O último Vasco x Fluminense havia sido no dia de Finados, ano passado, pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro. Naquela ocasião, destaquei que a equipe do Fluminense não vencia o Vasco nem quando convencia, dado o tabu que o clássico possuía desde então e que se manteve naquele 0x0. O tricolor havia merecido vencer aquele jogo e não conseguiu, lembro de dizer que aquilo se devia à morte do Maraca e da usurpação do lado Sul, tradicionalmente vascaíno, pelos dirigentes tricolores. Naquele clássico de finados a justiça continuou sacramentada de alguma forma para os vascaínos, mas hoje, no Clássico da Pandemia, o Fluminense venceu sem muito mostrar, ou sem muito se esforçar, o Vasco atual (clube e time) não suporta nem resfriado.
O JOGO
O simbolismo do futebol me encanta, os jogadores vascaínos na foto já davam um mostra do que viria, uma contaminação de Flu. Hoje foi o dia do tabu ser quebrado, o tricolor das Laranjeiras venceu facilmente a equipe vascaína por 2×0, marcando para sempre o Clássico da Pandemia, que certamente ficará na história por tudo que envolve o planeta, um planeta contagiado por “Flu”, “gripe” em inglês, cultura tão cara aos futebolistas tricolores. Nem a BBC de Londres ousaria fazer um trocadilho tão infame.
A partida foi de um nível técnico baixíssimo. O time do Vasco é um time completamente sem perspectiva de jogo, o Fluminense tem peças melhores e uma organização minimamente superior, talvez por possuir um camisa 10 e um técnico com perspectiva de carreira. Em campo, o Fluminense não apresentou superioridade, venceu a partida porque o time do Vasco é extremamente fraco e frágil, débil pra ser mais preciso.
Infelizmente, meu caro leitor, não há muito o que falar sobre o jogo, não posso nem dizer como o Abel pensou o time para vencer o rival, já que o time chegou apenas duas vezes ao ataque através de dois cruzamentos. Perdeu a primeira chance com Marrony, que atravessa um momento delicadíssimo, e com uma cabeçada de Raul que quase surpreende Muriel. Na sequência do lance, o Flu abriu o placar. O Fluminense não fez nenhum esforço para vencer o jogo, o jogo foi truncado, sem muita criatividade, mas Nenê achou uma assistência entre a zaga e deixou o atacante tricolor na cara da entrada da área pronto para vencer Fernando Miguel que não sabia se saía do gol ou se ficava… gol do Flu. O Fluminense administrou e não foi ameaçado pelo Vasco em momento nenhum do restante da partida, no final do jogo, em um chute de fora da área, o tricolor ampliou no rebote de Fernando Miguel, 2×0.
O que eu posso dizer é que o time tem uma base que merecia ser treinada com efetividade, jogadores que precisam viver a evolução para o futebol profissional em uma estrutura técnica de um clube que se preza. O Vasco é um clube que se despreza. Ricardo Graça e Andrey são grandes jogadores e vivem a melhor fase entre os jogadores vascaínos. Pikachu é a representação dos salários atrasados e da depressão do elenco. A base joga com vontade mas, sem técnico, serão queimados para sempre.
Gostaria de fazer o destaque para Fernando Miguel. Para mim se trata daqueles goleiros que nascem para ficar na reserva, substituiu muito bem Martin Silva em 2018 e teve grande responsabilidade na reta final que nos livrou do rebaixamento, mas é um goleiro limitadíssimo e inseguro. Até quando o Vasco insistirá nesse tipo de Camisa 1? Aproveito para questionar a equipe de preparadores de goleiro do Vasco. Essa instabilidade com goleiros acompanha o clube há pelo menos 10 anos, não seria hora de fazer um limpa nos mais antigos dessa função?
É difícil fazer esse tipo de cobrança ao clube quando não sabemos a quem cobrar. O Vasco está largado às traças e aos cupins. O último ano da gestão Alexandre Campello se inicia com o pior início de temporada da história do Vasco e eu não tenho nenhuma dúvida em dizer que nos meus 37 anos de vida, é o pior time do Vasco que já vi em campo, não pelos jogadores, mas pela esterilidade do jogo e da organização em campo. 2020 promete ser um ano muito triste em São Cristóvão e de Norte a Sul do país para os milhares de sócios que acreditaram poder mudar o clube. Por outro lado, os sócios estatutários responsáveis pela decadência moral e política do Vasco, merecem tudo que o clube atravessa, mas infelizmente, acredito que não sofram como sofrem os sócios-torcedores do resto do país.
FICHA TÉCNICA
VASCO 0 X 2 FLUMINENSE
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 15 de março de 2020 (Domingo)
Horário: 18h(de Brasília)
Árbitro: João Batista de Arruda (RJ)
Assistentes: Silbert Faria Sisquim (RJ) e Rafael Gomes Rosa (RJ)
Cartões amarelos: Cayo Tenório, Andrey, Alexandre e Ricardo Graça (Vasco); Matheus Ferraz e Hudson (Fluminense)
GOLS
FLUMINENSE: Evanílson, aos 28min do primeiro tempo; Fernando Pacheco, aos 42nin do segundo tempo
VASCO: Fernando Miguel, Cayo Tenório (Kaio Magno), Ricardo Graça, Miranda e Alexandre; Andrey, Raul e Juninho (Benítez); Vincius, Ribamar e Marrony (Yago Pikachu)
Técnico: Abel Braga
FLUMINENSE: Muriel, Igor Julião, Nino, Matheus Ferraz e Egídio; Hudson, Yago Felipe e Nenê; Wellington Silva (Caio Paulista), Marcos Paulo (Fernando Pacheco) e Evanílson (Ganso)
Técnico: Odair Hellmann
Autor: Beto Corvo