GRACIAS, DIEGO
Leandro A. Rodrigues
Nasci em outubro de 1979. A minha paixão por futebol foi alicerçada pelos times e pelos jogadores da segunda metade da década de 80. Desse modo, embora saiba da importância das conquistas vascaínas de 97 até 2000, tenho um carinho especial pelo time bicampeão carioca de 1987/1988, assim como pelo escrete bicampeão brasileiro em 1989 (ainda farei uma crônica sobre isso). Tenho ciência do quão estapafúrdio era o regulamento da Copa União de 1988, mas, ainda hoje, acho o máximo o fato de todos os jogos, que terminassem empatados, necessariamente, tivessem de ser decididos na disputa por penalidades máximas. Tudo isso, sei muito bem, é importante para mim, pois faz parte da minha memória afetiva.
Por falar em memória, como já contei aqui (na crônica “Por que sou vascaíno?”), a minha memória fotográfica leva-me a detalhes absurdos acerca das lembranças de muitos jogos. No entanto, as minhas recordações, logicamente, não ficam restritas aos jogos do nosso Gigante da Colina. Lembro-me, como se fosse o enredo de um filme, de tudo o que se passou com a eliminação da seleção brasileira nas copas de 1986 e de 1990. Vejo, ainda, os pênaltis perdidos contra o time de Platini, no México. Sinto o gosto das lágrimas passageiras, que serviram como entrada para o meu almoço naquele domingo, 24 de junho de 1990, em que Caniggia driblou Taffarel e nos tirou da Copa da Itália. A transição dos anos 80 para os anos 90 foi fundamental para que eu me tornasse o aficionado por futebol que sou hoje.
E, então, é aí que entra, em minha vida, Diego Armando Maradona. Com seus dribles mágicos, com suas arrancadas espetaculares, com seus passes precisos, com sua técnica indizível. El Pibe, em campo, era um fascínio para os meus olhos. Ainda menino, ficava estupefato com a maneira como o argentino tratava a bola, fosse com os pés, (ofertando-nos gols antológicos), fosse com as mãos (ofensivamente no México ou defensivamente na Itália). Aos domingos, pela manhã, torcia para que a Rede Bandeirantes televisionasse os jogos do Napoli, simplesmente, porque queria ver Maradona, Careca, Carnevale, Giordano, Alemão, De Napoli, Ferrara e companhia. Não posso dizer que era torcedor do Napoli. Desde criança, sempre tive um time apenas: VASCO DA GAMA. Respeito aqueles que dizem torcer para o time tal em um país ou em um outro estado. No
entanto, em qualquer lugar do planeta, sempre fui, sou e, eternamente, serei, exclusivamente, VASCO DA GAMA. A única exceção a que me permito é para a SELEÇÃO BRASILEIRA. Por isso, nunca tive um time em outro estado e/ou país para quem eu torcesse. Havia, como ainda hoje há, a satisfação por ver determinado jogador de determinado time, já que, como amante do futebol, assisto a todos os jogos que puder. Com o Napoli era exatamente assim. Queria ver os jogos da equipe que possuía o apelido de MA-GI-CA (MA de Maradona, GI de Giordano e CA de Careca), pois, decididamente, era algo mágico vê-los. Para ser sincero, era algo mágico ver Diego Armando Maradona.
Desde a última quarta-feira (dia 25 de novembro de 2020), quando recebi a notícia da morte de Maradona, tenho estado com um sentimento análogo ao da perda de um parente. Tenho assistido às homenagens, tenho visto e revisto documentários sobre ele e, em meu peito, há uma dor semelhante à da perda de um amigo, afinal, Maradona fez-me companhia em muitas manhãs de domingo, em muitos jogos de futebol de botão, em muitos momentos em que, ainda criança, sendo destro, treinava o meu pé esquerdo para bater faltas como ele.
Os argentinos têm uma frase muito boa para demonstrarem o que Maradona significa para eles: “Não importa o que Diego fez com sua vida. Importa o que ele fez com a nossa”. Neste momento de dor, de perda e de continuidade, concordo plenamente com a citada frase. Não me cabe julgar o homem. Aliás, não me cabe julgar ninguém. Cabe-me, apenas, demonstrar a minha gratidão por tantas coisas benfazejas que Maradona ofertou para mim e para todos os amantes do mundo do futebol, dizendo, apenas, Gracias, Diego!
Saudações Vascaínas!