O REIZINHO DA COLINA
Leandro A. Rodrigues
Existem coisas que acontecem em nossa vida que, anos depois, podemos afirmar ser um privilégio. Lembro-me, perfeitamente, do dia 26 de agosto de 1995, quando presenciei, com a narração marcante de Januário de Oliveira (link anexo), a estreia, em jogos oficiais, de dois jogadores do Vasco da Gama: o atacante Leonardo (1974-2016) e o meia Juninho (1975), ambos contratados junto ao Sport Recife. Cabe ressaltar que Juninho estreara, em um jogo amistoso, dias antes, em 19 de julho de 1995, em Caicó-RN, na derrota para o Corinthians-RN. No entanto, naquele ensolarado sábado à tarde, na baixada santista, no Estádio da Vila Belmiro, enfrentaram-se Santos e Vasco da Gama pela estreia do Campeonato Brasileiro de 1995.
Com apenas 12 minutos do primeiro tempo, o Santos já vencia o jogo por dois a zero (gols de Pintado [que também fazia a sua estreia] e de Macedo). Fazendo jus ao apelido de time da virada, Leonardo, um dos estreantes, diminuiu, ainda no primeiro tempo, e empatou o jogo logo aos 04 minutos da segunda etapa. Em seguida, Valdir (Bigode) virou aos 27 e, aos 29, com a camisa número 11. Isso mesmo! Com a camisa número 11, de fora da área, Juninho, em sua estreia oficial, fez um belíssimo gol. Naquele dia, naquele momento, em jogos oficiais, começava a história de um dos jogadores mais espetaculares da história do nosso Gigante da Colina. Em relação ao jogo, Jamelli, aos 32, assinalou para o Peixe, e o matador Valdir, aos 44, fez um dos mais belos gols de sua carreira, decretando a vitória vascaína por 5 a 3.
A partir do citado dia, o talentoso meia, de apenas 20 anos, alternou bons e maus momentos em seu primeiro ano em São Januário. Com paciência, soube suportar a oscilação natural da juventude e reagiu bem às vezes que teve de amargar o banco de reservas. Em seu primeiro ano, Antônio Augusto Ribeiro Reis Júnior assinalou três gols.
Em 1996, o meio firmou-se como o um dos grandes nomes do Gigante da Colina, sendo titular em 57 partidas e marcando 13 gols, inclusive, o seu primeiro de falta, na vitória por 2 a zero contra o Fluminense, no dia 09 de junho (ver o link).
No ano seguinte, entrou para a história ao ajudar o clube a conquistar o terceiro título nacional. Juninho fez partidas memoráveis e foi premiado pela CBF como o melhor meia da competição. Ao longo do ano, marcou oito gols e, pela primeira vez, ouviu ecoar,
nas arquibancadas de São Januário, o canto que marcou a sua trajetória no clube e lhe rendeu o apelido de Reizinho da Colina: “Ei, ei, ei, o Juninho é o nosso rei”.
O que era bom podia ficar melhor. Foi exatamente o que aconteceu em 1998, quando, no centenário do Clube, fez o antológico gol no Monumental, no dia 22 de julho, contra o River Plate, levando o time de São Januário à tão desejada final da Taça Libertadores da América. E, por uma feliz coincidência, no dia 26 de agosto de 1998, ou seja, quando comemorava o terceiro aniversário de sua estreia oficial contra o Santos, deu dois passes perfeitos para os dois gols do Vasco na final contra o Barcelona (um para Luisão e outro para Donizete). Ainda no mesmo ano, fez uma partida inesquecível na derrota para o Real Madrid, em Tóquio, no dia 01 de dezembro, marcado o nosso gol naquela partida, o seu sexto naquele ano.
Indubitavelmente, Juninho sempre foi um jogador decisivo, pois era constante. Em 1999, teve uma participação impressionante no título do Rio-São Paulo, fazendo gols nas semifinais e nas finais do Torneio. Ao final da temporada, o jogador assinalou 12 gols.
O mesmo número de tentos assinalou em 2000, quando passou a ser chamado de Juninho Pernambucano para distinguir-se do outro Juninho do time, o Paulista. Após três vice-campeonatos seguidos (Mundial, Rio-Paulo e Carioca), foi, novamente, campeão brasileiro (marcando gols importantes, novamente, nas semifinais e na final) e ajudou na indizível partida contra o Palmeiras, na virada do século, na final da Mercosul.
Foi para a França, onde se tornou o maior ídolo da história do Olimpique Lyon, conquistando 14 títulos e marcando 100 gols. Logo depois, esteve durante duas temporadas no Al-Gharafa, do Catar.
Em 2011, voltou ao Vasco e por pouco não conquistou mais um título nacional, ficando, naquele ano, com o segundo lugar. Naquele ano, assinalou, com a camisa vascaína, 5 gols e, no ano seguinte, 14.
Em 2013, ficou até julho no New York Red Bulls e, em julho de 2013, voltou a São Januário e participou de um ano conturbado na história do clube, que, infelizmente, culminou com o segundo rebaixamento. O meia pouco pôde fazer naquele ano e assinalou, em seu último ano como profissional, apenas 2 gols pelo Gigante da Colina.
Juninho foi, sem dúvida, um dos maiores a vestir a camisa do Vasco. Exemplo dentro de campo, onde sempre teve uma conduta ética, possuía uma empatia indescritível com a torcida, pois, ao vestir o nosso manto, sempre apresentou garra, esforço e determinação. A sensação que, particularmente, eu possuía, ao ver Juninho em campo, era a de que um torcedor havia descido das arquibancadas e havia entrado em campo para defender as cores do time de coração, tal orgulho e dedicação que sempre exalava ao empunhar a cruz no peito.
Creio que nós, vascaínos, somos felizardos, pois podemos dizer com orgulho que Juninho Pernambucano foi, é e sempre será o Reizinho da Colina.
Saudações Vascaínas!
Seguem os números de Juninho:
Sport · Campeonato Pernambucano: 1994 · Copa do Nordeste: 1994
Vasco da Gama · Campeonato Brasileiro: 1997 e 2000 · Campeonato Carioca: 1998 · Taça Guanabara: 1998 e 2000 · Taça Rio: 1998 e 1999 · Copa Libertadores da América: 1998 · Torneio Rio-São Paulo: 1999 · Copa Mercosul: 2000
Lyon · Campeonato Francês: 2001–02, 2002–03, 2003–04, 2004–05, 2005–06, 2006–07 e 2007–08 · Supercopa da França: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007 · Copa da França: 2007–08
Al-Gharafa
· Qatari Stars Cup: 2009 · Liga do Qatar: 2009–10
· Qatar Crown Prince Cup: 2010 e 2011
Seleção Brasileira · Copa das Confederações: 2005
Gol contra o River Plate na Semifinal da Libertadores de 1998:
Final do Brasileiro de 200, contra o São Caetano, no Maracanã: