Clube faz mosaico na social de São Januário em homenagem a data
Em um dia como hoje (07/04) no de 1924, o presidente Cruz-maltino José Augusto Prestes, enviava para a AMEA a Resposta Histórica. Nela, o Vasco abdicava do seu direito de participar da nova liga por não aceitar a condição de excluir 12 atletas do clube. Naquele ano, o Gigante da Colina era o atual Campeão Carioca (na época, o principal campeonato do Brasil).
Camisas Negras que guardo na memória.
97 anos.#RespostaHistorica #VascoDaGama pic.twitter.com/EU4VbH9IPl
— Vasco da Gama (@VascodaGama) April 7, 2021
Nesse sentido, um dos critérios para a exclusão, baseava-se no analfabetismo e nas condições e natureza das profissões desses jogadores. Além disso, “curiosamente” TODOS OS 12 ATLETAS vascaínos eram negros ou brancos de origem humilde.
Diante disso, o presidente Prestes informou no ofício que o Vasco estava desistindo de participar da nova associação, pois não concordava com essas determinações. No entanto, esse fato fez com que o Cruzmaltino disputasse uma liga alternativa.
Posteriormente, esse ato seria considerado histórico, o documento se tornou um marco contra o racismo e a discriminação social no futebol brasileiro.
Confira na íntegra a Resposta Histórica:
Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.
Officio No 261
Exmo. Snr. Dr. Arnaldo Guinle, M. D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.
As resoluções divulgadas hoje pela Imprensa, tomadas em reunião de hontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, collocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada, nem pelas defficiencias do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa séde, nem pela condição modesta de grande numero dos nossos associados.
Os previlegios concedidos aos cinco clubs fundadores da A.M.E.A., e a forma porque será exercido o direito de discussão a voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto á condição de eliminarmos doze dos nossos jogadores das nossas equipes, resolveu por unanimidade a Directoria do C.R. Vasco da Gama não a dever acceitar, por não se conformar com o processo porque foi feita a investigação das posições sociaes desses nossos consocios, investigação levada a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um acto pouco digno da nossa parte, sacrificar ao desejo de fazer parte da A.M.E.A., alguns dos que luctaram para que tivessemos entre outras victorias, a do Campeonato de Foot-Ball da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias.
Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da A.M.E.A.
Queira V. Exa. acceitar os protestos da maior consideração estima de quem tem a honra de subscrever
De V. Exa. Atto Vnr., Obrigado.
José Augusto Prestes
Presidente”