Contrariado com a saída de Luiz Mello para a SAF, presidente Jorge Salgado intervém para frear a saída de vice-presidentes
Luiz Nascimento
Depois da lua de mel, a primeira DR. Menos de 48 horas após os sócios aprovarem com quase 80% dos votos a venda da SAF do Vasco para o grupo americano 777 Partners, já temos a primeira crise. A diretoria da associação não gostou do anúncio dos americanos de que Luiz Mello, CEO do C. R. Vasco da Gama seria o CEO da SAF, o que gerou revolta de vários vice-presidentes, que viram este ato como uma traição e ameaçaram entregar seus cargos. Porém, de acordo com os jornalistas Emanuelle Ribeiro, Marcelo Baltar e Tébaro Schimidt, do ge.globo, os americanos não veem motivo algum para voltarem atrás.
Aliás, Mello está em Campinas, para acompanhar o jogo contra a Ponte Preta, pela 23a rodada da Série B. A ideia é que o novo homem forte do futebol cruzmaltino fique mais inserido no cotidiano do departamento.
A revolta dos vice-presidentes
Os VPs disseram que souberam da oficialização de Mello como CEO da Vasco SAF ontem, segunda-feira, por meio do comunicado da 777. Um dos vice-presidentes resumiu a reação deste anúncio a um sentimento de revolta. No mesmo dia, vários VPs se rebelaram e ameaçaram entregar seus cargos.
Jorge Salgado, por sua vez, foi comunicado pelos americanos horas antes do anúncio e logo depois de se encontrar com os vices, procurou a 777 para mostrar a insatisfação. Esse contato acalmou um pouco os ânimos, embora Salgado também se sentiu traído por Mello, inclusive, achando essa situação antiética e também pediu que a nomeação fosse revertida. Por isso, era esperado que a 777 volte atrás e mantenha Mello como CEO da Vasco SAF somente durante a transição.
Porém, isso não acontecerá. Os americanos entendem que como estão à frente do futebol, não precisam de autorização da associação civil para nomear quem estará à frente da SAF. Além disso, no entendimento da 777, Mello fez um bom trabalho como CEO do clube associativo, que por sua vez, não tem mais poder de decidir sobre o dia-a-dia do futebol.
Do lado de quem irá comandar o clube-empresa, a insatisfação dos vice-presidentes não passa de movimento político da associação, uma vez que a partir de agora, os VPs não terão mais poder de decisão sobre as coisas do futebol. Para a empresa americana, não há conflito de interesses com o fato de Mello estar trabalhando no Vasco, mas agora como funcionário da 777 Partners.
Aliás, nesta quarta, Luiz Mello irá se reunir justamente com os vice-presidentes na primeira reunião de transição. O CEO irá representar a 777 e pode ganhar o reforço do ex-head scout do Genoa e diretor global de futebol Johannes Spors. Porém, a presença do germânico ainda é dúvida.
Relação já bem desgastada
A relação entre Luiz Mello e os vice-presidentes cruzmaltinos já estava bem desgastada muito antes do anúncio oficial da 777 e agora está insustentável. Durante a AGE de domingo mesmo, o próprio CEO ficou afastado de todos os vices do clube, menos o VP financeiro, Adriano Mendes. No final do mês passado, dez dias antes da votação, três grupos que fazem parte da base de apoio da atual gestão divulgaram uma carta na qual disseram ser “radicalmente contrários à participação de qualquer membro da gestão do clube associativo na SAF”, em uma indireta justamente a Luiz Mello, que foi o articulador das negociações entre CRVG e 777 Partners.
Logo depois do anúncio dos americanos, a diretoria do Vasco informou que Luiz seria demitido das funções que exercia na associação civil.