A Polícia Federal revelou que o sistema de monitoramento ilegal da chamada “Abin Paralela” espionou dezenas de pessoas, incluindo autoridades religiosas e até um ex-candidato à presidência do Club de Regatas Vasco da Gama.
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Entre os alvos da organização, estavam 152 bispos católicos que assinaram um manifesto com duras críticas ao então presidente Jair Bolsonaro, em 2020. A lista com os nomes dos religiosos teria sido elaborada a pedido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), conforme consta no relatório final da PF entregue ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (17).
Foto: Antonio Cruz/Agencia Brasil
“O emprego de recursos humanos, tecnológicos e financeiros da agência se deu em razão de manifesto da Igreja Católica assinado por 152 bispos”, informa o relatório.
O documento citado pelos investigadores é a chamada “Carta dos Bispos”, publicada naquele ano, na qual os religiosos afirmavam que o governo Bolsonaro “não colocava a pessoa humana no centro de suas decisões” e acusavam a gestão de defender “uma economia que mata”, centrada no mercado e no lucro a qualquer preço.
Foto: Divulgação.
Além dos religiosos, o grupo também monitorou Jorge Salgado, candidato à presidência do Vasco da Gama em 2020 pela chapa Mais Vasco, que acabou eleito naquele pleito. De acordo com mensagens apreendidas pela PF, o objetivo era levantar informações comprometedoras sobre o empresário — algo que, no entanto, não teve desdobramentos significativos durante a investigação.
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Segundo o relatório, a Abin Paralela atuava sob comando direto do núcleo central do governo Bolsonaro, com envolvimento direto do então presidente e de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro. A PF aponta que esse núcleo definia os alvos das ações clandestinas e se beneficiava politicamente do esquema.
“Era o centro decisório e o principal destinatário das vantagens ilícitas, como a manutenção no poder e o ataque a adversários políticos”, concluem os investigadores.
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