Na lista de credores do Regime Centralizado de Execuções (RCE) do Vasco, um nome chama a atenção pelo valor, que alcança as dezenas de milhões de reais. De acordo com a última planilha que o clube enviou para o Tribunal Regional do Trabalho, a maior dívida é a com o ex-volante Wendel Geraldo Maurício e Silva, que defendeu as cores do Vasco entre 2012 e 2014. Ao todo, o Cruzmaltino deve ao ex-atleta R$ 11.416.874,87. No entanto, esse valor pode ser ainda maior, segundo informa o Globo Esporte.
Wendel entrou na justiça contra o Vasco em 2014, cobrando salários e férias atrasados além do não depósito do FGTS. Desde então, a ação se arrasta e só agora, em 2022, está em fase de execução. Porém, há dúvidas sobre o que de fato o clube pagará ao ex-atleta, que hoje tem 40 anos. Isso porque em fevereiro de 2021, a juíza Astrid Silva Britto, da 68ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, fixou o valor da dívida em R$ 14.797.896,51. No entanto, um perito contratado pela defesa do ex-jogador, fez na última semana um recálculo da quantia, considerando juros e correção monetária. A conclusão é que o clube de São Januário deve a Wendel R$ 16.587.037,54. Essa perícia será juntada aos autos do processo.
O advogado que representa o ex-volante no processo contra o Cruzmaltino, Marcus Vinicius Miranda Fernandes, acha que o clube está “empurrando com a barriga”. A defesa pretende entrar com um acordo com a SAF.
“O que a gente pretende não é prejudicar o Vasco. O Wendel tem muito carinho pelo clube. Não teve uma passagem muito boa, mas deixou muitos amigos. Nossa ideia é receber. Não é interessante para o clube uma dívida desse tamanho porque vira uma bola de neve, os juros são de R$ 200 mil por mês”, disse o defensor.
Porque o Vasco deve tanto a Wendel?
Apesar dos valores serem divergentes, há um consenso que a dívida do Vasco a Wendel é bem grande. Mas como chegou a este ponto?
São duas razões principais: o volante rescindiu o contrato na Justiça (por causa do atraso salarial, que era uma constante no Vasco da época), e o fato de que ele fez essa rescisão a um ano do fim de seu contrato. Normalmente, em casos do tipo, a Justiça do Trabalho obriga o clube a pagar os salários dos meses equivalentes que faltavam para encerrar o vínculo, o que no Direito é chamado de cláusula compensatória desportiva. E foi exatamente isso que aconteceu com Wendel em 2017, quando o volante já estava aposentado.
Wendel chegou ao Vasco em julho de 2012, com contrato válido até julho de 2015. O salário era de R$ 250 mil (sendo R$ 50 mil em direitos de imagem e o restante via CLT), além de luvas de R$ 1,6 milhão, valor este que seria diluído ao longo do contrato. Quando processou o clube, o então atleta alegava que o Cruzmaltino lhe devia dois meses de salário, quatro parcelas de luvas, 11 meses de direitos de imagem, décimo-terceiro salário, férias e Fundo de Garantia. Além disso, Wendel, que já estava separado dos companheiros de elenco, argumentou que tinha uma proposta do Sport, onde acabou assinando logo após sua rescisão unilateral.
Wendel Silva, que atualmente é treinador do time sub-17 do Cruzeiro, e é sobrinho do ex-atacante Geovanni Gómez, que defendeu o Benfica/POR entre 2002 e 2006, se aposentou em 2018, aos 36 anos de idade, depois de ter jogado pelo Náutico.
Por Luiz Nascimento