PAREDÃO VASCAÍNO
Leandro A. Rodrigues
Toda primeira vez tende a ser inesquecível. Seja isso para o lado positivo ou para o lado negativo. No entanto, independentemente do que aconteça, todas as vezes que debutamos em alguma esfera, isso passa a fazer parte de nossa vida.
Em minha segunda crônica neste espaço (“Prazer em conhecê-lo, Maracanã”), contei a respeito da minha primeira experiência no Maracanã. Falei da minha primeira vez no, outrora, Maior do Mundo, em 23 de outubro de 1988. E, dando continuidade à sequência dos meus ídolos vascaínos, hoje, quero falar sobre a figura central do jogo em minha primeira ida ao Estádio Mário Filho: o goleiro Acácio.
Acácio Cordeiro Barreto (1959) iniciou sua carreira profissional no Americano, de Campos dos Goytacazes (sua cidade natal), onde atuou entre os anos de 1978 e 1979. Em seguida, transferiu-se para o Serrano, de minha amada cidade natal: Petrópolis. Defendeu as cores do Leão da Serra de 1980 a 1982. Transferiu-se para o Vasco em 1982 e ficou, em São Januário, até 1991. Envergando a camisa Cruz-Maltina, o goleiro conquistou três Campeonatos Estaduais contra o maior rival (1982, 1987 e 1988); um Campeonato Brasileiro (1989); três Taças Guanabara (1986, 1987 e 1990); duas Taças Rio (1984 e 1988); uma Copa TAP (1987); uma Copa Ouro (1987) e três Troféus Ramón de Carranza (1987, 1988 e 1989). Pela seleção brasileira, Acácio foi campeão da Copa América de 1989 e disputou a Copa de 1990, sendo o reserva imediato de Taffarel.
Entre 1991 e 1992, Acácio defendeu as cores do Tirsense (Portugal). De 1992 até 1995, foi o arqueiro do Beira-Mar, também de Portugal. Por fim, encerrou a carreira em 1996, defendendo as cores do Madureira, do Rio de Janeiro.
Com 1 metro e 88 centímetros de altura, para os padrões de hoje, Acácio não seria considerado um goleiro muito alto. No entanto, o campista possuía boa colocação e segurança em bolas desferidas contra a sua meta. Algo que dava tranquilidade aos zagueiros e aos torcedores vascaínos na década de 80.
Quando criança, como já disse aqui (na crônica “Meus Heróis Calçavam Chuteiras”), era apaixonado por futebol de botão. E o meu principal goleiro (uma caixa de fósforos estilizada) tinha, na parte de trás, duas informações escritas em caneta azul, o número um e o nome daquele que foi o meu primeiro ídolo sob as traves: ACÁCIO.
Em minha memória, tenho muitas lembranças de grandes partidas de Acácio com a camisa do Vasco do Gama; mas, indubitavelmente, duas possuem lugar de destaque. A primeira é a vitória contra o Fluminense, nos pênaltis, em minha primeira visita ao Estádio Mário Filho, quando Acácio defendeu a cobrança do arqueiro tricolor, Ricardo Pinto, e, em seguida, converteu a sua cobrança, levando-nos à vitória por 9 a 8 e tornando aquele 23 de outubro de 1988 um dia inesquecível em minha vida. A segunda é a do dia 16 de dezembro de 1989, quando, na final do Campeonato Brasileiro, no Morumbi, contra o São Paulo, teve uma atuação esplêndida, ajudando-nos a assegurar a vitória por um a zero (gol de Sorato). A atuação de Acácio foi tão magistral que, no dia seguinte, em “O Globo”, na edição de domingo, na seção de Esportes, na página 82, o goleiro vascaíno, além de receber a alcunha de “São Acácio”, também obteve nota 10 pela inesquecível atuação.
Foto: Reprodução / Jornal O GloboEis a importância do ídolo para o torcedor: permitir que o passado sempre esteja vivo no presente. Até hoje, quando ouço o nome de Acácio, retorno à infância e vejo-me diante de um tabuleiro de futebol de botão, narrando, a plenos pulmões, o bordão que criara para o goleiro do Gigante da Colina: “Defendeu Acácio, o Paredão Vascaíno!”
Saudações Vascaínas!