Salários atrasados, falta de liderança e ironia. O treinador português diz que foi mandado embora no “melhor da festa”.
O treinador português deu entrevista ao Globoesporte.com contando as dificuldades que passou no clube. Ele afirmou desconhecer o momento tão ruim fora de campo que o time passava, além de pontuar situações que o chamaram atenção negativamente “Eu tive que ajudar financeiramente jogadores, porque eles não tinham o que comer. Diretores do Vasco tiveram que comprar pão e outras coisas para se fazer um pequeno almoço (café da manhã). Enfim, coisas inacreditáveis. Eu ajudei um jogador que não tinha dinheiro. Outros diretores ajudaram porque não havia dinheiro para comprar pão, um fiambre (presunto) ou um suco. Eu sabia que a situação financeira era difícil. Atraso de um mês, um mês e tal tudo bem, mas estive aí por três meses nos quais eu e minha comissão técnica não recebemos um salário. Os jogadores não receberam um salário, ninguém recebeu. Às vezes eu queria fazer marcações no campo, e não havia dinheiro para comprar tinta. Tínhamos que comprar.”
Além disso, o treinador ainda listou algumas coisas que para ele, foram importantes para o trabalho não ter dado certo. As críticas maiores são endereçadas a direção de Campello, que na época, demitiu o treinador sem se quer uma palavra direta, além de também de opinar negativamente sobre Jorge Salgado, que para Sá Pinto, nunca o apoiou: Houve eleições no clube, e eu nunca tive o apoio presencial do novo presidente. O novo presidente nunca mandou mensagem. O antigo presidente, com quem eu tinha boa relação. O novo presidente ficou de vir e fazer várias coisas. Disse ao Zé Luis (então vice de futebol) de dar uma palavra à equipe, mas nunca apareceu. No último jogo, em que eu estou fora por estar suspenso, sou despedido assistindo ao jogo da tribuna. No duelo com o Athletico-PR, que vivia sua melhor fase, não foi ninguém da direção. Fomos mais uma vez sozinhos para o jogo. E os jogadores sem resposta, não havia liderança.”
Sá Pinto, em tom irônico, reclama do momento em que foi demitido: “Fui embora numa altura em que, depois de tanto sacrifício, íamos pegar o Atlético-GO, o Botafogo, que não estava bem e estava desfalcado, e o Coritiba também. E íamos pegar outros dois times lá de baixo que também tínhamos hipóteses de ganhar. E não nos deram sequer o mínimo que eram esses 12 jogos seguintes após a fase mais difícil. Era o melhor para a equipe, seria uma estabilidade maior. Resolvem me despedir no melhor da festa. E sabe a coisa que me deixou triste? Nem o presidente antigo e nem o presidente atual não me mandaram sequer uma mensagem de despedida. Inacreditável.”
Outra crítica feita diretamente a diretoria, era a falta de respostas e apoio. Na época, Benítez estava em fim de contrato e não sabia se conseguiria continuar no clube, e mais uma vez, a direção de Campello não agiu: “Benítez, que era um jogador tão importante, me dizia: “Ó, Mister, o presidente não resolve minha situação. Já estamos em novembro e ainda não sei de nada”. Benítez foi embora, fizemos uma festa de despedida porque não se pôde pagar o Benítez. Depois de eu sair, no dia a seguir ou dois dias a seguir, pagaram logo o salário. Passaram quatro dias e foram buscar o Benítez outra vez. Por que não nos ajudaram antes? Eu não mereço isso. Isso foi uma tremenda falta de respeito porque aguentei todas as dificuldades, e foram muitas. Inclusive a insatisfação dos torcedores, que entraram nos treinos, dei sempre a cara e defendi a equipe. E no melhor da festa me tiraram do meu trabalho.”