O último título marcante do Vasco da Gama, a Copa do Brasil de 211, tem assinatura de Eder Luís. O jogador é considerado por muitos vascaínos como ídolo do clube, sendo o autor do gol da conquista. Com o apelido de Chico Bento, carinhosamente dado pela torcida, é curioso que desde que parou de atuar profissionalmente, o ex-jogador tornou-se agricultor em Uberlândia, no interior de Minas Gerais, onde vive com a família.
Diferente da maiorias dos jogadores de futebol da atualidade, que continuam na mídia mesmo após a aposentadoria, Éder decidiu levar sua vida de forma bem mais pacata. O ex-jogador comprou a propriedade rural no Triângulo Mineiro em 2010. Como ainda era atleta profissional, precisava contratar alguém de confiança para administrar a fazenda. As coisas mudaram quando ele parou de jogar na metade de 2020 e decidiu trabalhar na área.
– Hoje estou na área de agricultura, mexo com lavoura. Isso vem de família, meu pai é agricultor. E eu vou para lida: se tiver que catar toco, dirigir trator, faço tudo. Já tirei leite também, mas hoje já não tiro. Mas assim, eu sei fazer as coisas da roça. Hoje meu trabalho é esse. Na roça, o celular lá quase não pega e quando você está fazendo as coisas, você fica entretido. Em certo ponto é bom, porque você vai ocupando a cabeça. Mas por outro lado você trabalha bastante. Jogar bola é mais fácil.
Eder Luís foi criado junto com os pais na tranquila Almeida Campos, distrito da cidade Nova Ponte, onde tomou gosto pela vida na roça:
– Eu só nasci mesmo em Uberaba, mas fui criado em Almeida Campos, que é uma comunidade rural pequenininha. Minha infância foi ali até os quinze anos. Tive uma infância muito boa, proveitosa. Lá tinha um campinho de terra e uma quadra. Era muito legal, sempre tinha joguinho lá todo fim de tarde e final de semana.
Ao relembrar de sua trajetória no futebol profissional, o ex-atacante não titubeou para eleger o melhor treinador com quem trabalhou junto:
– O Jorge Jesus é diferenciado. A metodologia dele é interessante. Fiquei só seis meses trabalhando com ele, mas para mim foi melhor treinador que tive, disparado. Teve um jogo que o time estava goleando e tomou um gol. No outro dia, ele fez uma palestra e não falou dos nossos gols, ele só falou do gol que a gente tomou
Foi no segundo semestre de 2010 que Eder Luís chegou ao Vasco da Gama para cravar seu nome na história. Junto de jogadores como Diego Souza, Dedé e Fernando Prass, ficaram marcados pela conquista da Copa do Brasil e estão gravados na mente do torcedor como o histórico “Trem-Bala da Colina”. Ele contou que Jorge Jesus lhe ligava diversas vezes pedindo sua volta:
– O Jorge Jesus me ligou algumas vezes para eu voltar. O Saviola ia sair e ele queria que eu voltasse para o lugar dele. Mas eu já estava super bem no Vasco, minha família adaptada ao Rio de Janeiro, aí eu fiquei. Eu acho que se eu tivesse pego uma temporada de início lá [no Benfica], talvez eu tivesse uma carreira um pouco melhor na Europa”
A aposentadoria de Eder luís, entretanto, foi um pouco quanto inesperada. Ele mesmo diz quer custou para assimilar que havia pendurado as chuteiras. O último clube do jogador foi o Uberlândia em 2020. Eder Luis disputou três partidas com a camisa do Verdão no complemento do Campeonato Mineiro daquele ano, que foi finalizado após mais de quatro meses paralisado por causa da pandemia;
– É uma das maiores chateações que eu tive. Porque quando eu cheguei no Uberlândia, eu ainda tinha condição de jogar. Mas os dirigentes falaram que eu não encaixava no projeto. Aí eu decidi parar… foi uma aposentadoria por chateação. Até hoje se eu for em um estádio em um jogo bom, eu ainda sofro, porque aquilo lá parece que mexe. O jogador de futebol, na cabeça dele, parece que nunca aposenta. Só vai realmente aposentar quando ele morrer. É o que eu vejo.
Eder Luis revelou que foi complicado lidar com a decisão de parar de jogar e que demorou entender e aceitar a aposentadoria.
– No primeiro ano é realmente muito difícil e você não aceita. Eu fiquei remoendo aquele negócio do Uberlândia, fiquei mal, não queria nem ver jogo. No segundo ano, eu via que tinha condições ainda [de jogar], estava treinando com um personal, eu tinha muita força ainda e falei: cara, como é que eu não estou jogando ainda? E eu ficava alimentando aquele “trem”.
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