Na primeira janela de transferências do ano, o Vasco da Gama investiu pesado em seu futebol. Mergulhado em promessas de times melhores e mais competitivos, o clube gastou cerca de 100 milhões de reais para formar um elenco que daria esperança de dias melhores para o torcedor, com a contratação de nomes como Jair, Pedro Raul, Léo Jardim, Luca Orellano, entre outros. Porém, meses depois, a situação financeira que vive o Cruzmaltino preocupa, já que cobranças em relação à parcelas não pagas pelo clube são feitas todos os dias. Afinal, a situação financeira do Vasco é estável ou não?
Nos últimos dias, clubes ameaçaram entrar na FIFA contra o Vasco da Gama devido ao atraso nas parcelas de compras de alguns jogadores, como Puma Rodríguez e Manuel Capasso. A principal razão desse atraso, segundo a diretoria, é o fluxo de caixa negativo do clube. Ou seja, mais dinheiro sai dos cofres do Vasco do que entra, o que demonstrou a incapacidade de gerar receitas. No início deste mês, a revista norueguesa Josimar Football publicou reportagens com críticas à sustentabilidade do modelo de negócios da 777, o que aumentou a apreensão dos torcedores.
Até aqui, os americanos investiram R$ 190 milhões, sendo R$ 70 milhões no empréstimo-ponte, antes da concretização da venda de 70% do futebol, mais os R$120 milhões do primeiro aporte oficial já sob o comanda da SAF. Fazer investimentos fortes no futebol para fortalecer a equipe e lidar com a enorme dívida do Vasco da Gama é um dia a dia que os executivos estão tendo que lidar. Armênio Neto, especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let’s Goal, explicou sobre a situação financeira do clube:
– Ninguém assume um time do tamanho do Vasco e se compromete a colocar centenas de milhões no negócio sem ter um plano. E cada grupo investidor tem seu estilo, prioridades, forma de executar. A lógica é arrumar a casa financeiramente para, assim, ter maior capacidade de investimento no time. A questão é que futebol é toda quarta e domingo. O torcedor quer resultados imediatos. Por isso a gestão precisa saber combinar expectativas, performance em campo e resultados financeiros.
Apesar da difícil realidade que se apresenta na atualidade, os aportes da empresa americana estão sendo cumpridos à risca. Há consequências que podem chegar caso o dinheiro não seja investido no clube, como retomada do futebol por parte da associação. Dessa forma, o Vasco se vê protegido.
Do primeiro aporte, de R$ 120 milhões, cerca de 32% ou R$ 38,4 milhões foram empregados para pagar “custos operacionais, correntes ou atrasados”. Ou seja, são dívidas que precisaram ser pagas de imediato para viabilizar o funcionamento do clube, envolvendo desde atletas e funcionários até questões logísticas, como viagens e disputas de torneios.
Por esses motivos, o Vasco investiu em pagamentos parcelados na hora de comprar seus jogadores. O GLOBO conversou com pessoas do clube, que garantem que a situação envolvendo as cobranças está totalmente sob controle, ainda mais com o aporte que está por vir em setembro, totalizando 120 milhões de reais. Não há risco de transferban.
A diretoria trabalha fortemente em um projeto de estabilização financeira do clube. Isso passa principalmente pelo aumento na capacidade de gerar receitas, que por sua vez, passa diretamente pelo desempenho do futebol do clube. Por isso, mesmo com problemas relacionados à finanças, o Vasco vai ao mercado na janela da metade do ano.
Em paralelo às notícias ruins, o clube tem duas entradas de receitas próximas. Uma delas é o acordo com a Serengeti e com a Life Capital Partners pelos direitos comerciais do Brasileiro, que pagará metade dos R$ 212 milhões em até 60 dias. A outra é a provável venda do atacante Pedro Raul, numa proposta do Toluca, do México, por mais que o dobro do que o Cruzmaltino investiu, totalizando cerca de 25 milhões de reais.
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