Presidente avaliou o cenário político do clube e comentou sobre as críticas da oposição
Por: João Gabriel Reis
Depois do fracasso no futebol em 2021 e dos ataques contínuos da oposição, a gestão de Jorge Salgado vê a SAF como a solução para a crise que o clube vive. Segundo ele, esse é o meio mas rápido e eficaz para fazer com que o Vasco seja protagonista novamente no futebol.
Sabendo que o processo é longo até uma possível aprovação, o clube criou uma força-tarefa para discutir o tema e espera em breve concluir o estatuto da SAF e levar para votação no Conselho Deliberativo. Será o primeiro passo para, em seguida, avançar nas negociações com investidores, definir o modelo e apresentar o projeto para os sócios decidirem o futuro do clube.
Diante do atual cenário do Vasco, a previsão é que será um processo conturbado até que se chegue a uma decisão final, mas o presidente Jorge Salgado se mostra confiante e crê no sucesso do modelo, desde que receba boas propostas de investidores. Em entrevista ao ge, o presidente respondeu alguns questionamentos sobre essa pauta. Confira na íntegra:
Hoje a criação da SAF é a única solução para que o Vasco consiga quitar dívidas e tenha poder de investimento no futebol? Sem a SAF, o Vasco é inviável?
– Essa pergunta está respondida com clareza no documento que encaminhamos essa semana aos Conselhos Deliberativo e de Beneméritos, elencamos todas as possibilidades e tudo está muito claro. A Diretoria Administrativa apresentou as possibilidades de modelo para adoção da SAF, uma análise sobre formatos alternativos para o saneamento e recuperação das finanças do clube e do futebol especificamente, mapeamento de oportunidades e riscos no processo, conceitos para relação do CRVG com a Vasco da Gama SAF, entre outros. O crescimento orgânico da associação desportiva é possível, mais exigirá mais tempo e mais sacrifícios. Uma recuperação judicial tornaria o cenário ainda mais difícil e incerto.
– Acreditamos que a SAF é o meio mais rápido e eficaz, proporcionando em paralelo a recuperação financeira do clube e investimentos para fazer que nosso futebol volte a ser protagonista no cenário nacional e internacional. Porém quem vai decidir são os Poderes do Clube e, em última instância, os sócios reunidos em Assembleia Geral.
Um ponto questionado pelos conselheiros foi a quebra de promessas. Uma delas foi a promessa de democratizar o clube, com a realização da maior eleição da história do Vasco, e hoje o clube está em processo de venda do futebol, possivelmente sendo sócio minoritário na nova empresa.
– Estamos democratizando e profissionalizando o clube como nunca se viu. Implantamos a possibilidade de associação online para facilitar os sócios off-Rio. Tivemos, em 2021, uma adesão recorde novos de sócios estatutários. E com relação ao direito a voto dos sócios-torcedores, esse é um tema importante, que está sendo tratado na comissão de reforma do estatuto, do Conselho Deliberativo, que é presidida por um integrante da Sempre Vasco (grupo de oposição).
O VP de Finanças, Adriano Mendes, disse em entrevista à TV Globo, em dezembro, que o Vasco estava trilhando uma recuperação financeira definitiva e, em dois ou três anos, não enfrentaria mais os problemas das últimas décadas. Em setembro passado, o próprio Adriano disse em entrevista coletiva que hoje o Vasco já é um clube lucrativo, mas frisou ser primordial a volta à Série A para acelerar o processo. O que mudou para as avaliações e as projeções do seu vice de finanças darem lugar à venda da SAF do Vasco? Por qual motivo não se manterá o trabalho que vinha sendo feito que, na avaliação de Adriano Mendes, apresentava resultado? Ele errou ao avaliar daquela forma?
– O Vasco trabalhava com uma recuperação financeira orgânica antes da aprovação da Lei da SAF em setembro passado. Todo o esforço foi feito nessa direção. Com a aprovação da SAF e com um cenário interno e externo cada vez mais desafiador, avançamos em estudos que demonstraram que o uso da lei é a melhor fórmula para a recuperação financeira do clube. Em relação ao acesso à Série A, é obrigação do Vasco voltar a seu lugar. Todos nossos esforços estão voltados nessa direção.
A Sempre Vasco soltou uma nota dura, que o acusa de ter sido arrogante e debochado com a conselheira Claudete durante reunião do Conselho Deliberativo, na última segunda. Como o senhor recebeu essas acusações?
– A Sempre Vasco precisa definir que postura adotar. Uma hora pede reunião para fazer oposição construtiva, como por exemplo, querendo saber do projeto da SAF. Outra hora, mesmo tendo todas as informações e sabendo que esse caminho é o melhor para o Vasco, critica por criticar, utilizando a mesma política de sempre.
– Quanto ao caso da conselheira, ainda na reunião apresentei meus pedidos de desculpas pelo tom que usei, e achei que tivesse resolvido. Todos no Vasco me conhecem há muitos anos e sabem que sou uma pessoa cordial e aberta. É importante ressaltar que A oposição iniciou os debates de forma agressiva, com ofensas e inverdades, num tom de campanha eleitoral. Eleição essa encerrada há um ano. Vou estar sempre aberto a debater. Durante a sessão, convidei a Conselheira Claudete para vir até nossa sede para conversar comigo e esclarecer qualquer ponto. Não há nenhum problema quanto a isso. E isso vale para qualquer conselheiro.
Como conseguir aprovar a SAF com parte do Conselho pedindo publicamente a sua renúncia?
– Sendo transparentes como estamos sendo internamente e externamente. A própria oposição corretamente participa do grupo de acompanhamento dos estudos da SAF. Entendo que está se formando uma ampla maioria que entende que a SAF abre enormes oportunidades para a recuperação das finanças e do futebol do nosso clube. E em um prazo mais rápido, como exige nossa torcida. Fizemos um programa na VascoTV explicando o processo em detalhes.
– Não tenho dúvidas de que, concluídas todas as etapas de estudos e comunicação do projeto SAF, com uma boa proposta na mesa, conseguiremos a aprovação.
Já há acordo encaminhado com algum investidor? Segundo a oposição, você disse que já existe um valor assegurado assim que a SAF for constituída. Pode dizer qual o valor e de onde vem?
– Não existe nenhum acordo fechado. O que é certo é que um clube nacional do tamanho do Vasco desperta o interesse do mercado e já recebemos diversas sondagens.
– Na nossa visão, a SAF seria implementada em duas etapas bem definidas. Na primeira etapa, seria construída uma companhia subsidiária integral do CRVG, sem a transferência de ativos. Em seguida, serão necessários esforços adicionais na avaliação dos ativos do CRVG. Previamente à implementação da segunda etapa, que pode conter a transferência de ativos para a SAF e/ou alienação de ações, os respectivos documentos e informações serão entregues à apreciação dos Poderes do Clube e, em última instância, submetidos para deliberação dos sócios reunidos em Assembleia Geral.
– No momento não existe um valor definido. Estamos contratando consultorias especializadas que vão fazer a valuation do Vasco, para que tenhamos uma valoração correta que atenda a expectativa dos sócios e torcedores.
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