Por um certo período de 2021, o Vasco esteve ameaçado de ser extinto e fechar as portas para sempre, o que iria gerar uma enorme convulsão social, mais ou menos parecido com o que aconteceu com o Racing da Argentina, em março de 1999. Pode até não parecer, mas o Cruzmaltino está completando um ano no Regime Centralizado de Execuções, mecanismo que obriga o clube a depositar 20% de todas as suas receitas para o pagamento de dívidas. No caso do Vasco, são duas contas: uma para processos trabalhistas e outra para processos cíveis.
Segundo o que consta nos autos, o Cruzmaltino já transferiu nestes 12 meses, R$ 19.585.313,20 para as duas contas do RCE. Deste montante, R$ 9.846.822,79 já foram repassados à conta que cuida de processos trabalhistas. Esse repasse, por sua vez, tem uma ordem de prioridade que considera os mais idosos, os que estão com alguma doença grave e os que fizeram acordo com o CRVG para reduzir suas respectivas dívidas, por exemplo. Com a compra da SAF, estes depósitos passaram a ser de responsabilidade da 777 Partners.
Em breve, com o aumento da receita, o valor dos depósitos será maior e consequentemente, até existe uma expectativa da dívida ser abatida mais rapidamente. O Vasco tem 72 meses para cumprir o acordo com seus credores, mas este prazo pode se estender por mais 48 meses, após o fim do primeiro prazo, caso mais de 60% da dívida tenha sido paga.
Porém, uma brecha do RCE acabou atrapalhando o Cruzmaltino. Isso porque uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho retirou da lista de execuções dívidas que o Vasco tinha na FIFA e CBF, via Câmara Nacional de Resolução de Disputas. Por causa disso, a diretoria do clube teve que pagar cerca de 3 milhões de reais para o ex-jogador argentino Máxi López e o técnico português Ricardo Sá Pinto para não ser impedido de registrar novos jogadores.
+ Siga o Twitter do Papo na Colina!
Os credores do Vasco
Na semana passada, quando houve a atualização da lista do RCE, o Vasco tinha cerca de 200 credores, dos quais 93 pessoas ligadas ao futebol (seja como jogador ou treinador). E tem de tudo: de ídolo até jogador do atual elenco.
Do plantel de 2022, o Vasco deve quase R$ 925 mil ao meia Nenê, além de quase R$ 3 milhões ao técnico Jorginho, que moveu três ações contra o clube. Treinadores como Cristóvão Borges (hoje sem clube), Alberto Valentim (sem clube), Adilson Batista (hoje no Londrina) e Dorival Júnior (atualmente no Flamengo) e ex-jogadores como Juninho Pernambucano, Carlos Germano, Pedrinho (atualmente comentarista), Felipe (que hoje é técnico) e até mesmo Edmundo e Viola (este, tetracampeão) também estão na lista. A maior dívida que está no RCE cruzmaltino é a do volante Wendel, que esteve no clube entre 2012 e 2013: R$ 11.416.874,87.
Credores que já receberam do Vasco
Nome | Função | Ano | Valor total | Valor já pago |
---|---|---|---|---|
Ricardinho Furacão | atacante | 2006 | R$ 321.794,39 | R$ 321.794,39 |
Dorival Jr | treinador | 2009 | R$ 9.969.271,02 | R$ 382.291,82 |
Everton Costa | atacante | 2014 | R$ 1.755.667,61 | R$ 218.160 |
Marcelo Oliveira | treinador | 2012 | R$ 585.335,04 | R$ 218.160 |
Gaúcho | zagueiro/treinador | 1971-1979,1991-1993 e 2009-2013 | R$ 1.232.464,32 | R$ 218.160 |
Jair Bragança | goleiro/preparador | 1976-1978 e 1984-2005 | R$ 393.746,45 | R$ 218.160 |
Cristóvão Borges | treinador/auxiliar | 2011-2012 e 2017 | R$ 1.488.999,54 | R$ 218.160 |
Carlos César | lateral-direito | 2014 | R$ 1.180.756,10 | R$ 218.160 |
Diogo Silva | goleiro | 2011-2014 | R$ 678.613,30 | R$ 218.160 |
Renê | zagueiro | 1969-
1976 |
R$ 395.836,62 | R$ 218.160 |
Christianno | lateral-esquerdo | 2015 | R$ 269.149,00 | R$ 218.160 |
Anderson Salles | volante | 2015 | R$ 939.516,37 | R$ 218.160 |
Éder Luís | atacante | 2010-2013 e 2015-2017 | R$ 4.713.371,67 | R$ 218.160 |
Muriqui | atacante | 2004-2005 e 2017 | R$ 714.396,18 | R$ 218.160 |
Bruno Silva | volante | 2018-2019 | R$ 401.763,10 | R$ 218.160 |
Nenê | meia | 2015-2018 e desde 2021 | R$ 924.425,28 | R$ 218.160 |
Viola | atacante | 1999-2001 | R$ 2.975.794,29 | R$ 970.586,52 |
Entre os que o Vasco ainda não pagou, estão: Edmundo (atacante com cinco passagens pelo Vasco: 1992, 1996-97, 1999/00, 2003-04 e 2008), Carlos Germano (goleiro entre 1990 e 99 e preparador em 2004 e de 2008 à 2014), o reserva de Germano, Márcio (goleiro entre 1991 e 2005), Valdir Bigode (atacante de 1992 à 1994, de 2002 à 2004 e auxiliar entre 2015 e 2018), Léo Moura (lateral-direito em 2002), Andrezinho (meia entre 2015 e 2017 e atualmente dirigente do Nova Iguaçu), e até mesmo jogadores em atividade, casos de Diego Silva (goleiro do CRB e que jogou no Vasco de 2011 à 2014), Diego Souza (atacante entre 2011 e 2012 atualmente no Grêmio), Danilo Barcelos (lateral-esquerdo em 2019 e hoje no Goiás), Gabriel Félix (goleiro do Vasco entre 2011 e 2019, vice-campeão catarinense em 2022 pelo Camboriú e atualmente no São Luiz/RS) e Thiago Galhardo (meia que jogou entre 2018 e 2019 e atualmente está no Fortaleza), além dos técnicos Adilson Batista (que treinou o Vasco em 2014 e que atualmente está no Londrina), Ricardo Gomes (técnico em 2011 e dirigente entre 2013 e 2014), Alberto Valentim (treinador entre 2018 e 2019 e hoje sem clube) e o atual técnico Jorginho.
Por Luiz Felipe