Balanço do Vasco mostra futuro em risco em caso de não aprovação da SAF ou grande aporte financeiro em curto prazo
Por: Rick de Castro
Prestes a decidir se vira SAF ou não em Assembléia Geral no dia 7 de agosto, próximo domingo, o Vasco se encontra em um dos seus piores momentos em relação à sua própria sobrevivência.
Com uma dívida quatro vezes maiores que suas receitas nos últimos três anos, qualquer empresa iria à falência. Como o Vasco ainda sendo uma associação sem fins lucrativos, isso não acontece, então a situação falimentar se prolonga.
No último ano, a receita do clube aumentou em vários setores, como marketing com a chegada de novos patrocinadores, venda de atletas principalmente por conta da venda de Talles Magno – uma das maiores da História do clube, apesar de baixa em comparação com outros clubes grandes – e manutenção de um patamar parecido de receitas com sócio torcedor. Considerando que o clube perde muita receita com a queda para a série B, o resultado é melhor do que o esperado.
Em 2020, se considerarmos a receita de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro tivesse sido recebida integralmente no mesmo ano (R$ 23 milhões foram pagos apenas em 2021), o clube teria anunciado uma receita de R$ 205 milhões. A receita recebida apenas para a temporada 2021 foi de R$ 158 milhões, algo muito louvável, com uma folha salarial do clube em R$ 68 milhões e superávit de R$ 122 milhões. Porém, 100 desses 122 são apenas descontos em dívidas renegociadas, isso significa que o clube não recebeu esse dinheiro efetivamente, ele só não vai ter que pagar eles no futuro.
Em relação às dívidas, o clube obteve muitos acordos com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e por conta do Regime Centralizado de Execuções (RCE) que diminuíram a dívida que deve ser paga ainda em 2022. A dívida de curto prazo em 2020 era de R$ 317 milhões e, após 2021, esse novo valor é de R$ 201 milhões. Parte dessas negociações também alongaram algumas dívidas. Portanto, a dívida de longo prazo subiu de 521 para 527 milhões de reais.
Com esses números, o torcedor pode perceber o quão difícil ainda vai ser o futuro do clube. Mesmo com a SAF, 20% das receitas mensais serão destinadas para pagamento do RCE e mais uma porcentagem destinado para o acordo fiscal, já que a 777 também se comprometeu a assumir integralmente a dívida em até R$ 700 milhões da dívida do clube. Isso significa que a SAF vai precisar gerar muito mais receitas que o clube associativo conseguiu nesses últimos anos para bater de frente com os principais clubes do Brasil.
Os aportes totalizando R$ 630 milhões nos próximos 3 anos vão ser fundamentais para manter o clube pagando seus acordos, sendo capaz de competir mais fortemente, mas somente somando um aumento de receita em patrocínios, direitos de transmissão e até mesmo sócio-torcedor com o provável acesso para a série A e melhores campanhas em Copa do Brasil e competições sulamericanas e também vendas muito bem feitas de atletas jovens que o Vasco vai poder competir de frente contra times que têm faturamentos próximos ao R$ 1 bilhão de reais por ano.