Conheça a história olímpica do clube de origem portuguesa que conquistou mais medalhas que Portugal ao longo da história e enviou mais de 150 atletas para os Jogos Olímpicos
Esta matéria e pesquisa visa dar voz aos mais de 150 atletas vascaínos (pesquisas anteriores falavam em 126 atletas, porém este trabalho conseguiu resgatar vários nomes que estavam apagados na história) que disputaram os Jogos Olímpicos entre as edições de 1920 em Antuérpia até os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 (que está ocorrendo em 2021 devido à pandemia). O Vasco tem uma história centenária nos Jogos Olímpicos que precisa ser valorizada. O clube não enviou atletas aos Jogos Olímpicos apenas nas edições de 1924, 1928, 1966 e 1992, além das edições anteriores a 1920 quando o Brasil ainda não participava dos Jogos Olímpicos.
O Vasco é tão importante para história do esporte mundial, que o clube se fosse um país teria mais medalhas que países como Colômbia (5 medalhas de ouro e 27 no geral ao longo da história), Uruguai (2 medalhas de ouro e 10 medalhas no geral) e Portugal (4 medalhas de ouro e 24 medalhas no geral). Em números gerais, o Vasco tem mais medalhas que a Índia ao longo da história (28). São 7 medalhas de ouro e 36 medalhas no quadro geral para o “país Vasco”.
1º atleta do Vasco a disputar os Jogos Olímpicos: Angelo Gammaro.
O primeiro atleta do Vasco a competir nas olímpiadas foi Angelo Gammaro, o Angelú, em 1920. Na época, competiu em duas modalidades: natação e polo aquático. No polo aquático, o atleta chegou até às quartas-de-final com a seleção brasileira, sendo derrotado por 7 a 3 para Suécia. Outro atleta que ficou próximo de ir para às olímpiadas foi o remador Claudionor Provenzano, um dos maiores nomes do Remo na história do Vasco, o atleta ficou doente antes da competição. Claudionor Provenzano mais tarde disputou os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1932.
Outro nomes conhecidos dos vascaínos estiveram nesta edição, apesar de não estarem no clube em 1920, segundo os documentos históricos encontrados. Trata-se de João Jorio e Ernesto Flores Filho, ambos participantes do primeiro título da história do Vasco no Remo: o Campeonato Estadual de 1905.
Nos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928, o Vasco não teve nenhum representante. Em 1924, o chefe da delegação Américo Netto não quis levar nenhum atleta do Rio de Janeiro por conta da falta de apoio da CBD, foram apenas 3 atletas por conta própria, mas sem qualquer vínculo com o Vasco. Em 1928, o Brasil não teve representantes por conta da crise econômica que assolava o país.
Em 1932, o Brasil ainda sofria com as consequências da Crise de 1929 e a Revolução Constitucionalista que atingia São Paulo. Sem recursos, a delegação brasileira teve que viajar num cargueiro, o Itaquicé, ao lado de 55 mil sacas de café e vendendo estas ao longo do caminho. Enquanto isso, o Comitê Olímpico Nacional bancava a viagem de dirigentes e seus familiares. No final das contas, apenas 66 atletas dos 82 que viajaram conseguiram competir. E a situação poderia ser pior se não fosse o Vasco, que fez campanha de arrecadação de fundos para os atletas.
Nas Olímpiadas de 1932, o Vasco enviou alguns atletas de renome, como o campeão sul-americano Vasco de Carvalho, que além de atleta era diretor de remo do clube, o timoneiro Amaro Miranda, o campeão sul-americano e onze vezes campeão brasileiro Claudionor Provenzano. o campeão sul-americano e brasileiro Francisco Carlos de Bricio, o tetracampeão brasileiro Joaquim Faria. Outros nomes do remo também participaram, como José Pichler, José Rodrigues Mó e Adamor Pinho. No atletismo, destaque para José Xavier, que disputou os 100 metros rasos. Na mesma prova, o Vasco ainda teve Mário de Araújo. O atleta Esmeraldo Ferreira (atletismo) chegou a viajar para Los Angeles, mas não chegou a competir. No Polo Aquático, o Vasco enviou o campeão brasileiro Luiz Henrique da Silva, o “Pernambucano”, que foi eliminado dos jogos após agredir o árbitro na partida contra Alemanha.
O Vasco também teve uma importância ímpar na preparação de alguns atletas, que antes dos jogos ficaram concentrados e treinaram em São Januário, que era o maior estádio do país na época. O estádio de São Januário também serviu de preparação para os atletas olímpicos argentinos.
A Olímpiada de 1936 em Berlim ficou marcada pelo atleta que calou Adolf Hitler e que virou um símbolo contra o racismo: Jesse Owens, levou 4 medalhas de ouro naqueles Jogos Olímpicos e entrou na história do esporte mundial. E onde entra o Vasco na história? O clube que combateu o racismo no Brasil não poderia ficar de fora deste momento histórico. Nesta edição, o clube enviou para Berlim o atleta Antônio Damaso de Carvalho, que morava debaixo da arquibancada de São Januário e conviveu com o atleta americano durante os Jogos Olímpicos de Berlim. Treinando nas antigas pistas olímpicas do estádio de São Januário, Antônio disputou os Jogos da Exposição Pan-Americana de Dallas em 1937, que para alguns historiadores teria sido o primeiro Pan-Americano da história. Damasso foi o último atleta brasileiro a falecer que disputou este torneio e contou a Folha de São Paulo em 2007 sobre o racismo que os atletas brasileiros sofreram nos EUA, que na época não permitia que pessoas negras sentassem nos primeiros bancos das conduções:
“”Na minha cabeça, não entendia aquela besteira, éramos uma equipe e andávamos todos juntos. Não podia deixar os meus companheiros de time em outro lugar apenas por causa da sua pele”, conta Antônio.
Outros atletas vascaínos que disputaram os Jogos Olímpicos de Berlim:
Dalmo de Oliveira Teixeira: Foi atleta velocista do Vasco da Gama e campeão carioca de salto em distância em 1935. Sua participação nos Jogos Olímpicos de 1936 envolve a polêmica que marcou a representação brasileira, que chegou a Berlim com duas delegações: uma encabeçada pela CBD, que não foi reconhecida pelo COI (COB), e a outra liderada pelo COB. Às vésperas do início dos Jogos, os atletas da CBD foram incorporados à delegação do COB e, por essa razão, em muitos documentos não consta o nome de Dalmo. Participou da prova de salto em distância.
Oswaldo Ignácio Domingues: Atleta velocista do Vasco da Gama. Disputou a prova eliminatória de 100 metros rasos, mas devido sua eliminação precoce, decidiu focar nos estudos. Oswaldo passou pela mesma polêmica que Dalmo, recebendo reconhecimento de participação apenas em 2006.
Adamor Pinho Gonçalves: Era remador.
Frederico Guilherme Tadewald: Foi campeão sul-americano e brasileiro, disputou as Olimpíadas como remador.