RECORDAR É VIVER
Leandro A. Rodrigues
Na última sexta-feira, dia 08 de janeiro, houve o aniversário de um dos jogos mais espetaculares do Club de Regatas Vasco da Gama. Refiro-me ao jogo válido pela 2ª rodada do Mundial de Clubes, organizado pela FIFA em 2000. A partida ocorreu às 18h15min (horário de Brasília), no Estádio Mário Filho, o Maracanã, e, oficialmente, na ficha técnica, diz que houve 73.000 pagantes.
O Gigante da Colina venceu o todo-poderoso Manchester United, da Inglaterra, por 3 a 1, com dois gols de Romário e um espetacular tento marcado por Edmundo. Nick Butt fez o gol de honra dos britânicos.
Tenho o hábito de rever gols e momentos decisivos de jogos antigos. Trata-se, sem dúvida, de uma fuga do presente conturbado que vivemos, mas, também, é uma forma de reavivar momentos inesquecíveis que tornaram o time de São Januário tão grande no cenário mundial.
Ao rever os melhores momentos daquele jogo, o sentimento que me veio foi de saudade não apenas dos tempos de glória. Senti saudade de quando assistir ao Vasco era um grande prazer. Ver o jogo do Vasco da Gama era uma grande satisfação e alegria. Por ser um jogo de futebol, logicamente, sempre houve três possibilidades de resultado: vitória, empate ou derrota. Afinal, perder faz parte das regras do futebol e da realidade da vida. Todavia, o que mais mexeu comigo foi a lembrança da satisfação de ver o Vasco em campo.
Ainda hoje, acompanhar o VASCO DA GAMA é um ritual necessário. Todos os dias leio as notícias atualizadas do nosso Gigante. Não passo um dia sequer sem estudar alguma coisa sobre o passado do time da VIRADA. Assisto a todos os jogos. Compro livros, objetos, camisas, acessórios e afins para a minha coleção. Mas, infelizmente, há muito tempo não sinto o prazer ou a alegria durante um jogo do cruz-maltino. Há sempre a sensação de angústia. Há sempre o medo do vexame. Há sempre o pressentimento de que alguma coisa vai dar errado no fim e que iremos, infelizmente, sofrer novamente…
Vivi momentos de Glória do Clube. Presenciei grandes títulos: Estaduais (nove), Brasileiros (três), Rio-São Paulo (um), Copa do Brasil (uma), Copa Libertadores (uma), Copa Mercosul (uma) e incontáveis torneios. Tenho encravado, em meu coração e na minha memória, a satisfação de ver o Vasco vencedor. Nada no mundo me fará abandonar
o Vasco. Nada no mundo me fará deixar de vivenciar o cotidiano do Gigante. Não são as derrotas. Não são as dores. Sei o que me move e, por isso, reconheço aquilo que me completa. Mas, ao rever os gols do jogo contra o Manchester United, senti falta da alegria. Não me refiro à alegria da vitória. Refiro-me à alegria de ver um time envolvente em campo. À alegria de presenciar um time competitivo. À alegria de estar no páreo sempre. À alegria de disputar um campeonato com dignidade. Ao contrário do que tem ocorrido ultimamente, quando disputamos cada campeonato, tendo em vista, simplesmente, a sobrevivência.
Sei, por experiência própria, que, nos momentos mais dolorosos, o nosso amor é colocado à prova e, exatamente, em instantes assim, sobressai a nossa fidelidade, o nosso compromisso e a nossa cumplicidade para com o clube. Ouso afirmar que, em momentos assim, o nosso amor fica bem maior.
Tenho certeza de que isso tudo vai passar e que a nossa luz haverá de brilhar novamente. Tenho confiança nisso. Porém, enquanto isso não ocorre, por enquanto, sofro com o presente e vivo a alegria do passado, pois, como diz a música: “Recordar é viver”.
Saudações Vascaínas!