Criado na base do Vasco, Paulinho deu depoimento emocionante antes da tão sonhada estreia nas Olimpíadas de Tóquio
Faltando poucos dias para sua estreia nas Olimpíadas, defendendo a equipe de futebol, o atacante Paulinho, criado na base do Vasco e hoje atuando pelo Bayer Leverkusen, falou ao The Players’ Tribune sobre suas convicções, religião e deu detalhes da sua trajetória até chegar ao maior palco do esporte.
A seleção masculina olímpica de futebol estreia na próxima quinta-feira, às 8h30, no estádio de Yokohama, contra a Alemanha. Uma reedição da final dos jogos do Rio, em 2016.
Paulinho lembrou seu início no futsal do Madureira, sua chegada ao Vasco e deu detalhes sobre sua família e como se deu a escolha do seu nome. Sua mãe gostaria de chamá-lo de Edmundo.
– Ela é vascaína fanática! Como o Romário tinha jogado no Flamengo, esse nome não estava nem de longe entre os seus preferidos para batizar um filho. Ela ficou bolada, passou um mês sem falar com meu pai por causa disso. Mas ele teve a chance de se redimir um ano depois. Quando ela engravidou de mim, resolveu dar o troco. Só de birra, decidiu que eu me chamaria EDMUNDO, em homenagem a um dos maiores ídolos do Vasco. No ano em que eu nasci, Romário e Edmundo jogavam juntos no clube. Daria uma bela dupla de irmãos, certo? – disse Paulinho.
Mas o pai do jovem jogador decidiu de novo mudar o nome para Paulo Henrique. Edmundo, no final das contas, acabou por ser o apelido do garoto.
Relação com o Vasco
Formado no colégio Vasco da Gama, Paulinho faz questão de valorizar a sua formação no clube e lembrou dos primeiros momentos atuando pelo profissional do clube. ele também fez questão de contar um conselho recebido por Martín Silva:
– Mas o goleiro Martín Silva me ajudou a controlar a ansiedade. Ele sentou comigo no vestiário antes do jogo e disse pra eu jogar solto. Até hoje, eu me lembro exatamente das palavras dele. “Vai pra cima dos laterais! Não tenha medo dos zagueiros. Aproveita o momento. Se a gente perder, a responsabilidade é toda nossa, dos mais velhos, não sua.” Pô, essa conversa me tirou um peso das costas. Entrei em campo tranquilo para mostrar o que eu sabia – diz Paulinho ao TPT.
“O Colégio do Vasco da Gama, então, merece um capítulo à parte. É onde a gente aprende o que faz dessa instituição tão especial. O Vasco é o clube que cresceu por acolher a diversidade e aceitar as diferenças. Eu me identifico plenamente com esses valores.”
Praticante do candomblé, o jogador do Leverkusen diz que trata a crença como uma filosofia e que isso o traz energias boas. Sempre que está no Brasil, ele faz questão de visitar seu pai de santo para pedir proteção aos orixás, principalmente à Oxóssi e à Iemanjá:
– Exu é o caminho. Procuro saudá-lo antes de cada obrigação, de cada partida. Laroyé!
Ele também aproveitou a oportunidade para criticar o governo Bolsonaro e sua gestão da pandemia no Brasil:
– O que defendo, como uma pessoa que tem voz, é que eu não posso me dar o direito de permanecer calado. De não me posicionar diante de preconceitos e negligências. Se sou crítico do atual Governo, é porque eu confio na ciência. Todo mundo enxerga o que se passa durante esse um ano e meio de pandemia, todo o descaso com a saúde. Mesmo vivendo em outro continente, tenho pessoas queridas que moram no Brasil. Elas precisam de segurança, de amparo, de vacinas – disse.