Na última semana, Vasco, Flamengo e Fluminense protagonizaram uma briga pelo direito de jogar no Maracanã e participar da licitação do estádio. O Vasco, que pretende fazer uma proposta para administrar o estádio, enfrenta forte represália da dupla Fla-Flu, que é contra os planos do Cruzmaltino.
Em abril de 2019, Flamengo e Fluminense assinaram um acordo de cessão temporária para administrar o Maracanã, enquanto o novo edital, que serviria para licitar o estádio, não era feito. 1.500 dias após o ocorrido, a dupla Fla-Flu continua controlando o estádio por meio de TPUs (Termo de Permissão de Uso), que cede o estádio por tempo curto (180 dias) e de forma limitada. Por ser temporário, o TPU prevê apenas investimentos mínimos de conservação e uso do estádio, diferente da licitação, que permite grandes investimentos.
Nesse período, foram nove TPUs assinados para a dupla Fla-Flu, os últimos oito ocorrendo por renovação automática. Em nenhum deles houve concorrência pública, algo recomendado pelo Tribunal de Contas do Estado. O Governo do Estado foi procurado mas não prestou esclarecimentos detalhados sobre as renovações automáticas e constantes para a dupla, e apenas se limitou em responder que “seria contraproducente realizar uma licitação em cima de outra licitação”. O custo do TPU para Flamengo e Fluminense é de 199 mil reais fixos por mês. Na licitação, esse valor subirá para 416 mil reais mensais. Caso esses valores já estivessem valendo nos 48 meses de TPU prorrogados para a dupla, o Governo do Estado teria lucrado cerca de 10 milhões de reais a mais.
Em abril de 2021, o Vasco começou a demonstrar interesse na gestão do Maracanã, o que vai totalmente contra a declaração do presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, que disse que o Cruzmaltino só procurou administrar o Maracanã após a chegada da SAF. Na época, o TPU venceria em Abril daquele ano e, obviamente, foi renovado para a dupla Fla-Flu. Dessa forma, foram cinco renovações automáticas sem concorrência, ou seja, sem a chance do Vasco sequer apresentar uma proposta.
O Vasco agora é administrado pela 777 Partners, que deixou claro o desejo de aumentar a renda com bilheteria em dias de jogos. São Januário é um estádio que suporta cerca de 20 mil pessoas, o que não é o suficiente para aguentar a demanda que a torcida vascaína vem proporcionando nos últimos anos. A fim de comparação, O Flamengo conseguiu 150 milhões de reais de renda em 2022 jogando no Maracanã, enquanto o Vasco apenas 30 milhões de reais. Apesar de querer explorar o potencial comercial do Maracanã através de shows e eventos, a 777 Partners deixou claro que a prioridade seria o futebol e traria duas das maiores referências em manutenção de estádios no mundo, a WTorre e a Legends. Por ter estádio próprio, diferente dos rivais, o Vasco não jogaria todas as partidas no estádio, não interferindo no uso da dupla Fla-Flu.
A proposta do Vasco era de jogar apenas 15 partidas por ano no Maracanã, enquanto Flamengo jogaria 35 e Fluminense 20. Um acordo se desenhou com a diretoria flamenguista, mas nunca esteve próximo de ocorrer com os tricolores. Dessa forma, Vasco, Flamengo e Fluminense travam uma guerra jurídica sobre o assunto. Na última semana, o Vasco precisou entrar na justiça para garantir seu direito de jogar no Maracanã, conseguindo mandar a partida contra o Palmeiras no estádio devido ao artigo contido no contrato de TPU que diz: “fica vedado… favorecimento a uma ou mais de uma agremiação clube… por meio de oferta de utilização exclusiva ou preferencial do Complexo, em especial, do Estádio Jornalista Mário Filho.” Ou seja, qualquer equipe que queira jogar no Maracanã, desde que não tenha conflito de datas com os jogos da dupla, pode realizar a partida.
O Vasco questiona a paralisação da licitação, que foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado dois dias após o Vasco manifestar interesse na disputa, anunciando a parceria com a WTorre e a Legends. A briga entre os clubes segue, e não tem previsão de término, prometendo ser uma novela que vai se alongar por bastante tempo.
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