Moacyr Barbosa – O título desta matéria parece um pouco agressivo, em um primeiro momento, para um vascaíno ler. Mas, eu com meus 28 anos de idade, admito, só fui entender a genialidade deste goleiro agora, quando fui fazer umas pesquisas para produzir uma matéria sobre o Sul-Americano de 1948. Sabia que foi um dos melhores arqueiros da história do Vasco e do Brasil, no entanto, percebi que isso é pouco para Barbosa. Acredito que muitos também não tenham a noção da magnitude deste jogador, então resolvi compartilhar algumas considerações.
Ao conversar com alguns jornalistas chilenos, de mais idade, eu não tinha ideia de como Barbosa era admirado no Chile, justamente por conta desse campeonato que aconteceu lá. Na oportunidade, o Vasco sagrou-se campeão ao vencer o River Plate por 0 a 0. Barbosa foi o grande nome do time.
Muitos consideram aquele torneio como a primeira Libertadores da história. O fato é que serviu de modelo para a competição e Barbosa foi o jogador que mais chamou atenção do planeta naquela ocasião. O Vasco ganhou o torneio, sem ser favorito, diga-se de passagem. Foi o primeiro torneio internacional que um clube brasileiro venceu fora do país.
A importância do Barbosa para aquele título merece uma analogia, guardada as devidas proporções. Imaginem o Vasco sendo o melhor time do país e enfrentando uma das equipes mais comentadas do mundo, favoritíssima para levantar a taça.
Sim, o River era chamado de ”A Máquina” e até hoje esse time é muito famoso na Argentina, pois contava com o atleta sensação do momento: Di Stéfano. Todo mundo queria vê-lo jogar, era tipo o Messi daquela época. Então, vascaínos, é isso: é como se o Barbosa tivesse parado o Messi daqueles tempos.
Primeiro jogo da vida de um cronista chileno
Foi exatamente isso que um jornalista chileno me contou. Só tinha quatro anos de idade e guarda uma pequena recordação até hoje daquele confronto histórico: Barbosa. Estava doido para assistir o Di Stéfano de perto mas, na verdade, quem o impressionou mesmo foi o arqueiro vascaíno, que agarrou muito naquela oportunidade e garantiu o resultado de 0 a 0.
À La Barbosa
Como a bola naqueles tempos era muita pesada, quase nenhum goleiro conseguia chutar a redonda depois do meio de campo, mas Barbosa tinha essa potência. Os chilenos ficaram tão impressionados com isso, que por bastante tempo, quando um arqueiro mandava a bola longe, falavam que ele chutou ”À La Barbosa”.
Amor pelo Vasco
Até os últimos dias de vida, o goleiro nunca escondeu o amor que sentia pelo Cruzmaltino. Mesmo com dificuldades financeiras e morando em Praia Grande (São Paulo), o arqueiro participava de todos os encontros que era convidado pelo Gigante da Colina. Em um desses, que era comemorado o centenário do clube, em 1998, Barbosa aos 77 anos falou: ”vim, porque gosto muito do Vasco”, disse em entrevista para o Jornal O Globo.
As conquistas são inúmeras:
Venceu boa parte dos campeonatos cariocas daquela década (título mais importante do país naquele momento) – 1945, 1947, 1949, 1950, 1952, 1958. Ganhou o Sul-Americano de 1948. Fora isso, ainda Conseguiu conquistar uma Copa América pela Seleção Brasileira quando o país ainda não tinha tanta força no futebol.
Apesar disso tudo, tem gente que só consegue associar Barbosa ao vice-campeonato do Brasil na Copa de 1950.