MAZINHO: O SENSACIONAL VERSÁTIL
Leandro A. Rodrigues
A criança tem um olhar diferente em relação ao que chama a atenção dos adultos.
Quando vi Mazinho, pela primeira em campo com a camisa do Vasco, três coisas saltaram aos meus olhos: ele era lateral-esquerdo, mas jogava com a camisa número quatro (na época, a maioria dos laterais jogava com a camisa número seis); embora fosse destro, conseguia chutar com maestria, também, com a perna esquerda; e, por fim, corria como se estivesse cavando algo com a mão esquerda, como se a mesma fosse uma espécie de pá.
Iomar do Nascimento, o Mazinho, nasceu em Santa Rita, na Paraíba, em 08 de abril de 1966. Foi revelado pelo Santa Cruz (PB) em 1983. Em 1985, foi para o Vasco da Gama, clube que defendeu até 1990. Entre 1990 e 1991, jogou no Lecce, da Itália. Também, no país europeu, jogou da Fiorentina (1991-1992). Em 1992, regressou ao Brasil para defender as cores do Palmeiras (1992-1994). Após o tetracampeonato mundial em 1994, com a seleção brasileira, foi negociado com o Valência, da Espanha (1994-1996). Depois, ainda no país Ibérico, jogou no Celta de Vigo (1996-1999), no Elche (1999-2000) e no Deportivo Alavés (2001). Na mesma temporada, aos trinta e cinco anos de idade, retornou ao Brasil e encerrou sua carreira no Vitória da Bahia.
Mazinho chegou ao Vasco ainda nas categorias de base, em 1985. Possuía uma qualidade técnica impressionante. Isso o permitia jogar em diversas posições, sempre, mantendo a costumeira eficiência. Subiu para o profissional junto Romário, Lira e Mário Tilico. Jogava como cabeça-de-área, lateral-direito e lateral-esquerdo. Em todas as posições apresentava uma desenvoltura impressionante. Mesmo sendo destro, quando na esquerda, ia ao fundo e fazia, de maneira perfeita, o cruzamento de canhota (teoricamente, a perna “não-boa”). Possuía uma grande qualidade no passe. Quando a bola estava nos pés de Mazinho, dificilmente presenciávamos um erro de passe. Era, ainda, incansável no que, hoje, chamamos de recomposição da equipe. Fazia, como ninguém, o preenchimento dos espaços e possuía a virtude de ser bom tanto na defesa quanto no ataque.
Aos 22 anos, passou a ser convocado para a seleção brasileira. Jogando na lateral-esquerda, em 1988, conquistou a medalha de prata, nos jogos olímpicos de Seul. No ano seguinte, em virtude de uma contusão de Jorginho, disputou a Copa América, no Brasil,
jogando na lateral-direita. É, inclusive, dele o cruzamento para o gol do título, marcado por Romário, no Maracanã, no dia 16 de julho.
No ano seguinte, fez parte do grupo que foi à Copa do Mundo na Itália. Não jogou e só ficou no banco em duas ocasiões. Em 1994, foi convocado para a Copa do Mundo nos Estados Unidos, para atuar como meio-campista defensivo. Todavia, ao longo da competição, ganhou a vaga de Raí e passou a formar, pela direita, a parte de criatividade da equipe. O lado esquerdo era ocupado por Zinho. Mazinho atuou em seis dos sete jogos da equipe. Em decorrência de suas virtudes, mencionadas acima, o ex-vascaíno conseguiu dar um equilíbrio maior ao time de Parreira. Indubitavelmente, isso foi algo fundamental para que o Brasil pudesse alcançar a conquista do tetracampeonato mundial.
Pelo Gigante da Colina, Mazinho conquistou os seguintes títulos: três Taças Guanabara (1986, 1987 e 1990), uma Taça Rio (1988), dois Estaduais (1987 e 1988), dois Troféus Ramón de Carranza (1987 e 1988) e um Campeonato Brasileiro (1989).
Na prateleira da minha imaginação, gosto de rotular os jogadores, com o intuito de melhor caracterizá-los. E, na minha memória, quando, agora, menciono o nome de Mazinho, não me vêm mais à mente as primeiras impressões de outrora (a mão em formato de pá, a camisa número quatro ou a ambidestreza). Agora, inevitavelmente, ao ouvir o nome do tetracampeão, sempre penso no que ele, para mim, passou a ser: o sensacional versátil.
Saudações Vascaínas!