Na noite de quinta-feira, 30 de abril, o Vasco publicou o seu balanço financeiro referente ao ano de 2019 e também o enviou para os sócios torcedores por e-mail. No ano de 2019 o clube apresentou déficit de R$ 5 milhões de reais e aumento de dívidas de R$ 37 milhões, mas há sinais de melhoras em aumento de receitas.
No começo do texto, é destacado dificuldades financeiras que são de conhecimento de todos os vascaínos – contratos de patrocínio em queda por conta do mau momento econômico do país, adiantamento de receitas feitos em exercícios anteriores e também não ter vendido nenhum atleta no ano passado. Além disso, é destacado também um crescimento de R$ 41 milhões de receitas recorrentes (patrocínio e cotas de tv, por exemplo) e redução de R$ 18 milhões de custos recorrentes em relação ao ano anterior. Esse crescimento também é muito devido ao enorme sucesso da promoção de Black Friday do Sócio Gigante, que triplicou a renda de sócios do clube, chegando a R$ 36 milhões.
Outros destaques são a inclusão no Ato Trabalhista, que permite o pagamento da dívida trabalhista do clube de forma parcelada, descontada das cotas de TV, início das obras do Centro de Treinamento, com arrecadação total de R$ 5,1 milhões até o momento que o balanço foi feito, cerca de 70% do valor orçado da obra inicial, aprovação do projeto de reforma de São Januário, pagamento de dívidas antecipado e com desconto – uma primeira fase desse projeto, que reduziu um montante de R$ 63 milhões para R$ 44,6 milhões, pagos de forma à vista com antecipação de receitas (cotas de TV, premiação do Brasileiro 2019 e patrocínio da BMG) -, acordo de pagamento de dívidas fiscais com a Receita Federal, assinatura com a BMG – ressaltando sua importância enquanto parceira do clube – e renegociação do contrato de televisão, que gerou dificuldades de fluxo de caixa, já que a maior parte do dinheiro só é recebido no final do ano, diferentemente de antes, que era no meio do ano.
O clube apresentou déficit de R$ 5 milhões de reais, principalmente por não ter feito nenhuma das vendas orçadas no planejamento para o ano e das receitas de marketing, uma receita 17% menor do que em 2018. É fácil de entender a queda já que em 2018 o Vasco fez sua maior venda da história com Paulinho e ainda vendeu Evander e recebeu dinheiro de mecanismo de solidariedade com a venda de Philippe Coutinho para o Barcelona. Além disso, cotas de TV diminuíram 3 milhões de reais devido à parte variável do contrato, que é a venda de pacotes pay-per-view e número de jogos em tv aberta e fechada.
Custos e despesas aumentaram apenas R$ 4 milhões de reais, um crescimento menor que a inflação do período, totalizando R$ 173 milhões de reais. Isto mostra o compromisso com não haverem gastos exacerbados e pagamento de dívidas. Foram pagos cerca de R$ 82,6 milhões em dívidas debitadas na fonte e antecipações de contratos de tv. A receita total do período foi de R$ 204 milhões de reais, mas somente entrou no caixa do clube R$ 122 milhões, o que fez ser necessário a contração de empréstimo, algo comum e necessário para pagamento de funcionários, despesas, outras dívidas etc.. Desta forma, o clube aumentou sua dívida em cerca de R$ 37 milhões, mas essa dívida deixou de ser uma que precisa ser paga mais urgentemente, para uma que tem um prazo maior de pagamento, aliviando o fluxo de caixa do clube para os próximos anos.
Essas antecipações de contratos foram feitas ainda durante a presidência de Eurico Miranda, quando da assinatura do contrato atual de TV com a Rede Globo e, segundo o balanço, essas antecipações são menores no próximo triênio, o que significa que o clube terá cada vez mais receitas a receber que nos últimos anos.
O trabalho de gestão deve ser elogiado de fazer o possível com uma situação de poucas entradas de recurso no caixa do clube, ao mesmo tempo que se compromete em pagar dívidas, de forma a tornar o clube saudável, porém a gestão de futebol ainda deixa a desejar.
Houve redução de R$ 8 milhões em custos e despesas, apesar de um aumento de cerca de R$ 800 mil em salários, que poderia ser ainda maior caso o clube não desperdiçasse tanto dinheiro. Jogadores com salários mais altos sendo poucos ou nada utilizados (casos de Valdívia, Clayton, Bruno César, Werley, Rafael Galhardo, entre tantos outros), renovação de contratos longos com atletas que não demonstraram em campo que mereciam, como Luiz Gustavo e Bruno Silva, contratação e demissão de um técnico caro em baixa em 2020, como o caso do Abel Braga, que não entregou resultados satisfatórios, mas pelo menos não gerou uma multa rescisória a ser paga. Caso houvesse uma redução maior dos custos do clube, somente com a não renovação ou não contratação dos atletas não aproveitados, não haveria déficit nesse ano, talvez até mesmo um pequeno superávit.
É ainda preciso valorizar o uso da base pelo clube, que tem alguns de seus principais jogadores oriundos do próprio clube, o que significa um menor custo e vendas para o exterior, o que seria a salvação de um ano como 2019 e com certeza é a aposta do clube para 2020. Com a crise global causada pelo Covid-19, os valores no mundo do futebol serão menores, portanto acontecerá menos contratações bombásticas e busca por jogadores mais baratos pelos clubes europeus e é preciso aproveitar esse momento para fazer caixa.
Por: Rick De Castro