VASCAÍNO
(Leandro A. Rodrigues)
As lágrimas escorrem com naturalidade.
O peito acelerado traz a emoção.
Os olhos estáticos apreciam a beldade.
É a entrada em campo do meu Vascão.
O mundo se cala aos meus ouvidos.
Nada consegue minha atenção prender.
Espaço! Espaço! Quero meus clamores atendidos.
Vou sentar ansioso e torcer.
Avisos aos leigos que estão comigo:
Cavalheirismos e falas mansas são trancafiadas.
Por que ser agora, da etiqueta amigo?
Por isso o Aprendiz pede trégua às rajadas.
É mister em espaços próprios a solidão.
Em derrota, o silêncio é apropriado.
“Vão lá pedir sinceridade ao coração!” – Amor de Perdição -,
Ele não é obrigado a ser ajuizado.
Na vitória, o sabor é destilado mansamente.
O prazer envolve as entranhas outrora devastadas.
Passo a ser impulso, marinheiro valente,
Bicho irracional, alegria personificada.
Ah, Vasco da Gama, que mistério
Faz-me amar-te com tanta certeza?
Creio que nem mesmo o Império
Amou o herói lusitano com tanta firmeza.
(In: RODRIGUES, Leandro A. Sincretismo Literário. Petrópolis: KBR, 2012, p.123-124)