Depois da demissão do treinador Ramón Diaz após a derrota vexatória para o Criciúma em casa, por 4×0, o Vasco da Gama finalmente tem um novo comandante. Trata-se de Álvaro Pacheco, treinador português que estava no comando do Vitória de Guimarães, de Portugal e fez um ótimo trabalho frente ao clube, terminando em quinto na liga portuguesa.
Para conhecer mais o técnico, o ge recorreu a dois jornalistas que acompanharam a carreira de Álvaro Pacheco desde o início. Ambos destacaram a personalidade do português, a quem se referiram como um “treinador do povo” e que forma equipes ofensivas.
– Ele é o treinador do povo. É adequado para clubes que tenham uma grande torcida apaixonada, mas que exijam essa proximidade. Aquele clube do povão mesmo, que enche o estádio, que precisa que o treinador bata no peito, mexa os braços, que corra pela linha lateral. O Álvaro Pacheco pode ser tudo isso. Vive o jogo de forma muito apaixonada. A relação dele com os jogadores é muito forte — disse Carlos Rodrigues, jornalista do SportTV, de Portugal.
Álvaro, aparentemente, adota um estilo de gestão de grupo “paizão”, tendo um contato muito próximo com seus atletas e trabalhando muito no lado motivacional dos jogadores:
– Ele tem uma relação muito positiva também. Como alguém que é muito “pai” dos jogadores, que se envolve muito com eles. Sempre tenta desenvolver essa amizade e valorizar as lideranças dentro do seu grupo. Ele chegou ao Guimarães durante a temporada. No primeiro jogo, ele estava no clube há poucos dias e, após a vitória, uma série de jogadores foi abraçar ele. Isso mostra logo como os atletas conquistam o discurso, com a paixão, com a forma como tenta conduzir as equipes. Ele trabalha muito em cima disso, muito em cima da questão motivacional. — disse Luís Cristóvão, comentarista na Antena 1, SIC Notícias e DAZN/ELEVEN Portugal.
A identificação do treinador com os torcedores também se mostrou enorme conforme o tempo. É normal, inclusive, ver torcedores do Vizela e Vitória, ambas equipes de Portugal onde Álvaro fez bom trabalho, usarem boina e barba em homenagem ao treinador:
– O grande boom do Álvaro Pacheco como treinador é no Vizela. Ele pega o clube na terceira divisão em Portugal e sobe para a primeira divisão. Fez com que o Vizela, um clube de uma cidade pequena, subisse duas vezes em dois anos. Isso é o que o traz para o sucesso, um bocadinho também ligado a um discurso. Ele tem um discurso muito apaixonado, muito próximo do povo, e isso são características muito pessoais dele — analisou o jornalista Carlos Rodrigues.
Mas dentro de campo, Álvaro tem diversas nuances importantes. O estilo de jogo do treinador é descrito como ofensivo e corajoso, sempre com três zagueiros, à princípio. Alternava entre um 3-4-3 e um 3-5-2. No Vizela e no Estoril, a formação mais utilizada foi uma linha de quatro na defesa, em um esquema com 4-3-3 e outro com 4-2-3-1 — os quatro esquemas mais usados pelo Vasco em 2024.
– As equipes dele jogam por norma um futebol corajoso. Ele conseguiu a manutenção do Vizela, mas com uma capacidade de colocar problemas aos grandes candidatos ao título em Portugal, falamos do Benfica, do Porto e do Sporting, sobretudo, com a equipe a jogar bem.
O ponto negativo? A quantidade de gols sofridos pelas suas equipes nas retas finais de jogos, um problema que se mostra crônico também no Vasco. Mas isso parece ter sido resolvido no Vitória:
– As equipes dele tiveram, tanto no Vizela como no Estoril, havia ali um estigma que ficou um pouco colado inicialmente ao Álvaro Pacheco, que era o fato de muitas vezes sofrer gols nos acréscimos. As pessoas questionavam um pouco porque as equipes dele perdiam tantos pontos depois do minuto 90, mas esse é um dado que ele conseguiu mudar depois de chegar ao Vitória.
LEIA MAIS SOBRE ÁLVARO PACHECO (ENTREVISTA DO GE):
Luís Cristóvão, comentarista na Antena 1, SIC Notícias e DAZN/ELEVEN Portugal.
“O Álvaro Pacheco tem uma imagem muito positiva aqui em Portugal. É um treinador que não tem muitos anos na primeira divisão. Ele trouxe o Vizela desde o fundo, na terceira liga portuguesa até a primeira. Sempre com uma pessoa muito positiva, criando ali à volta dele, não só à volta da sua imagem, mas à volta da sua personalidade, uma grande força midiática que transportou o Vizela para esse crescimento, que sempre foi sustentada também na sua forma de jogar.
Importante que os dois bons trabalhos que ele conseguiu em Portugal, no Vizela e no Vitória, são ambos em clubes do Minho — portanto, da zona onde ele vive, onde ele cresceu. Quando saiu desse contexto, no Estoril, teve mais dificuldades. Ou seja, vai depender de como a sua personalidade deve se adaptar ao contexto brasileiro e ao Vasco”, disse o comentarista.
Carlos Rodrigues, da SportTV
“Esta temporada ele acabou por ser demitido do Estoril muito cedo e agarrou este projeto no Vitória que foi a cara dele, podemos dizer assim. Ele encontrou um público que é completamente louco pelo clube, uma cidade muito apaixonada por futebol, e ele soube potenciar tudo isso. Pôs o time a jogar de forma corajosa, venceu o Sporting, que foi campeão e só teve duas derrotas — uma delas foi com o Vitória treinado pelo Álvaro Pacheco. Venceu o Porto num jogo no Estádio do Dragão, o que é nada normal na história do confronto. Empatou com o Benfica, empatou com o Braga no primeiro turno. Esta semana, curiosamente, perdeu para o Braga, com um gol depois do minuto 90, que é um “bocadinho” essa característica que pode se apontar como mais negativa do trabalho dele, mas ele tenta pôr as equipes a jogar ao ataque e com um discurso próximo dos torcedores e jornalistas.
A relação dele com a direção do Vitória esfriou muito e não ficou nada boa, pelo que parece, desde que ele foi a Lisboa se reunir com o Cuiabá. Ele rejeitou o projeto do Cuiabá porque queria ficar até acabar a temporada em Portugal. Desde então ficou praticamente certo que ele iria abandonar o Vitória no final da temporada e agora, pelo que se diz, para rumar ao Vasco”, analisou.
+ Rafael Paiva elogia postura do Vasco e ressalta: “Próximo treinador já pega uma equipe muito madura”
+ Siga as redes sociais do Papo na Colina: Twitter, Facebook, Instagram, Youtube, Tiktok e Google News