Volante querido pela torcida sempre sonhou em jogar em seu clube do coração
O volante Yuri Lara está prestes a conquistar o seu terceiro acesso à série A, o primeiro com seu clube do coração. O volante que chegou ao clube nessa temporada, já subiu a elite do Brasileirão com as equipes do Bahia e do CSA.
O volante de muita entrega e muita marcação logo caiu nas graças da torcida, foi titular em 32 dos 36 jogos do Vasco na série B. Ficou fora de três jogos por suspensão de cartões amarelos e apenas um por opção do treinador. Apenas Thiago Rodrigues e Anderson Conceição, com 34 cada, tem mais jogos de titular na série B que ele.
Apesar disso, o volante deve iniciar o confronto de hoje a noite contra a equipe do Sampaio Corrêa, no banco de reservas. Devido a um desconforto na virilha, o técnico Jorginho sinalizou que deve começar a partida com Palácios, ao invés do volante “pitbull”.
Yuri se lesionou no início do Campeonato Carioca, o deixando de fora uma boa parte da competição. Não fosse por isso, certamente essa seria a temporada que ele mais jogou na carreira. Já foram 38 partidas em 2022, podendo chegar até 40, mas ainda atrás dos 42 jogos feitos em 2018 pela equipe do CSA.
Pode se dizer que o maior “ladrão” de bolas na série B, é um torcedor dentro de campo:
– Como todo mundo sabe, eu já estive lá na arquibancada. E hoje estar aqui é um privilégio, eu fico muito feliz.
Jorginho substituiu Yuri no intervalo da última rodada, contra o Criciúma. Em desvantagem no placar, o treinador queria mais qualidade de passe no meio-campo e colocou o chileno Palácios no jogo. O volante, fominha por jogar, não ficou muito satisfeito. Sua mãe, Adriana, afirmou que esse comportamento “fominha“ do Yuri, vem desde a infância.
Criado na Pavuna, bairro da Zona Oeste do Rio, Yuri cresceu jogando bola em campeonatos de favela. Foi ali que ele aprendeu o futebol pegado, de imposição física, que ele preserva até hoje.
– No campeonato de favela, se você baixar a guarda, entrar meigo, você se complica e os caras te atropelam. Eu não abaixava a cabeça para ninguém e levo isso comigo – explicou ele em entrevista ao site Jogada 10, em junho.
Yuri começou sua carreira no Olaria, em 2015 foi para o Bahia, onde sua carreira deslanchou. Depois jogou pelo CSA, Oeste, Ferroviário e Tochigi, do Japão, até chegar ao Vasco.
O amor de Yuri pelo Vasco teve influência do seu avô, Seu Enéas. Ele assistia a todos os jogos do clube, alguns no estádio, mas a maioria no sofá de casa, cercado pelas crianças. Diabético, ele morreu há cerca de 17 anos após sofrer uma queda no banheiro. Sobre o caixão, uma bandeira com uma metade das cores do Vasco da Gama e a outra das cores do Brasil. Portanto, não viu sequer o início da carreira do neto que, mais tarde, jogaria com a camisa do seu time de coração.
Por anos o tema das festas de aniversários do Yuri foi o Vasco, “A gente não aguentava mais, todo ano era festa do Vasco”, brinca Adriana.
Pelo Olaria, Yuri uma vez enfrentou o Vasco. A mãe nunca se esqueceu do momento antes do jogo em que ele acariciou o ônibus cruz-maltino, a cabeça longe, e profetizou:
– Meu sonho… um dia vou jogar no Vasco.
Por Filipe José