Aprendi que política é fazer sua narrativa ter mais ouvintes
Eu gosto de estudar política porque, embora muitas pessoas não acreditem, ela nos guia em pequenas ações do dia a dia. Política é, literalmente, poder, se abdicarmos do poder que temos, alguém o toma. No entanto, quando esse poder está relacionado ao clube que amamos, como isso nos afeta?
Quero falar sobre a política no Vasco e como o poder mexe com a paixão de, aproximadamente, 20 milhões de torcedores espalhados pelo Brasil.
Vivemos em um momento de nervos à flor da pele, a polarização política entre conservadorismo e progressismo está elevadíssima e, se pudéssemos transpor isso para o jogo político vascaíno, seria fácil enxergar uma linha.
Desde a mudança do século, ou seja, há aproximadamente 20 anos, vemos um leve, porém constante, derretimento de um dos maiores clubes do país. O Vasco foi campeão sulamericano e brasileiro por duas vezes num espaço de 3 anos. A era de ouro do time poderia ter significado o início de uma dinastia, um longo reinado como principal clube brasileiro, mas, as duas décadas seguintes aos títulos tiveram como saldo um torneio nacional e três rebaixamentos. O que aconteceu?
Política. O grupo diretor do Vasco, entidade quase oligárquica, concentrou as decisões entre pequenos grupos. O resultado foi criação de um sistema que se auto protege e cria narrativas para defender as próprias ações.
Uma soma de decisões erradas e controle total de processos eleitorais, tanto quanto duvidosos, mantiveram o clube bloqueado, até em redes sociais, de forma que não apenas deixamos de ser um time simpático, mas passamos a ser até odiados, ou pior, motivo de chacota. Temos uma herança que necessitará de outra década para ser superada.
O momento mais marcante de todos esses anos é, sem dúvida, a eleição de janeiro de 2018 quando forças, até então adversárias, se uniram para impedir que a vontade dos sócios fosse respeitada. Em mais de 100 anos, nunca uma transgressão nesse nível havia constado na história cruz-maltina.
Tal momento, então, abre um precedente sem tamanho para que todo tipo de aberração política aconteça. Entretanto, é importante que se faça justiça. Não se pode reescrever a história para proteger os mesmos indivíduos. Principalmente no verdadeiro clube do povo, nascido da pequena África e residente de São Cristóvão.
É preciso renovar.
O quadro social de aproximadamente 9 mil sócios têm a oportunidade, de forma direta, de tornar real essa vontade. E ainda há opções.
Existem duas chapas que, a sua própria maneira, mostram serem capazes de realizar a transformação que é necessária para o Vasco. Não deve ser difícil saber de quem estou falando, mas entenda, não é possível transformar um clube se ainda elegemos os mesmos grupos de sempre.
A dúvida fica sobre como se dará essa renovação: de forma gradual, com uma certa pacificação, ou com uma ruptura total e imediata. Minha ideologia sempre foi de que o ideal seria uma ruptura total, mas de forma realista, acho que isso tenha mais chances de acontecer de forma pacífica.
Qual dará mais certo? Seria leviano da minha parte dizer isso com certeza, mas ambas tem boas chances. É triste dizer isso, mas acredito serem as duas únicas alternativas reais que temos. As outra opções levam ao mesmo caminho de um fim lento ou até imediato, na perspectiva financeira.
Por fim, espero que o ambiente político criado, que lembram as eleições presidenciais de 2018, seja superado e que essas táticas sejam sepultadas. Vejo a mesma estratégia usada para chegar à presidência da república ser repetida no meu clube do coração e detestaria que isso fosse concretizado.
Farei o que estiver ao meu alcance para que a informação correta seja levada até o torcedor. Precisamos questionar tudo que é dito, a todo momento.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha programática e ideológica do Papo na Colina.