Após deixar o Vasco, meia se destaca atuando pelo Colo-Colo, do Chile, e chega à seleção chilena.
Por Felipe França Ferreira
O torcedor vascaíno quando lê ou ouve o nome do meia Leonardo Gil, deve imaginar logo aquele lance do jogo decisivo contra o Internacional em São Januário em que ele, sem poder algum de marcação, fica parado enquanto o time gaúcho faz o seu gol. Pois bem, talvez o presente do atleta, hoje no Chile, mostre como o problema não era o jogador em si, mas o contexto no qual esteve inserido. A gestão Campello foi um desastre em todos os aspectos do futebol, e principalmente na preparação física. O insólito lance de Leonardo Gil na Colina não revela sobre ele, mas sim sobre como o futebol foi encarado na última gestão.
Em conversa com o jornalista chileno Víctor Pilar, que cobre o Colo Colo para a página Dosisfutbolera.com, muitos pontos foram abordados e em todos eles o jogador foi bastante elogiado. O Colo Colo quase caiu na temporada passada, mas recuperou o bom futebol e hoje tem o argentino baixinho e canhoto como pilar, ao ponto de ser considerado o melhor reforço da temporada no Chile. O “Cacique” não tinha um jogador que fizesse o que hoje faz Gil. Seu papel de “volante mixto” fez e faz o time jogar bem.
O “Colorado Gil”, o ruivo Gil, fez sua estreia em 21 de março deste ano marcando um golaço contra a atual campeã Universidad Católica (Supercopa do Chile). Recebeu a bola na meia lua e mandou na gaveta. Outro gol importantíssimo foi no super clássico contra a La U (rodada 5), e talvez este gol seja o que tenha dado ao jogador o atual status de principal jogador do elenco, digno de inúmeras manifestações de carinho e respeito por parte dos torcedores “albos”. Com esse gol de Gil, o Colo Colo aumentou sua supremacia para oito anos sem perder o clássico rival e vinte sem perder como mandante, informou o jornalista chileno Víctor Pilar. Esse gol é até certo ponto parecido com o gol contra a Católica. Ele recebe na entrada da área e já bate de primeira no cantinho. Esse camisa 5 que chega na área para concluir jogadas, no Vasco da Gama não existiu. Foi o gol que decidiu mais um clássico para o Colo Colo. Dois clássicos decididos por Leonardo Gil.
Na rodada 7, que dessa vez não terminou bem o Colo Colo, Leonardo “Colo” Gil faz outro golaço. No fim da primeira etapa, em magistral cobrança de falta, Gil coloca a bola no ângulo, tornando inútil qualquer tentativa do goleiro de ao menos mexer-se. Foi o primeiro gol de falta do campeonato. Embora o jogo tenha terminado 1 a 2 para o Palestino, Gil foi eleito o destaque da rodada. Esse tipo de gol foi um prazer que o torcedor vascaíno só teve com Fellipe Bastos na primeira rodada do ano passado e depois com o também argentino Martín Benítez contra o Palmeiras.
Todo esse destaque, todo esse encantamento com o futebol de Leo Gil o levou a ser nomeado pelo técnico Martín Lasarte para o que pode ser considerado um microciclo de treinamentos com o time B da Seleção do Chile, e é com esse plantel que o treinador uruguaio disputará a Copa América. O argentino de Río Gallegos disse em diversas ocasiões que se sente muito feliz com a convocatória e também agradeceu aos seus companheiros. Gil tem carta de nacionalidade chilena desde 2019 e no próprio Colo Colo não ocupa vaga como atleta estrangeiro. Sobre sua ida para o “Cacique”, disse que tomou a decisão por ter familiares que são torcedores do clube e que a grande equipe chilena, hoje treinada pelo também argentino Gustavo Quinteros, seria seu passaporte para a Roja.
A péssima condução do departamento de futebol do Vasco em 2020 certamente fez com o que todo o potencial do atleta fosse desenvolvido e oferecesse bom retorno técnico ao Gigante da Colina. O Leonardo Gil que hoje os chilenos conhecem e admiram não é o mesmo que cobrou o patético escanteio contra o Caracas da Venezuela em São Januário nem muito menos o que caminhou no jogo contra o Internacional. A atual fase de Leo Gil escancara, revela e coloca reflexão sobre o modo como o futebol foi tratado em 2020 pelos dirigentes da gestão de Alexandre Campello.