Vascaíno, o que vou tentar explicar aqui não foi fácil para mim ao escrever e nem será para você ao ler
Escrevo hoje algumas horas após o Vasco ter completado 123 anos de existência.
Nesse mesmo dia, o clube viajou até o Paraná e foi derrotado para o Operário, por 2 a 0. Digo com tristeza que esse é, talvez, o pior momento esportivo da história do Vasco. E aqui não vou falar sobre as dívidas que podem encerrar a atividade do clube.
Em ambas as partidas contra o time paranaense na temporada, o placar foi o mesmo, derrotas acachapantes. A única mudança relevante foi que o técnico a frente da equipe carioca é outro: sai Marcelo Cabo e entra Lisca.
Desde a contratação de Cabo, logo após o fim do Brasileirão de 2020, sempre o vi como uma aposta. Um treinador que pela primeira vez teria uma oportunidade num grande clube. Começou bem, animou, conseguiu implementar suas ideias na chegada, mas não conseguiu evoluir o seu estilo de jogo e caiu por isso. Não considero que sua demissão tenha sido um erro. Nem a contratação do seu substituto.
Lisca foi discutivelmente o melhor técnico da última temporada no Brasil. Levou o América-MG às semifinais da Copa do Brasil e só não venceu a Série B por detalhes. Foi um acerto dos grandes da diretoria. Porém, após quase um mês no comando, não houve melhora no desempenho, na verdade, houve piora.
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Mas qual o problema então?
Seria muito pretensioso de minha parte elencar um único problema para explicar o porquê o Vasco está na 11ª posição da Série B. Entretanto, acredito que existem duas questões fundamentais para pelo menos explicar a caótica situação do Vasco.
A primeira é mais fácil e está bem clara, falta qualidade e experiência no elenco. O time precisa de, pelo menos, três atletas que saibam jogar o campeonato. A base é ótima, sempre foi, mas não pode ser mais de um terço do número total de atletas disponíveis. Eles não vão resolver. Acho que os próximos dias serão fundamentais para saber o que esperar do mercado vascaíno. Até sexta, é imprescindível que cheguem nomes para Lisca.
Minha segunda questão para tentar explicar o momento do Vasco é mais subjetiva, mas que já por algum tempo pode ser vista de forma cristalina: falta vontade dentro de campo.
Não é de hoje que parte do elenco do Vasco parece sem motivação. Eu tenho dificuldade em conseguir entender o que acontece, mas por minha falta de conhecimento do assunto, vou me ater somente a apontar tal fato. Exemplo disso é a dificuldade em virar partidas depois de sair atrás no placar.
Em outros tempos, com torcida no estádio, acredito que isso estaria muito mais evidente e sendo muito mais cobrado. Há diversas discussões sobre o que acontecerá em São Januário quando a torcida enfim retornar. Não esperem ler aqui um incentivo à violência contra elenco e diretoria.
A torcida é, por sinal, o remédio que o Vasco tanto precisa, o que não é nenhuma novidade. Acho indiscutível que o clube jamais teria sido rebaixado se as arquibancadas estivessem cheias. Digo o mesmo para o acesso. Uma pena que isso não será possível tão cedo de forma segura, como o torcedor tem direito.
Cobranças devem ser feitas, este mesmo texto é uma, mas ela tem que ser feita da maneira correta. A gestão precisa de mudanças severas no seu departamento de futebol. A começar com jogadores, mas também com profissionais com experiência para o departamento. Dar ao Lisca espaço para imprimir suas ideias e garantir que os jogadores possam dar aquilo para que foram contratados ou formados para fazer. Colocar o Vasco na primeira divisão, vencer títulos e dar alegrias ao torcedor.
Ainda acredito que o Vasco tenha jeito, mas entendo aqueles que preferem a memória.