Em 1957 o Vasco viajou até Paris como convidado do grande “Torneio de Paris” para marcar o feito do brasileiro Santos Dumont, que havia sobrevoado Paris a bordo do famoso 14 Bis. O Torneio contou também com o Racing Paris e o time alemão Rot-Weiss Essen que havia levantado o troféu de campeão alemão no ano de 1955.
O Vasco foi convidado por ser ter sido o único campeão do primeiro sul-americano de clubes que havia sido realizado em 1948 com o famoso expresso da vitória e como o campeão carioca de 1956. Na primeira rodada o Gigante da Colina enfrentou o Racing Paris e ganhou o jogo aplicando um 3×1 nos donos da casa em pleno “Parque do Príncipes”, com gols de Livinho, Pinga e Vavá, enquanto isso o Real Madrid aplicava um sonoro 5×0 no Rot-Weiss Essen garantindo assim uma final entre o “o melhor time da Europa”contra o “melhor time da América do Sul”.
No dia 14 de Junho após a disputa do 3º lugar vencida pelo time da casa, mais de 40 mil espectadores acompanharam a final, o Real Madrid abriu o placar logo aos 4 minutos com o craque Di Stéfano, que curiosamente fazia parte do elenco do River Plate que perdeu a final do Sul-Americano de 1948 para o Vasco da Gama, mas ainda no primeiro tempo aos 20 minutos o Vasco empata com Valter Marciano e vira o jogo aos 32 com Vavá que se tornaria um dos jogadores mais importantes da Seleção Brasileira na conquista da Copa de 1958 na Suécia.
Logo no inicio da segunda etapa o Real Madrid que contava com sua força máxima, ou seja, o time que havia sido bicampeão europeu 1955/1956 e 1956/1957 e na aquela época já contava com um elenco milionário com jogadores como: Puskas, Di Stéfano, Kopa, Gento entre outros, empatou o jogo com Mateos, o jogo seguiu bem acirrado com direito a confusões durante o segundo tempo, mas Livinho desempata o jogo aos 21 e Valter Marciano novamente aos 39 balança as redes abrindo um 4×2 nos espanhóis. Já no fim do jogo o grande jogador francês Kopa ainda desconta para o time espanhol mas já era tarde, a taça tinha o destino de São Cristovão.
A época o grande jornal francês “L’Équipe” destacou a vitória do Vasco de acordo com o livro “O Expresso da Vitória” de Abraham B. Bohadana: “E então, bruscamente o Real desapareceu literalmente. Seriam as camisas de um vermelho pálido ou os calções de um azul triste que enfraqueciam a soberba equipe espanhola? Não. É que, antes, apareceram subitamente do outro lado os corpos maravilhosos, apertados nas camisas brancas com a faixa preta, de 11 atletas de futebol, de 11 diabos negros que tomaram conta da bola e não a largaram mais. Durante a meia hora seguinte a impressão incrível, prodigiosa, que se teve é que o grande Real Madrid campeão da Europa, o intocável Real vencedor de todas as constelações européias estava aprendendo a jogar futebol”. (…)”
O Torneio de Paris é considero o primeiro torneio disputado entre times intercontinentais, ou seja, apesar de realizado de forma amistosa, foi dele que se surgiu a idéia do Mundial de Clubes, e ficou marcado como o primeira ocasião que um time não-europeu havia derrotado o Real Madrid após ele ser bicampeão europeu.
Vasco 4 x 3 Real Madrid
Real Madrid: J. Alonso; Torres, Marquitos (Santamaría), Lesmes; Muñoz e A. Ruiz; Kopa, Mateos, Di Stéfano, Rial (Marsal) e Gento.
Vasco: Carlos Alberto; Dario, Viana, Orlando e Ortunho; Laerte e Valter; Sabará, Livinho, Vavá e Pinga.