Dirigentes querem participar mais do processo de venda do Vasco com a 777
A negociação entre a 777 Partners e o Vasco está prestes a ser concluída para ser votada pelos conselheiros e sócios do clube. Um grupo de seis vice-presidentes da atual gestão, enviou uma carta ao presidente Jorge Salgado, com questionamentos e cobrando uma maior participação e transparência no processo de venda da SAF do Vasco.
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O documento, que foi publicado primeiramente pelo Uol, é assinado por Fábio Nogueira (VP de Patrimônio), Marcel Kaskus (VP de Esportes Olímpicos e Paralímpicos e membro do Comitê Consultivo do Futebol), Vítor Roma (VP de Marketing), Maurício Corrêa (VPde Relações Públicas), Horácio Júnior (VP de Responsabilidade Social e História), Rafael Cobo (VP Médico), além do conselheiro Luís Aragão. Todos aliados de Jorge Salgado.
Confira a carta na integra
De: Vítor Roma, Horácio Júnior, Fábio Nogueira, Marcel Kaskus, Maurício Corrêa, Rafael Cobo e Luís Aragão
Para: Presidente Jorge Salgado
Reflexões sobre o momento do Vasco
A aprovação da SAF é um dos movimentos mais importantes da história do clube, e será lembrada eternamente, tanto pelos seus benefícios quanto pelas suas falhas. Cabe a nós, dirigentes do clube, tomarmos os cuidados necessários para que o clube com a história mais importante de todo o futebol brasileiro seja capaz de escrever mais um capítulo glorioso de sua trajetória.
Desde o princípio das negociações com a 777 Partners, alertamos sobre a necessidade de maior envolvimento dos Vice-Presidentes, sobretudo em negociações que envolvam suas áreas.
Na reunião com o líder do projeto pela KPMG, realizada na última sexta feira em São Januário, ficou claro que negociações-chave transcorreram por meses sem que os VPs tenham tido ciência ou participação nelas, o que torna a posição do clube frágil e arriscada em um processo tão vital para sua história. Entendemos que a empresa contratada está avançando sua atuação sobre competências que não são dela, sem envolvimento das áreas envolvidas e sem conhecimento dos assuntos que discutem.
As promessas de inclusão dos VPs em momento oportuno nunca se concretizaram, o que se converte em risco para as negociações, que precisam ser conduzidas de maneira eficiente, sob pena de resultar em acordos ruins e potencialmente questionados pelos sócios na Assembleia Geral.
Estes sócios, diga-se, não encontram, no atual estágio das negociações, garantias acerca de seus direitos adquiridos. E eles não são importantes apenas na aprovação da SAF na AGE: são também a principal fonte de receita do clube social a partir da aprovação do acordo com a 777. Falhar com eles significa falhar com o Vasco, com sua história e com o seu futuro, dado o risco real de insolvência, caso os sócios estatutários se afastem do clube.
Reiteramos que uma história de 120 anos não pode ser manchada por erros na condução das negociações. E o sucesso das negociações não é um fruto do acaso, mas do trabalho e do zelo. Por isso, torna-se espantoso que as negociações não levem em consideração o resultado da consultoria que contratamos junto à EY, com a qual o clube gastou quase R$ 200 mil, com o objetivo de propor ideias de carve-out. Se a KPMG se debruça sobre o tema há meses, a consultoria perde o sentido. Sobre esse tema, este grupo de VPs encontra imensa dificuldade de acessar informações fundamentais para o processo de carve-out que se encontra em curso; como folha, receita, custos estimados, investimentos, entre outros. Se os Vice-Presidentes do clube não são envolvidos em temas tão sensíveis para suas áreas, o clube perde força em sua capacidade de fechar um bom deal.
Diante do exposto requeremos que o processo, tão decisivo para o clube, seja transparente e tenha participação de forma direta e efetiva na negociação e validação das seguintes questões:
– Licenciamento de marca
– Vasco Academy
– Direitos adquiridos dos sócios estatutários e receitas de associação
– Legado histórico e exploração dos programas envolvidos (tour, espaço experiencia)
– Colégio Vasco da Gama
– Uso de áreas compartilhadas do clube (esportes além do futebol, instalações físicas)
– Uso compartilhado de áreas meio (marketing, relações públicas, financeiro, jurídico, secretaria)
– Contrato com fornecedor de material esportivo
É fundamental esclarecer que todos somos entusiastas da SAF e, sem exceção, atuantes no apoio operacional e político ao seu processo de aprovação. Tal entusiasmo se materializa no objetivo de garantir o sucesso das negociações, com impactos positivos para o futuro do clube.
Preocupados com o resultado do processo, constatamos que a condução das negociações por um grupo muito restrito, sob a justificativa do risco de vazamento de informações sensíveis, levou a um debate empobrecido, arriscado e improdutivo.
Ainda há tempo para correções de rumos. Mas o momento é agora.