A briga pelo Maracanã parece estar cada vez mais longe do fim. Após o Vasco da Gama se pronunciar e tratar a decisão judicial de derrubar a liminar como “inédita e absurda”, o Fluminense divulgou uma nota oficial repudiando a postura vascaína:
– O Fluminense FC repudia a ação despropositada e lesiva da agremiação cruzmaltina de tentar, pela via judicial, mandar um jogo no Maracanã, mesmo diante da inviabilidade de se organizar o estádio, com segurança e cuidados necessários, em um intervalo de menos de 12 horas, na madrugada, entre o fechamento e abertura dos portões das partidas das duas equipes – escreveu o clube
Apesar da decisão do desembargador André Luiz Cidra ter apontado que “a preservação do campo de futebol onde as partidas são realizadas constitui atividade imprescindível” como motivo para a veto, o Fluminense utiliza do argumento de que a questão da segurança é ponto primordial para uma negativa ao Vasco sobre o uso do Maracanã.
O tricolor também afirmou que o uso intensivo do Maracanã impactaria tanto no Fluminense, quanto no Flamengo, que utilizam o estádio público para mandar seus jogos. Também ressalta que “há outros estádios no Estado – e mesmo no Município – do Rio de Janeiro em melhores condições de sediar a partida de domingo, seja sob o aspecto técnico ou de segurança”.
Confira o texto na íntegra:
“Em resposta à Nota Oficial do Vasco da Gama SAF, o Fluminense FC repudia a ação despropositada e lesiva da agremiação cruzmaltina de tentar, pela via judicial, mandar um jogo no Maracanã, mesmo diante da inviabilidade de se organizar o estádio, com segurança e cuidados necessários, em um intervalo de menos de 12 horas, na madrugada, entre o fechamento e abertura dos portões das partidas das duas equipes.
A falta de segurança, aliás, foi o que motivou o Ministerio Público do Rio de Janeiro a requerer e o Poder Judiciário a determinar a interdição do Estádio de São Januário para a realização de partidas com a presença de público, risco que a administração do Maracanã não pode correr por mero capricho do Vasco.
Ao contrário do que o clube rival faz parecer, há outros estádios no Estado – e mesmo no Município – do Rio de Janeiro em melhores condições de sediar a partida de domingo, seja sob o aspecto técnico ou de segurança.
São evidentes, ainda, os impactos negativos que o uso intensivo do gramado traria a Fluminense e Flamengo, que disputam, neste momento, partidas importantíssimas em competições de mata-mata. Desprezar os prejuízos desportivos a serem suportados pelos dois clubes responsáveis pela gestão do Maracanã em benefício exclusivo dos interesses comerciais de uma única agremiação é, em tudo, uma atitude que não deveria ter lugar na relação entre entidades co-irmãs.
Fechar os olhos para os prejuízos causados aos outros clubes e ao gramado do Maracanã – que ultrapassam o aspecto financeiro, gerando o risco concreto de sanções desportivas graves – não é compatível com a ideia de uma postura verdadeiramente profissional e empática.
O Maracanã é um bem público sob permissão de uso de dois clubes, que são responsáveis pelo equipamento e sua manutenção, e que pode e deve estar à disposição dos demais, desde que haja disponibilidade de calendário e viabilidade técnica, o que inclui seguir criteriosamente as recomendações dos agrônomos responsáveis pelo tratamento do gramado.
Tanto agora quanto em suas empreitadas anteriores na justiça comum, o Vasco foi incapaz de produzir um único documento técnico capaz de demonstrar que a pretendida realização da partida no Maracanã não causa danos ao gramado. Por outro lado, contrastando com a retórica inflamada adotada pelo Vasco em seus posicionamentos oficiais e manifestações em âmbito judicial, a administração do Maracanã busca debater a questão em termos estritamente técnicos, tendo apresentado elementos que comprovam inquestionavelmente os potenciais prejuízos ao gramado do estádio.
A essa altura dos acontecimentos, torna-se mais do que evidente que o estratagema adotado pelo Vasco para alcançar seus interesses passa por reiteradas tentativas de constranger os órgãos e instituições que, por dever funcional, se manifestaram sobre a controvérsia, incluindo o Governo do Estado, o Ministério Público e até mesmo o Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.
O interesse público não pode estar à mercê dos interesses comerciais de um único clube ou de seus dirigentes.”
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