EPÍSTOLA – POEMA AO GIGANTE DA COLINA
Em virtude da excepcionalidade do momento, o “Papo de Domingo” será publicado no sábado, momentos antes do jogo pela quinta rodada da Série B de 2021.
Petrópolis, 18 de junho de 2021.
Caríssimo Gigante da Colina,
Leandro A. Rodrigues
Tem sido muito difícil!
Sinto um amor não correspondido, um beijo não retribuído, um abraço não compartilhado…
Está doendo muito!
Trata-se de algo que está demorando mais do que esperávamos…
Sem dúvida alguma, não fazia parte dos teus planos me fazer sentir tanta dor.
Sei disso…
Mas, tenho sentido dor!
Nos últimos anos, temos tido uma relação em que os esforços têm sido visíveis, apenas, de uma das partes, ou seja, da minha.
Tenho sido o torcedor ferido que se entrega sem medidas a ti.
É difícil não esconder a frustração!
É difícil não esconder o sofrimento!
Tudo isso ocorre, simplesmente, Vasco da Gama, porque te amo como se fosses uma pessoa.
Tenho a sensação de que és um ser com quem contraí núpcias eternas.
E o teu momento, meu cônjuge, não tem sido nada bom,
Tampouco fácil.
Eis o motivo da minha dor…
Não tem sido fácil assistir aos teus jogos.
Não tem sido fácil ver a maneira como tens sido envolvido.
Não tem sido fácil perceber o quanto a tua histórica camisa tem sido ultrajada.
Em minha inocente e esperançosa característica de torcedor apaixonado, acredito sempre que haverá uma virada, afinal, és “o time da virada”.
Acredito sempre que, em algum momento, um disjuntor será acionado, e, como em um passe de mágica, tudo voltará a ser como antes.
Assim como Monteiro Lobato, magistralmente, inventou uma obra monumental, intitulada de “A Chave do Tamanho”, onde as chaves mudavam a realidade, acredito que, a qualquer momento, alguma chave será ligada, e voltarás a me dar prazer em ver-te em campo.
E, assim…
Voltarás a ser motivo de orgulho não apenas por tuas glórias do passado,
Mas por tuas atitudes e conquistas do presente.
No entanto, meu amado, Club de Regatas Vasco da Gama,
Tal momento não chega!
E, por isso, está tão difícil!
No entanto, saibas que mesmo com toda a dificuldade…
Mesmo com toda a dor…
Mesmo com toda o sofrimento…
Jamais deixarei de te seguir!
Jamais deixarei de ver os teus jogos até o fim!
Simplesmente, porque jamais deixarei de te amar!
Ainda que não tenha sido feito de maneira formal,
Há votos subentendidos e imanentes entre nós.
Há uma promessa de fidelidade,
E, desse modo, continuaremos juntos,
Seja “na alegria ou na tristeza,
Na saúde ou na doença,
Na riqueza ou na pobreza,
Por todos os dias da nossa vida
Até que a morte nos separe”.
Simplesmente, porque, como diz a música:
“Levo a Cruz de Malta, no peito, desde que nasci”.
Doridas Saudações Vascaínas!