O volante Rodrigo, foi uma das peças menos badaladas que subiu ao time profissional do Vasco, e que vem demonstrando consistência no seu futebol. Além de colecionar elogios por parte dos torcedores.
Sendo um dos últimos a subir de sua geração, Rodrigo agarrou a oportunidade que teve no vácuo que a saída de Yuri Lara deixou e De Lucca ainda não conseguiu suprir.
Com o futebol simples e eficiente de primeiro volante, Rodrigo vem se destacando pelo Vasco e conquistando sua vaga no time titular, sendo um dos favoritos na disputa interna para entrar em campo no clássico contra o Flamengo no próximo Domingo (5).
Em entrevista ao GE, Rodrigo e sua família falaram um pouco desse longo processo para chegar ao time, Rodrigo teve que colocar em prática sua paciência e precisou passar por todas as etapas de formação. O que não significa que tenha sido fácil.
“Ele viu os companheiros subindo da base, ele ficando para trás. Já estava ficando um pouco aperreado”, confessa Seu Geovânio Martiniano, nordestino do interior de Alagoas e pai do jogador.
“Eu falei para o Rodrigo que a vitória dele é diferenciada, foi uma vitória muito sofrida. Foram muitas conversas para acalmá-lo, estava ansioso demais. Eu dizia: ‘Sua hora vai chegar.”, acrescentou Geovânio, pai do volante do Vasco
Rodrigo foi o maior ladrão de bolas na vitória sobre o Boavista, na rodada passada, em São Januário: foram cinco desarmes no total.
“Acho que foi uma ascensão muito rápida”, comentou o volante, tão acostumado a esperar, em entrevista recente à “Vasco TV”. “Eu não esperava essas oportunidades que estou tendo. Desde o dia que cheguei aqui pensei em trabalhar mais que todo mundo, mas respeitando o tempo, o espaço de todo mundo. Tudo que está acontecendo na minha vida é fruto de muito trabalho.”
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“Preciso mudar essa condição aqui em casa”
Rodrigo é de Barra de São Miguel, em Alagoas. Não foi o primeiro da família a tentar a ganhar a vida com o futebol, já que o irmão Jean e alguns primos por algum tempo seguiram por esse caminho. Mas foi o primeiro a conseguir chegar no profissional de um clube.
Depois de bater no futebol e voltar, Jean herdou do pai a embarcação onde oferece passeios pelo litoral de água cristalina e paisagens espantosas de Barra. Geovânio, por sua vez, faz viagens de jangada na Praia do Gunga, em Maceió. É uma família que tira o sustento do turismo.
“Uma das histórias que mais me toca é que, antes de vir para o clube, aos 13 anos, eu recebi uma bolsa em um colégio em Maceió”, conta Rodrigo.
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Quando eu ia para a escola, eu perguntava ao meu pai se ele tinha dinheiro para eu poder comprar o lanche na escola. Ele dizia: “Filho, ou a gente te dá o dinheiro para o lanche ou a gente usa para comprar comida aqui em casa”. Toda manhã que meu pai falava isso para mim, me marcava muito. Isso foi um dos combustíveis para mim. Vi o futebol como uma válvula de escape. “Pô, preciso mudar essa condição aqui em casa para a gente não passar mais por esses perrengues” – se lembra o volante do Vasco.
“Graças a Deus hoje, lá em casa, a gente já pode ir para um restaurante um pouquinho mais chique. Já superamos isso.”, Rodrigo
Rodrigo ingressou no futebol primeiro numa escolinha na cidade-natal chamada Projeto Barrinha e, depois, no Sport Club Agrimaq, clube de seu empresário que tem um contrato de parceria com o Vasco.
“Todo dia, quando dava 22h, 23h, eu chegava cansado do trabalho, e a mãe dele dizia: “O Rodrigo ainda não chegou, não”. Eu saía de casa já sabia onde ele estava: no campo da pracinha. “Rodrigo, já são mais de 22h”, eu dizia. E ele respondia: “Deixa eu só fazer mais um gol” (risos), se lembra o pai.
O Agrimaq tem um contrato de parceria com o Vasco reconhecido pela CBF, o que pavimentou a ida de Rodrigo para o clube de São Januário, onde chegou aos 14 anos de idade e morou até dezembro do ano passado. Ele hoje mora com a esposa Íris “Os dois dividem apartamento com o zagueiro Zé Vitor. Ele saiu sozinho de casa, com 14 anos. Meteu a cara no mundo grande, era um moleque. Com três meses ele queria voltar, já que ficou sozinho. Mas depois falou que colocou os joelhos no chão e pediu para Deus acalmar o coração dele”, conta Geovânio.
“Este ano, na primeira vez que ele jogou no profissional, eu só chorei. Eu só espero que tudo dê certo, aqui tem uma cidade inteira torcendo por ele.”
Por Lucas Batista