Expectativa é que os americanos cheguem nesta semana ao Rio
Luiz Nascimento
Dois mil e vinte e dois pode ser um marco na história centenária do Vasco. Em fevereiro, a gestão Jorge Salgado acertou um acordo com o fundo de investimentos 777 Global Partners, para a compra de 70% de uma futura Sociedade Anônima de Futebol por R$ 700 milhões.
A 777 busca clubes históricos, de grandes cidades e com tradição esportiva. Atualmente, é sócia minoritária do Sevilla, time espanhol que é o maior campeão da UEFA Europa League, mas virou dona do Genoa, o clube de futebol mais antigo da Itália no ano passado. O discurso da empresa é pensar no longo prazo e o Vasco virar a sua referência no futebol sul-americano.
O clube irá realizar nos próximos meses quatro votações, duas no Conselho Deliberativo e duas na Assembleia Geral, para a constituição da SAF e a venda para os investidores. A dívida do clube está estimada em R$ 700 milhões.
Em entrevista ao Estadão, o diretor da empresa, o colombiano Juan Arciniegas apresentou seu planejamento para o Gigante da Colina, revelou admiração ao modelo de times que a Red Bull implantou pelo mundo, e ainda disse ser favorável à criação de uma liga de clubes para administrar o Campeonato Brasileiro das Séries A e B.
Sobre a liga de clubes, Juan falou que criá-la é a solução para todos os problemas do futebol brasileiro:
– Nós achamos que (o talento e a paixão do brasileiro pelo futebol) é uma incrível fonte de potencial para a liga, os torcedores e os investidores. Para qualquer desfecho que a discussão sobre a liga caminhe, eu realmente acredito que centralizar e criar uma liga é a solução no futuro próximo para aumentar as receitas dos clubes e acho que isso tem de acontecer. Quanto mais investidores como nós chegarmos ao futebol brasileiro, mais vozes estarão a favor da importância de dar esse passo. Sou muito favorável a isso.
Arciniegas ainda revelou que os R$ 700 milhões do grupo americano serão investidos no Vasco pelos próximos quatro anos.
– Todo o dinheiro deve ser investido nos próximos, eu diria, quatro anos, mais ou menos. Depende de algumas coisas. Parte do dinheiro para infraestrutura, uma parte diferente será para pagamento de dívidas, etc. Em termos de planejamento, a previsão é de quatro anos, mas saber se realmente todo esse valor será usado está um pouco fora do nosso controle. Porém, temos já um bom avanço de como esse investimento será alocado.
Sobre se envolver no dia-a-dia do Gigante da Colina, o colombiano falou que a empresa pode participar de duas maneiras:
– Uma é nós, eu e Josh, estarmos visitando o Brasil, indo a jogos, conversando com a direção, seja por telefone, videoconferência ou pessoalmente. A outra seria contratar pessoal em tempo integral para aumentar nossa equipe e ter profissionais que possam trabalhar muito tempo em cada clube que temos. Não precisa ser necessariamente eu, pois preciso estar aqui na sede (em Miami), mas um profissional exclusivamente focado no clube, um representante nosso lá. Então será uma combinação disso. Não podemos estar em todos os times ao mesmo tempo, mas acho importante estar presente, mostrar aos torcedores isso. Sentimos que a recepção da torcida do Vasco e do Genoa também foi muito positiva e somos muito gratos por isso.
Juan ainda projetou como será o futuro do Vasco daqui a quatro anos. E a notícia é animadora para os torcedores:
– Claro que esperamos que esteja novamente na primeira divisão. Queremos que dispute competições sul-americanas e, no Brasil, há várias vagas para esses torneios, comparado aos outros países do continente. Tem muito trabalho ainda a ser feito. Não é algo da noite para o dia. Queremos estar no top 5 do futebol brasileiro, mas não podemos garantir isso a curto prazo porque ainda estamos na segunda divisão. Então precisa de um tempo para chegarmos ao topo.