Nesta sexta-feira, o vice-presidente jurídico do Vasco da Gama, Felipe Carregal Sztajnbok, concedeu entrevista ao Globo Esporte e comentou sobre a ex-dona do Cruz-maltino, 777 Partners. O VP falou sobre o processo de venda do clube e declarou que a empresa norte-americana não existe mais.
“A suspensão é recente. Ela é fruto de tratativas que iam sendo feitas junto à A-CAP e resultou nessa suspensão. Foi um pedido deles que nós entendemos que fazia sentido. É cabível (a venda em 90 dias). Mas a gente não pode cravar nada. A suspensão é normal do ponto de vista processual. Mas tudo que aconteceu antes está valendo. O processo é suspenso, mas a decisão do poder judiciário está valendo. Você só suspende o processo por determinado período de tempo, nada de novo acontece. Esses 90 dias que foram pedidos pela A-CAP é justamente para eles poderem tomar pé da situação e fazer valuation para entender o cenário.
Se vai sair acordo, se não vai, é futurologia, não tem como a gente prever. o que posso dizer é que a A-CAP chegou aqui no Brasil com postura bem mais transparente em relação à 777. Bem mais objetiva. Existe essa possibilidade, mas vai depender dos próximos passos de todo esse trabalho que vai ser feito nos próximos 90 dias.”
A 777 enfrenta também outras ações na Justiça, de outros credores, como a da Leanderhall que a processa em Nova York. Eles não podem reclamar os ativos do futebol da 777?
“Bem, a gente assinou termo de confidencialidade com a A-CAP, não posso falar muita coisa. Mas, obviamente, a gente de forma cautelosa solicitou toda a documentação possível para que se comprove os poderes da A-CAP sobre os ativos. Essa documentação está sendo enviada. Já chegou uma parte e essa parte que chegou demonstra de fato que a A-CAP hoje controla os ativos do futebol da 777. A gente está aguardando mais documentos. O que chegou até o momento comprova que essa ação de Nova York não tem impacto direto no Vasco porque a empresa que controlava os ativos do futebol da 777 não foi atingida por essa decisão desse processo em Nova York. Então a princípio esses ativos estão destacados dessa decisão judicial, que permite a A-CAP se for o caso negociar esses ativos. A gente inclusive já recebeu parecer legal deles. Estamos analisando. Esses 90 dias servem também para isso, para aprofundar isso. Mas até o momento, do que a gente recebeu, tudo indica que a A-CAP é a controladora desses ativos.”
São mais de dois meses da decisão judicial. O caminho que vocês esperavam ia por esse cenário?
“A gente disse naquela coletiva que tomou decisão difícil, mas tomamos com base em fortes indícios de que estava acontecendo situação desagradável com a 777. O interessante é que a última notificação que a gente manda para a 777 é justamente sobre a A-CAP. A gente notifica dizendo “olha, tomamos ciência de que vocês não controlam mais o futebol”. Isso tinha impacto direto não só nos contratos, mas na nossa relação. Eles responderam na época que era mentira. Foi a última comunicação formal que tivemos antes da ação. Hoje nós recebemos a A-CAP no brasil e eles demonstraram de fato que estão no controle. Então, assim, isso nos dá conforto de que a gente agiu da melhor forma e com base nas informações de que a gente tinha naquele momento e que se concretizaram na prática. A gente está muito tranquilo em relação a isso. Tudo que a gente pesquisou na época que apontava para uma direção, hoje a gente tem certeza que estava certíssimo.
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A grande vantagem dessa ação hoje é que a gente conseguiu que a Vasco SAF e o próprio clube associativo fiquem muito mais confortáveis e seguros para atravessar esse período de negociação. A segurança jurídica que isso trouxe, que foi um movimento audacioso – não do ponto de vista jurídico, porque juridicamente estávamos muito tranquilos -, mas audacioso do macro, da SAF, a gente imaginou que iríamos sofrer contestação por conta da lei da SAF, de investimentos no Brasil, isso tudo foi avaliado. Hoje tudo que a ação trouxe foi segurança para o Vasco. Tudo que se falou no passado de insegurança jurídica, hoje, na prática, a gente vê que o que a gente fez foi trazer segurança jurídica para que esse período de turbulência fosse atravessado da forma mais segura possível para o Vasco e para a Vasco SAF.”
O prazo de 90 dias pode ser prorrogado?
“São prorrogáveis sim, da mesma forma que em 30, 45 dias caso a gente entenda, vamos supor, que não foi possível aqui avançarmos numa negociação, a gente pode até antecipar o retorno das ações. Esses 90 dias foi prazo que a gente estipulou, mas nada impede que a gente prorrogue ou que a gente antecipe a volta das ações. Isso cabe às partes.”
O que sabemos hoje é que as exigências e até os valores que a 777 falava para a venda não existem mais. Vocês fazem estimativa de valores dessa venda?
“Ainda não, acho que nem a própria A-CAP tem noção exata de valor. A 777 não existe mais. A gente não conversa com a 777, só com a A-CAP e acredito que esses 90 dias – isso foi também justificativa da A-CAP para fazer essa sugestão para a gente – são justamente para entenderem a situação e se for o caso chegar a entendimento do valor do ativo. A A-CAP foi muito transparente, “a gente não tem intenção aqui de fazer dinheiro nem lucrar. A nossa intenção é minimamente ressarcir os prejuízos que a 777 causou à A-CAP”.
O Vasco conversa com os outros clubes comprados pela 777. Existe possibilidade de venda em multiclubes?
“A gente não conversa sobre isso. A gente não tem interesse nisso. O Vasco é um caso peculiar, justamente por causa do movimento que a gente fez com essa ação. O Vasco está destacado dos outros clubes, a negociação com o Vasco é totalmente diferente dos demais clubes, justamente porque hoje o Vasco tem posição mais confortável em virtude do movimento que a gente fez com a ação.”
O Vasco hoje redobra a atenção para um novo parceiro depois do caso 777?
“Com certeza. A gente vem trabalhando nisso. A gente, torcedor do Vasco, o mercado do futebol, estamos todos traumatizados com o caso 777, e obviamente que isso vai ser levado em conta. Sem dúvida nenhuma. Nem o Vasco nem outro time do Brasil vai passar por isso novamente”, finalizou Felipe Carregal.
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