Contratado como primeira aquisição do Vasco na janela do meio do ano, Thiago Mendes chegou com a expectativa de ser um dos pilares do time de Fernando Diniz. O volante foi considerado uma oportunidade de mercado, aprovado por Diniz, Pedrinho e Admar Lopes, e firmado sem custos. No entanto, demorou a engrenar. Foram meses no “fim da fila” até que, na última sexta-feira, contra o Internacional, o jogador finalmente teve sua grande chance — e correspondeu.
Apresentado oficialmente em 17 de julho, Thiago Mendes somava nove jogos pelo clube antes da atuação contra o Inter, seu primeiro início como titular após três meses. E foi justamente na goleada por 5 a 1, em São Januário, que o volante fez seu melhor desempenho, sendo tratado internamente como sua verdadeira “estreia” com a camisa cruz-maltina.
Diniz já conhecia o talento — mas encontrou um Thiago diferente
A admiração de Fernando Diniz por Thiago Mendes vem de longa data. O treinador lembra do volante no São Paulo, quando o talento do jogador chamou atenção de Lille e Lyon, da França. O técnico, porém, destaca que reencontrou um atleta diferente daquele que brilhou no Brasil.
— Ele fez um grande jogo. Conheço o Thiago há muito tempo, mas fiquei anos sem vê-lo jogando. Quando foi para a França, eu achava que ele ia disputar duas Copas do Mundo. Tem muita qualidade técnica. Mas depois passou três anos no Catar… Ele não volta desse período impunemente — disse Diniz.
O diagnóstico do técnico se confirmou na chegada do volante ao Vasco. A comissão identificou que Thiago Mendes estava muito abaixo do restante do elenco em termos físicos. Três temporadas no futebol catari, de intensidade menor, deixaram clara defasagem nos números de força, velocidade e resistência.
Thiago Mendes, do Vasco, antes de partida contra o Internacional — Foto: Matheus Lima/Vasco
Evolução física, conversas internas e uma virada de chave
Apesar da boa postura nos treinos, havia no clube a percepção de que o volante poderia render mais. Reuniões entre o jogador, Diniz, Pedrinho e Felipe reforçaram a necessidade de evolução física. A resposta veio nas semanas seguintes: redução de gordura e peso, aumento de força e velocidade — tudo se aproximou do ideal para seu posicionamento.
A comissão técnica também manejou o atleta com cautela: tentou dar minutos sem risco de lesão, acompanhou a recuperação, e observou uma progressiva adaptação ao ritmo do futebol brasileiro. A atuação contra o Internacional foi o ápice desse ciclo.
O volante se destacou pela pegada no meio-campo e pela qualidade técnica — como no lançamento de trivela que encontrou Andrés Gómez e originou o terceiro gol vascaíno.
Peça que une força e técnica, encaixe que faltava ao Vasco
A diretoria buscava um camisa 5 que combinasse imposição física e boa saída de bola, algo que Tchê Tchê, Jair e Hugo Moura vinham oferecendo de forma parcial. Thiago Mendes, teoricamente, preenchia esse espaço — mas demorou a alcançar o nível exigido.
Agora, sua atuação reacende expectativas:
— Muito bom ter dúvidas assim. O Thiago fez uma partida excelente. Mais um que podemos considerar titular, como os outros — disse Diniz.
Com a semifinal da Copa do Brasil contra o Fluminense se aproximando, o Vasco deseja consolidar um meio-campo mais estável e competitivo. Thiago Mendes deve ganhar nova oportunidade como titular contra o Mirassol, em busca de ritmo, sequência e maior consistência física.
A comissão técnica, a diretoria e até parte da torcida enxergam que a boa atuação contra o Inter pode ter sido o pontapé para, enfim, ver no campo o jogador que o clube imaginou quando fechou sua contratação.
