadores, pouco a pouco, acharam a minha posição: ponta-direita. Hoje em dia, o nome foi substituído por extrema. Com sinceridade, não gosto da substituição. Sei que o extrema tem características diferentes das dos antigos pontas; mas, provavelmente por ter atuado em uma posição cujo nome não mais existe, não consigo familiarizar-me com o nome pomposo da geração atual. Gostava mais do anterior.
Em virtude das minhas características, sempre apreciei a forma de jogar dos futebolistas velozes, por isso, hoje, neste texto, quero falar do maior ponta-direita que vi com a camisa do Vasco: Mauricinho.
Maurício Poggi Villela nasceu em Ribeirão Preto, SP, em 29 de dezembro de 1963. Aos 17 anos, começou a atuar profissionalmente pelo Comercial (time que divide com o Botafogo a rivalidade de sua cidade natal). Em 1984, foi contratado pelo Vasco da Gama, onde esteve até 1988. Naquele ano, sofreu uma lesão muito grave, num jogo contra o Fluminense (link abaixo), tendo que ficar afastado dos gramados até o fim do ano. Desde então, Mauricinho passou a encontrar dificuldades para voltar ao melhor futebol que o projetara ao futebol nacional.
No ano seguinte, saiu do Vasco e jogou por alguns clubes, infelizmente, sem o mesmo sucesso do início de sua carreira: Palmeiras (1989); Espanyol, da Espanha (1989-1990); Louletano, de Portugal (1990-1991).
Em 1991, voltou ao Vasco, mas, novamente, não obteve o mesmo sucesso. Em seguida, jogou por Bragantino (1992), Remo (1993), Ponte Preta (1994), Botafogo (1994), Kyoto Purple Sanga (1995), Botafogo (1996).
No ano de 1997, voltou ao Vasco e conquistou grandes títulos com a geração premiada. Esteve em São Januário, em sua última passagem pelo Gigante da Colina, de 1997 até 1999.
Em 2000, encerrou a carreira pelo Comercial, time onde despontou para o mundo do futebol.
Mauricinho era habilidoso, veloz e ousado. Sofreu bastante com entradas duras e, muitas vezes, desleais dos adversários. Indubitavelmente, a sequência de lesões fez com que a sua carreira não alcançasse a estabilidade necessária e, assim, não pudesse consolidar-se como o craque promissor do seu início entre os profissionais.
Pelo Gigante da Colina, conquistou: três Taças Rio (1984, 1988 e 1998), três Taças Guanabara (1986, 1987 e 1998), três campeonatos estaduais (1987, 1988 e 1998), um campeonato Brasileiro (1997), uma Libertadores (1998), uma Copa Ouro (1987), dois Ramón de Carranza (1987 e 1988). Disputou 307 jogos com a camisa do Vascão e balançou as redes em 42 oportunidades.
Por causa de sua baixa estatura e pela dificuldade de ser marcado, vivia a infernizar a vida dos laterais, assim como vivia a receber apelidos por parte dos narradores e dos cronistas esportivos. Foi assim que, em minhas narrações de futebol de botão, quando criança, peguei emprestado um desses apelidos e, sempre que o camisa 7 cruz-maltino encostava no dadinho, recebia a alcunha com que foi personificado em minha infância: “Pequetito Rebelde”.
Vídeo da contusão contra o Fluminense:
Grandes momentos de Mauricinho:
Saudações vascaínas!