O Papo na Colina deu em primeira mão o anúncio de Nelson Medrado como um dos candidatos à presidência do Vasco neste último fim de semana. Para conhecê-lo melhor e deixar a torcida informada sobre as propostas do presidenciável, a nossa reportagem entrou em contato com o advogado para que ele expusesse sua ideias e convicções para o Cruzmaltino; o benemérito mostrou que tem uma vasta experiência de clube.
Para resgatar a força do Vasco dentro das quatro linhas, Medrado acredita que o Vice-Presidente de Futebol, que perdeu força para os executivos nos últimos anos, precisa voltar a ter as responsabilidades de antigamente. Além disso, o candidato deseja que o Conselho de Beneméritos também volte a ter o protagonismo de outros tempos.
Líder da chapa ”Tradição e Dignidade”, Medrado é formado em administração de empresas pela Gama Filho e em direito pelo Cândido Mendes. Confira a entrevista completa abaixo.
Bate Papo:
Fabio Torres: Quem é Nelson Medrado?
Nelson Medrado: Eu tive a felicidade de nascer uma semana após o aniversário do Vasco. Coisas do Papai do Céu. Sou sócio desde 1957. Já fui conselheiro é secretário do Conselho Deliberativo. Recebi o título de benemérito em 1992, por indicação do presidente Calçada. Participo na política do Vasco primeiro como ouvinte, quando meu pai me levava as reuniões do CD. Nessa época tinha 17 anos. Depois, participando das eleições, quando tive oportunidade de conhecer muitos do que hoje participam da política.
Fabio Torres: Porque sonha em ser presidente do Vasco?
Nelson Medrado: Toda pessoa tem uma inspiração política e eu estou na idade boa. Completo 70 anos, bem de saúde e acho que está na hora de oferecer meus predicados para o Vasco. Temos que entender que somos vascaínos de boa intenção e não podemos concordar com os descasos políticos que vem ocorrendo no Vasco há muito tempo. Tem que dar um basta! Os associados estão revoltados e não estão satisfeitos com essa política. Não sabemos de nada que ocorre no Vasco. Tudo é escondido, não tem transparência nenhuma. Ninguém respeita os valores do Vasco.
Fabio Torres: Como benemérito, como você sente o atual momento?
Nelson Medrado: O Conselho de Beneméritos foi desvirtuado. É um poder com força de moderar o estatuto, mas não tem mais influência para fazer nada. Somente aconselha. Ainda saliento que dento do Conselho existem homens que concordam com essa política e outros que não concordam com essa política. Não me sinto nem um pouco desconfortável em ser benemérito e até concordo com muitas colocações.
Fabio Torres: Você tem uma condição financeira resolvida que permite parar sua vida por pelo menos três anos?
Nelson Medrado: Todos nós temos nossas atividades e não pretendo parar com as minhas atividades. Algumas pessoas entendem erroneamente que para ser presidente do Vasco precisa ser rico. Não concordo! Isso é para pessoas que não sabem gerir seus negócios. Tenho consciência do que sou capaz profissionalmente de fazer na gestão do Vasco. Sei o que é gestão e o principal de tudo – sei escolher as pessoas certas para colocar nos lugares certos.
Fabio Torres: Assumindo o Vasco, como você projeta o futebol?
Nelson Medrado: O futebol é fruto dessa bagunça que existe na administração do Vasco. A gente precisa resgatar a credibilidade do Vasco e trazer o clube para o lugar que é dele – disputar títulos, ser respeitado, ter representatividade nos jogos esportivos, na CBF e nas federações. O Vasco não tem representatividade. Abandonaram o clube. Tudo é fruto de falta de credibilidade e de transparência – o futebol, que é o carro-chefe do clube, é reflexo disso. Isso é inconcebível. Olha a venda do Marrony! Ninguém sabe os valores, condições. A administração atual usa métodos gerenciais inadequados.
Fabio Torres: E como conseguir fazer o Vasco voltar a ser protagonista?
Nelson Medrado: Acredito que a gente resgatando a credibilidade do Vasco, o patrocinador vai ter confiança na gestão. O patrocinador saberá que o dinheiro investido no clube será bem aplicado. Por que o Vasco não consegue um patrocínio bom? Porque não tem credibilidade. Tem que ter credibilidade para que as empresar acreditem em você. Qual empresa vai colocar dinheiro em um clube que não tem transparência e que as contas são bagunçadas?
Fabio Torres: Que tipo de treinador que você gosta? Pretende analisar o rendimento do Ramon ou já pensa em um nome para 2021? Gringos te agradam?
Nelson Medrado: Tudo isso é questão de oportunidade. Se o Ramon for bem, conseguir desempenhar um bom trabalho, a gente vai ver. Vamos analisar a capacidade dele. Se a gente perceber que o Ramon não tem experiência, a gente busca um treinador mais gabaritado. Vamos analisar tudo. Esse negócio de treinador estrangeiro é relativo. Já tivemos muitos treinadores de grande qualidade, mas a mentalidade mudou. Não se preocupam mais em jogar para ganhar. Essa é a realidade. Não podemos esconder essa realidade. Não concordo com isso. O Vasco tem que jogar sempre para ganhar. O empate nunca é bom. Vencer que é bom. Logicamente que sabemos que nem sempre é possível ganhar, mas os jogadores precisam honrar a camisa. Queremos um técnico com mentalidade vencedora, que queira ganhar sempre!
Fabio Torres: Já pensou em algum executivo para tocar o futebol?
Nelson Medrado: Penso em contratar um colaborador para o Vice-Presidente de Futebol. Botam tudo na conta do diretor executivo e não é o melhor a se fazer. Esses executivos contatam jogadores, vendem jogadores. Isso eu não concordo. Isso é alçada do vice-presidente, conversando com o presidente. Não concordo também com o presidente assumindo várias pastas. Vou escolher um VP de Futebol que queira assumir responsabilidades também, seja atuante e aderente a nossa proposta. Vai ter autonomia dentro de métodos gerenciais.
Fabio Torres: Como você projeta a base do Vasco em sua gestão?
Nelson Medrado: Acho que temos valorizar ao máximo a base. Na época que o Calçada era presidente, o Vasco tinha a política de comprar e vender jogadores, alguns veículos de comunicação até criticavam isso. Falavam que o Vasco estava se transformando em um balcão de negócios. Por que ele adotava essa política? Tinha uma rotatividade de jogadores da base – os que subiam e os que já estavam prontos para serem vendidos para financiar o clube. Se não tiver uma divisão de base consistente, fica difícil. É o que está acontecendo com o Vasco agora, não tendo uma base sólida, sempre fica com o pires na mão, correndo para vender logo e vende por valores baixos. Não serão essas vendas que resolverão os problemas do Vasco. Outro ponto importante é o fato dos treinadores terem medo de botar os garotos da base, pensam ”vou colocar os jogadores da base e vão me xingar, vou perder os jogos”. Eu pretendo trazer profissionais que não tenham medo de apostar nos garotos da base