A ideia é que a reforma da Colina Histórica seja aos moldes do Porto Maravilha, que transformou a zona portuária do Rio na década passada
Luiz Nascimento
O Vasco está cada vez mais perto de vender a sua SAF para a 777 Partners, mas deve manter o complexo de São Januário como parte da associação civil. E a casa de todos os vascaínos tem planos futuros. O clube está em negociações com a Prefeitura do Rio para receber as verbas municipais referentes ao potencial construtivo da Colina Histórica. Essas receitas seriam utilizadas para a reforma, arenização e ampliação da capacidade para 40 mil pessoas. As informações são do site ge.globo.
As conversas com a administração Eduardo Paes (PSD) começaram muito antes da assinatura do primeiro contrato entre Vasco e 777, em janeiro, e ficaram mais intensas nos últimos meses. Tudo está sendo tocado pelo presidente Jorge Salgado e pelo primeiro vice-presidente geral, Carlos Roberto Osório, que foi secretário municipal de transportes durante os dois primeiros governos de Eduardo Paes. A expectativa é que o desfecho definitivo seja neste mês.
A negociação prevê que o potencial construtivo seja transferido ao Vasco, que aí poderia negociar com a iniciativa privada, que por sua vez, construiria em outras áreas da capital fluminense. Ao cruzmaltino, haveria apenas a obrigação de reformar o complexo de São Januário. Em entrevista à coluna Panorama Esportivo, do jornal O Globo, o prefeito explicou o que seria essa negociação:
“Eu tenho uma conversa muito avançada com o Salgado, que a ideia é a gente transferir o potencial construtivo, ou seja, o direito de construir em São Januário. Um exemplo, ele tem o direito de construir um prédio, vamos imaginar que ele pode construir um prédio onde está o estádio, nós vamos transferir esse potencial construtivo para que o Vasco possa vender isso para o setor privado em outras áreas da cidade, por exemplo a Barra. E o Cruzmaltino só poderia usar o recurso dessa venda para fazer a reforma do estádio de São Januário. É um direito com fim específico. Você ganha o direito, que é o de construir, você vende esse direito, só que com o fruto desse recurso, não pode contratar jogador, não pode pagar salário atrasado, não pode resolver dívidas do clube, só pode ser usado para obras de reforma de São Januário, que é o estádio mais lindo do Rio de Janeiro.”
Do lado da 777, o acordo entre clube e município do Rio é visto com bons olhos e a empresa inclusive aprova a negociação. Para os americanos, um estádio reformado e maior, sem a necessidade de investimentos da empresa, representaria uma enorme vantagem. Porém, isso representaria um reajuste no aluguel anual. No contrato firmado entre o grupo americano e o Cruzmaltino, ficou estabelecido que o aluguel de São Januário ficaria em 1 milhão de reais, com possibilidade de reajuste deste valor em caso de reforma com recursos próprios do Vasco.
Planos para um estádio de 40 mil pessoas
O Vasco já sabe como irá fazer a reforma da Colina Histórica, mas o quanto o clube irá investir dependerá da arrecadação do potencial construtivo, caso o acordo com o Município do Rio seja concretizado. O projeto de reforma foi originalmente apresentado há exatos dois anos, ainda na gestão de Alexandre Campello, com início das obras em agosto de 2021 e finalização em agosto de 2023, quando o Cruzmaltino completa 125 anos. Mas a crise financeira provocada pela pandemia e a crise política causada pelas conturbadas eleições de 2020, aliadas ao quarto rebaixamento na temporada 2020/21, e os graves desdobramentos do ano de 2021, inclusive resultando em ameaça de fechamento do clube, adiaram a reforma.
Para o Almirante, São Januário não comporta mais sua torcida, tendo sido até apontado nas conversas com Paes. No jogo contra a Chapecoense, por exemplo, nem todos os sócios-torcedores tiveram acesso ao estádio. Por isso a insistência em alugar o Maracanã, com batalhas contra o Consórcio e o Flamengo na justiça e a ideia de ampliar a Colina Histórica.
Uma das condições estabelecidas nas conversas com a prefeitura e que está no projeto seria a preservação da fachada histórica de São Januário, que inclusive é tombada pelo patrimônio histórico. A diretoria também quer preservar o “espírito da Barreira do Vasco” e tem planejado um projeto que integre o estádio com seu entorno.