Houve quem desconfiasse da contratação de Léo Matos no Vasco, o que não é de se tirar a razão, pois nos últimos anos 20 anos o Club raramente acertou na investida em defensores. O fato é que o retorno do lateral ao Brasil após 10 anos, é uma boa notícia tanto para o atleta, quanto para a equipe carioca.
Aplicado, e às vezes, aliás, até com uma certa frequência, explosivo, Léo Matos mostra em suas atuações porque virou ídolo e capitão de um dos clubes com torcida mais exigente no futebol grego, além de ter deixado boa impressão no Dnipro da Ucrânia, time que defendeu por três temporadas antes de partir para a Grécia.
Mesmo não sendo um exemplo de velocidade, o lateral consegue defender e apoiar no timing certo, chegando inclusive a decidir partidas pelo Club. Quer um exemplo maior do que o do jogo contra o Santos? Deu assistência para o gol do Carlinhos, e no reflexo salvou o Vasco na jogada de bola parada após o Fernando Miguel fazer uma grande defesa.
Mas como ele consegue isso mesmo com sua parte física não sendo seu grande trunfo?
A resposta passa por entender a sua função em campo, e saber se posicionar, estar no lugar certo, na hora certa, e não correr em vão. Isso não é uma questão de talento, pois em sua primeira sequência no Brasil, o lateral não tinha tais atributos. Isso é uma questão de formação!
Onde estão os grandes laterais do Brasil? Por que a Seleção Brasileira tem tanta dificuldade de achar um dono para a posição do Daniel Alves? Talvez o motivo dos europeus virem buscar os nossos novos talentos logo cedo seja a resposta.
Formado nas divisões de base do Flamengo, e campeão mundial sub-17 com o Brasil em 2003, o já promissor, Léo Matos, foi vendido com 17 anos de idade pro Olympique de Marseille em 2004, e sem ter jogado pela equipe, rodou por Paraná, Figueirense, e Vila Nova, sem deixar saudades.
Sua evolução como jogador começou quando partiu para o modesto Chornomorets da Ucrânia em 2010, onde jogou por 4 temporadas até chamar a atenção do até então milionário Dnipro. Já na Grécia, o lateral virou uma grande referência defensiva, graças a aplicação tática e técnica que adquiriu em sua sequência na Europa.
O lateral precisou do futebol europeu para evoluir seu senso de leitura de jogo, e para entender sua posição, o que fez ele, aos 34 anos de idade, se sair melhor em campo, num time do tamanho e do nível de cobrança do Vasco, do que figuras que chegaram a ser cogitadas em Seleção Brasileira como Pikachu.
O fato é que formamos mal demais nossos jogadores, e isso é frustrante, ver atletas como Alan Carodoso, Nathan, Cayo Tenório, Rafael França e Alexandre Mello, não conseguirem desenvolver todo o talento que já mostraram que tem, pois acabam cometendo erros bobos que comprometem partidas. E o que falar da dupla Vinícius e Talles Magno, que tem dificuldade de finalizar e de se posicionar em campo?
Para dizer que o problema não é só do Vasco, basta lembrar o quanto Vinícius Jr já sofreu no Real Madrid por não saber desacelerar para poder finalizar, o que é básico para um atacante.
Precisamos parar com a visão de que apenas o talento pode qualificar um atleta, pois enquanto esperamos algum clube europeu fazer o trabalho que os brasileiros deveriam fazer, continuamos incinerando muitos jogadores jovens com grande potencial de desenvolvimento.
Bem, já concluído o texto, importante registrar que “Greek Freak Terrorista” é a denominação dada por João Almirante para descrever o jeito explosivo do camisa 3 do Vasco da Gama em campo.
Por: Ramon Vitor