Admito que fiquei um bom tempo pensando em como começar a contar essa história tão resiliente e inspiradora para qualquer pessoa do mundo. Até que me veio a conclusão que a melhor maneira seria pela forma como cheguei nessa guerreira. Após ver uma postagem no Instagram sobre a trajetória desta atleta, da jornalista Bárbara Coelho, fui pesquisar sobre essa menina capixaba de 23 anos. Não me surpreendi quando descobri que Luiza Fiorese é vascaína, ao olhar as fotos de suas redes sociais.
A história dela se coincide com a do Vasco. Dois gigantes que não desistiram quando impuseram obstáculos e que sempre brigaram pela minoria. Ao entrevistar Luiza, percebi que não é uma torcedora comum, ela vascaína roxa mesmo! Sua trajetória de vida é ainda mais inspiradora e resiliente do que eu esperava!
Foto: Alê Cabral/CPB |
Luiza Fiorese sempre teve o sonho de ser atleta, jogava handball na escola e já se destacava. Acabou tendo um câncer na perna, que não a impediu de virar jogadora. Só que ela se reinventou e virou nome importante na Seleção Brasileira de Vôlei Sentado, tendo sido pré-convocado para a Paralimpíada de Tóquio, que foi adiada. ”O esporte sempre me fez querer ser a melhor, ficar nas cabeças”, disse.
Até chegar ao vôlei sentado, Luiza passou por muitos contratempos. Quando descobriu que tinha câncer, precisou tirar um osso da perna e colocar uma prótese interna. Depois disso, ela ficou internada mais três vezes no hospital por conta de algumas infecções bacterianas em sua prótese.
Vasco em sua vida
Diante de tanta superação na vida – câncer, bactéria na prótese e outros problemas – Luiza não poderia escolhido outro time para torcer, já que o Gigante da Colina tem a resiliência como marca registrada. ”Acho lindo quando eu paro para olhar a história do Vasco, por ter brigado pelas pessoas, o clube em si. Esse é o lema da minha vida. Não ter aceitado quando o câncer tentou tirar o meu sonho e o Vasco não ter aceitado quando impuseram dele não jogar com negros. A resposta histórica! O Vasco acolheu essas pessoas”, disse.
Foto: Reprodução |
Sonho de ir em São Januário
Luiza nunca foi em São Januário, mas afirma que é um dos maiores sonhos de sua vida. ”Me imagino saindo rouca, sem voz, não sei como vai ser. Tenho vontade de conhecer o museu que tem a resposta histórica. Não sei explicar. Só quero que isso aconteça. Só consigo imaginar eu saindo de lá rouca e aproveitando cada momento. Imagino como deve ser a energia de São Januário. Deve ser mágico!”
Número 8
A ligação com o Vasco é muito mais forte do que se imagina! Quando pintou a oportunidade de vestir a camisa 8 da Seleção Brasileira, Luiza pensou no ídolo Juninho Pernambucano como uma de suas inspirações, assim como o jogador de vôlei Lucarelli.
”Eu uso a camisa 8 e é uma coisa significativa para mim. Quando tive a chance de vestir esse número, uma de minhas inspirações foi o Juninho. Ele é uma referência dentro de campo. Modelo de postura e liderança. Um líder nato e levo isso para mim. Outra referência é o Lucarelli do vôlei, que também usa esse número”.
Vasco fora do esporte paralímpico
Luiza ficou muito chateada quando soube que o seu time de coração não investiria mais no esporte paralímpico e não esconde o desejo de um dia defender a cruz de malta.
”Fiquei muito triste, porque sempre bati no peito para falar que meu clube investe no paradesporto. Era um orgulho enorme para mim. Se o Vasco fizer um time, largaria qualquer coisa para jogar no Vasco. Tinha esperança de um dia jogar jogar no Vasco. Quando eu vi a notícia, foi devastador. Me deixou triste, decepcionada. Queria muito que o Vasco voltasse. Decepção grande porque eu queria jogar no Vasco”.