INSANIDADE
Leandro A. Rodrigues
Na última semana, o mundo do futebol, infelizmente, assistiu a mais um espetáculo dantesco. Refiro-me aos atos racistas direcionados aos três jogadores da seleção inglesa, que não converteram suas cobranças, na disputa por pênaltis contra a Itália, na final da Eurocopa, em Wembley, no dia 11 de julho de 2021.
Sei que muito já falaram sobre isso, mas, como digo sempre aos meus alunos, muitas vezes, temos de ser repetitivos, pois o óbvio não é colocado em prática, ou seja, o respeito ao próximo, em qualquer esfera, em qualquer situação, em qualquer momento, em qualquer circunstância, lamentavelmente, é, para usar uma metáfora futebolística, jogado para escanteio.
Não tenho redes sociais. O máximo que tenho é whatsapp e e-mail. Não acompanho, por lá, o burburinho do que acontece com as grandes celebridades do mundo esportivo e, em virtude disso (ainda bem), não acompanhei às ofensas mencionadas acima. O que fiquei sabendo foi pelos jornais que leio diariamente. No entanto, para mim, é difícil de acreditar que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lidar com situações assim. Não podemos tolerar isso. Devemos, assim como o nosso Vasco fez, na resposta histórica, deixar explícito que basta de intolerância, basta de racismo.
O ex-jogador, Renato Portaluppi, na entrevista que deu, nesta semana, ao ser apresentado como novo técnico do nosso eterno rival, disse algo que é tão óbvio, mas que parece ser esquecido pelos “torcedores”: “ninguém disputa um campeonato sozinho”. O que isso quer dizer? Simples! Todas as equipes, que entram na disputa, querem ganhar. Trata-se de um jogo em que há possibilidade de três resultados: vitória, empate ou derrota. Tudo isso está posto e determinado.
Incomoda-me muito, quando a imprensa e os torcedores dizem que havia “obrigação de vencer”. Não havia. Não há. Nem, jamais, poderá haver. O que existe havia, o que há, o que (espero) deverá continuar a haver é um jogo. E, como muitos, pleonasticamente, brincam: “o jogo é jogado”. Por isso, não existe isso de vexame. Vexame, para mim, é roubar! Vexame, para mim, é má índole! Vexame, para mim, é, mesmo com o VAR, não haver uma decisão correta e coerente! O restante faz parte do jogo.
Assim como aconteceu em nossa resposta histórica de 1924, nós, vascaínos, precisamos defender o óbvio. Precisamos exaltar Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka. Não converter uma cobrança de pênalti é doloroso para o jogador. Não converter uma cobrança de pênalti é doloroso para o torcedor que viu o seu time, a sua seleção ser eliminada. No entanto, não converter uma cobrança de pênalti é parte constituinte e possível de um jogo de futebol. Agora, insultar, ameaçar de morte, cometer ato racista não é e nunca poderá ser normal.
Ainda bem que, desde 1924, o nosso Gigante da Colina é contra esta insanidade!
Saudações Vascaínas!