O ANO VAI SER LONGO
Leandro A. Rodrigues
Para quem não ainda não sabe, sou professor de Literatura e apaixonado por livros. Em virtude disso, constantemente, perguntam-me qual o melhor método para se transformar em um leitor mais constante. Sempre digo que não há uma fórmula mágica. O que se pode é compartilhar com os outros o que fazemos, presenciamos, observamos e, logicamente, coisas que deram certo. O que sempre falo, em relação à leitura, serve para o futebol.
Após a frustrante derrota contra o Operário-PR, fiquei pensando bastante na resposta que dou aos que querem uma varinha de condão para as portas da leitura serem abertas. Não há fórmula mágica para a obtenção do acesso à série A. No entanto, por meio da comparação, observando o sucesso obtido por outros clubes, há uma série de coisas que se mostraram necessárias e passaram a ser ingredientes essenciais para todos que conseguiram vencer o calvário da série B.
A primeira delas é a consciência de que se trata de um torneio diferente. Há uma disputa bem mais física, de contato do que propriamente técnica. É preciso ter consciência disso. Não se pode entrar em campo, pensando que a tradição e a história são suficientes e resolverão todos os problemas. A tradição e a história nunca serão apagadas. Infelizmente, elas podem (como tem acontecido) ser manchadas. Os títulos conquistados em outrora não entram em campo. É preciso ter ciência disso, pois, caso contrário, o nosso Gigante ficará rodando em círculos.
Outro ponto importante é a vontade. Não se pode entrar em campo morosamente. Não se pode entrar em campo, pensando que, a qualquer momento, quando bem se pretender, a vitória será alcançada. É indispensável, como se diz modernamente, a intensidade, a constância. É assim na nossa vida. É assim no nosso cotidiano. Precisamos de atitudes firmes, enérgicas que nos motivem e nos impulsionem a seguir adiante.
O terceiro ponto é a necessidade de adaptar-se à realidade e à necessidade. Não é possível, após a percepção de um equívoco, continuar lutando contra a realidade. O time, de fato, começou mal, em virtude da boa estratégia do clube paranaense de pressionar a nossa saída de bola. Então, diante do cenário negativo, é imprescindível ter outras variações, outras possibilidades, outras formas de se jogar. Não se pode morrer, abraçando as ideologias táticas que, naquele momento, não estão funcionando. Como costumo dizer com frequência, um jogo de futebol é como se fosse uma situação da nossa vida. Quando as coisas não funcionam do jeito que estamos acostumados a fazer amiúde, é mister que tenhamos o discernimento de saber mudar a conduta, a fim de nos adaptarmos ao novo momento.
Entre as táticas que apresento aos alunos, para uma leitura fecunda, há a valorização de cada capítulo e a homogeneidade da divisão do tempo dispensado a cada um deles. Se o livro possui cinquenta capítulos, e quero lê-lo em dez dias, basta organizar-me para que, diariamente, leia cinco capítulo. Assim, ao final do tempo pré-definido, terei alcançado o meu objetivo. Como isso pode ser utilizado no futebol? Simples. Se quero o acesso, preciso compreender que o primeiro jogo deve ter a mesma importância do último. Se o campeonato possui trinta e oito rodadas, tenho que imprimir os mesmos esforços, da primeira à última rodada.
Como já disse, não há fórmulas mágicas. Como já disse, não há modelo a ser seguido, mas elementos comuns em todos os casos de sucesso. Se o nosso amado Vasco da Gama negligenciar os sinais mencionados, prevejo que para nós, vascaínos, amantes do Gigante da Colina, o ano vai ser longo.
Saudações vascaínas!