GIGANTE DESACORDADO
Leandro A. Rodrigues
Foi difícil pegar no sono depois do jogo, na última sexta-feira, dia 03 de setembro de 2021, contra o Brasil de Pelotas. Havia uma mistura de sentimentos: tristeza, decepção, frustração, revolta e esperança.
A tristeza existia por ver, mais uma vez, o Vasco da Gama sendo tratado como algo descartável. Vou repetir o que já disse aqui, logo após a queda do time, no Brasileiro de 2020: um gigante, mesmo caído, continua a ser um gigante. Direção, comissão técnica, jogadores e torcedores não podem se esquecer disso. O Club de Regatas Vasco da Gama é um Gigante que, infelizmente, está deitado, em coma, respirando com a ajuda de aparelhos; porém é e, sempre será, um Gigante.
A decepção existia pela falta de eficiência do time. Falei sobre isso na última coluna. Novamente, não soubemos ser eficientes. E, como disse na semana passada, o futebol é um esporte de eficiência. As falhas individuais, infelizmente, voltaram a nos derrubar. É imprescindível sair das cordas logo, pois, caso contrário, seremos levados ao chão, e o juiz abrirá a contagem. Tenho certeza de que os erros são acidentais; todavia, assim como o neurologista que, diante da caixa craniana aberta tem de ser meticuloso em suas ações, para que não cause uma lesão definitiva no paciente, os jogadores precisam ter uma concentração de cirurgião o tempo todo.
A frustração existia em virtude de o jogo, que era “o da aproximação”, ter se tornado, como muito bem disse uma repórter, na entrevista coletiva, “o da frustração”. Ela foi certeira. Na noite do dia 03 de setembro, todos os vascaínos, mais uma vez, tiveram uma grande frustração. Empenhamo-nos, acreditamos, apoiamos…, contudo…, novamente, o time não correspondeu. Isso é muito frustrante!
A revolta, logicamente, fez-se presente em virtude do absurdo que ocorreu com o uso da tecnologia do VAR. Vi muitos analistas, minimizando o fato, dizendo que o time não correspondeu. Sim! Isso é verdade! Mas, como lutar contra a imagem? Vi alguns analistas, tentando dizer que, “aparentemente”, não havia impedimento. Vou ficar com a fala genial (como sempre) do PVC: “Desde 1848, quando, em Cambridge, houve a definição das regras do futebol, isto não é impedimento”. O absurdo é tão grande que nos faltam palavras para apresentarmos, de forma fiel, a nossa revolta. Existe um equipamento
para auxiliar, mas, no momento mais importante do jogo, ele não funciona. Então: para que ele está lá? Na hora do jogo, ao vivo, disse aos meus filhos: Tenho certeza de que o Daniel Amorim não está impedido! O assistente achou que estivesse. Tudo bem? Não acho que seja má fé. Não mesmo! Porém, a ausência das linhas, neste caso, era dispensável, pois a olho nu, pela imagem, era possível constatar a regularidade do lance. Alguns dirão: “O protocolo diz que, sem as linhas, vale a decisão de campo”. Risível…., pois o protocolo também diz que os capitães têm de ser avisados quando o aparelho deixa de funcionar. Então… o protocolo é aplicado para ratificar o erro, mas é ignorado para que haja lisura e clareza? Não dá para aceitar!
A esperança existia assim como é necessária uma centelha para que possamos que acordar a cada dia; para que possamos nos motivar e nos levantar da cama diariamente, porque, sem ela, nada tem ou faz sentido. Em meu interior, havia (e há) a esperança de que tudo o que aconteceu, na fatídica noite do dia 03 setembro, em São Januário, possa, de alguma forma, fazer surgir uma espécie de força propulsora das entranhas de cada um para que possamos nos reerguer e dar a arrancada necessária nesta competição.
Por fim, devo dizer que a mescla de emoções supracitadas fez com que o sono demorasse a chegar, gerando uma insônia absurda, seguida de uma enxaqueca descomunal, afinal, o que está em disputa não é apenas um jogo, mas a recuperação de um Gigante desacordado.
Saudações Vascaínas!