Falar do Vasco, é falar sobre a história do futebol brasileiro, é falar na luta contra o racismo, é falar na inclusão de negros, portugueses e operários. A história do Vasco é marcada pela luta contra a aristocracia carioca na década de 20, o Vasco é o time que sempre combateu as injustiças sociais e que teve em suas camadas gente humilde, sem dinheiro ou classe social.
O Vasco é o time da resposta histórica. É o clube que não fechou as suas portas para aqueles 12 jogadores de 1923. O Vasco é o time dos camisas negras. Como grita a sua torcida a plenos pulmões “eu já lutei por negros e operários / te enfrentei, venci, fiz São Januário”, o Vasco é o time do povão, da torcida que construiu o próprio estádio. Quando falamos em Vasco vem na memória Roberto Dinamite, Edmundo, Ademir Menezes, Barbosa e Romário.
No entanto, um nome deve ser lembrado e exaltado na estante de grandes ídolos cruzmaltinos: o nome de Delma Gonçalves, a Pretinha. Uma das maiores jogadoras de futebol do Vasco e do Brasil de todos os tempos está completando 46 anos nesta quarta-feira (19/05).
Pretinha é uma das pioneiras do futebol feminino no Brasil. A carioca começou a brilhar ainda na adolescência em Nova Iguaçu, na baixada fluminense, o seu talento lhe rendeu logo cedo convocações para seleção brasileira e uma transferência para o Clube dos Subtenentes e Sargentos do II Exército. Logo em seguida, a jovem se transferiu para o Vasco e não parou de ganhar títulos, seja pelo futsal, seja pelo futebol de campo do clube.
Pretinha foi bicampeã da Taça Brasil de Clubes em 1993 e 1994, campeã do Campeonato Nacional em 1998, campeã do Torneio Início Carioca de 1999 e penta campeã do Campeonato Carioca entre 1996 a 2000, sendo artilheira das cinco edições, segundo o Estude Vasco. É também a jogadora com mais gols com a camisa do Vasco. São 62 gols entre 1993 a 2000, segundo os dados oficiais.
Pretinha brilhou também na seleção brasileira. Lá disputou quatro Copas do Mundo (1991, 1995, 1999 e 2007) e foi para quatro Olímpiadas (1996, 2000, 2004 e 2008), sendo artilheira da Olímpiada de 1996. No total, foram 44 gols pela seleção brasileira.
Além do Vasco e Seleção Brasileira, Pretinha também foi uma das pioneiras da MLS. Nos Estados Unidos, jogou pelo San Jose CyberRays e o Washington Freedom. A atleta ainda atuou durante muitos anos no futebol japonês e no futebol da Coréia do Sul.
Atualmente, Pretinha tem participado de seminários produzidos pela CBF. Na entidade, a jogadora integra o Conselho de Craques da CBF, que discute os rumos do futebol brasileiro. A jogadora também esteve junto do presidente Jorge Salgado na campanha da Mais Vasco durante a eleição de 2020.
Pretinha começou a jogar bola em um tempo que o futebol não era para mulheres. No Brasil, o futebol feminino apenas saiu da ilegalidade na década de 80. Por ter inspirado e ainda inspirar tantas meninas no Brasil merece todas felicitações possíveis e ter o seu nome guardado na história do Vasco e do futebol brasileiro.
Por Gustavo Monteiro