Em meio a intensas críticas e ameaças de morte, Luiz Mello, CEO na SAF do Vasco, que detém uma das cadeiras mais importantes na hierarquia do clube, rompeu o silêncio e se defendeu em entrevista ao ge. Diante do crescente descontentamento da torcida, Mello enfrenta a difícil tarefa de lidar com as adversidades e buscar soluções para as questões enfrentadas pelo Cruzmaltino.
“Minha família está exposta”, disse ele.
Luiz Mello se encontra no meio das turbulências como CEO do clube, que atualmente configura a zona de rebaixamento do Brasileirão. Agravando ainda mais a situação, conselheiros do clube apresentaram uma denúncia, alegando que Mello teria fornecido informações falsas em seu termo de posse, documento necessário para assumir o cargo. O caso está em processo de apuração, adicionando mais um elemento de incerteza ao já conturbado cenário vascaíno.
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Um detalhe crucial no termo de posse é a proibição de qualquer “vínculo associativo” com outros clubes, exceto o próprio Vasco. No entanto, na ocasião, foi “revelado” que Mello possuía um plano de sócio-torcedor ativo em seu nome no Flamengo. Em resposta a essa revelação, o dirigente apresentou uma extensa explicação sobre o assunto.
– Eu queria agradecer pela pergunta e pela oportunidade de esclarecer algo que é muito maior do que o termo de posse. A minha relação com o futebol começou antes de eu ser um profissional deste mercado. É o que acontece com quase todo brasileiro. Eu me preparei durante toda a minha vida para trabalhar neste segmento e ser CEO do Vasco é a realização de um sonho. Independentemente de qualquer relação do passado, hoje eu vivo, respiro, me doo e torço pelo Vasco da Gama com todas as minhas forças, 24 horas por dia. Qualquer movimento em uma direção diferente dessa seria também ir contra esse meu sonho, no caminho oposto de todo o caminho que trilhei até este momento.
– Ser profissional no futebol é isso. Acontece com os treinadores, com os atletas, membros das comissões. Com os executivos, não é diferente. Como a profissionalização dos jogadores é algo que remonta aos anos 1930, ninguém mais se preocupa qual era o time de infância do goleiro, do atacante, da nova contratação. Grandes treinadores do Vasco eram torcedores do Flamengo e do Fluminense. Grandes ídolos do clube tinham admiração por rivais e nem por isso deixaram de honrar a camisa vascaína – completou.
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– O torcedor hoje tem certeza de que o atleta não vai colocar a carreira dele em risco ou prejudicar seus companheiros de equipe porque, no passado, ele torcia por outra agremiação. Por que, então, o mesmo raciocínio não vale para um dirigente? Porque a profissionalização de gestores é algo recente, mas as SAFs vieram justamente para quebrar mais este paradigma. Pouco importa qual era a preferência clubística do executivo se ele é capacitado. Como disse, o Vasco é o maior desafio da minha carreira e ninguém mais que eu quer que tudo dê certo. Ter a honra de gerir um clube deste tamanho é um sonho realizado.
“Alguém em sã consciência acredita mesmo que vou tomar de propósito uma decisão que prejudique o Vasco porque antes torcia para outro clube? Alguém bem-intencionado acha de verdade que vou beneficiar um rival em detrimento do Vasco, colocando em xeque meu futuro profissional? Eu acho que apenas quem é maldoso ou possui segundas intenções pode acreditar que eu seria capaz de jogar minha carreira fora porque simpatizava por outra camisa. Hoje sou Vasco e quero que o Vasco atropele todos os rivais dentro e fora de campo – finalizou o CEO.
Além disso, Luiz Mello também negou que tenha mentido no termo de posse.
– Sobre o termo de posse em si, é importante dizer que pode ter havido um erro de interpretação. Eu não sou membro de qualquer órgão da administração, deliberação ou fiscalização, bem como de órgão executivo de outro clube de futebol conforme definido pelo art. 5º, parágrafo 1º da Lei 14.193/21. Portanto, não existe nenhuma ilegalidade nisso e por esta razão assinei o termo de posse com estas premissas – disse.
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– Vale ressaltar que fui presidente de um órgão de fiscalização de clubes (APFUT) por 3 anos e passei por todos os processos pertinentes para poder cumprir com minha missão da forma mais transparente possível. Se houve um erro na interpretação sobre o teor do documento, tenham certeza de que não houve má-fé e que este erro será corrigido o mais rápido possível – afirmou.
– Pela legislação vigente não há qualquer irregularidade ou ilegalidade na posse, pois cumpri com os requisitos exigidos na Lei Federal nº 14.193/2021 e no Estatuto Social do Vasco da Gama SAF. Reafirmo que não cometi nenhuma ilegalidade.