Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (10), realizada após a reunião entre autoridades policiais, secretários de estado, Ferj, Ministério Público e dirigentes dos clubes cariocas, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, anunciou o banimento dos estádios, por tempo indeterminado, às torcidas organizadas Força Jovem do Vasco, Jovem Fla, Raça Rubro-Negra, Young Flu e Fúria.
O chefe do poder executivo também garantiu que uma investigação será feita pela polícia civil. A decisão, que terá início nos próximos jogos da competição estadual, não impede que membros de torcidas organizadas envolvidos nos atos de vandalismo sejam proibidos de frequentarem os jogos.
A proibição ocorreu após a briga generalizada entre torcedores de Vasco e Flamengo, registrada antes do clássico dos milhões no último domingo. Na ocasião, um torcedor cruzmaltino morreu após ser espancado por membros de torcidas organizadas da equipe rubro-negra. A nova medida também proíbe que os clubes de futebol repassem ingressos para torcidas organizadas, determina abertura de inquérito pela polícia civil para apurar possível enquadramento como organização criminosa, possíveis sanções administrativas para as torcidas organizadas e um plano de ação permanente para reforçar a segurança nos jogos.
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Ao comentar a decisão, Cláudio Castro disse que não dá para dialogar com quem não cumpre acordo, uma referência à anistia que regulamentou a volta das torcidas organizadas para os estádios do Rio.
“Implementamos um plano de ação permanente e mais enérgico para aqueles que praticam atos de violência durante os jogos. Essas ações valem para todos os campeonatos e não somente para o Carioca. Não dá para ter diálogo com quem não cumpre acordo. A mão forte do Estado será exercida. Temos total condição de realizar espetáculos esportivos dessa grandiosidade”, enfatizou o governador do Rio de Janeiro.
Segundo o chefe de estado, as polícias do Rio lidam com eventos de grande público como Réveillon e Carnaval e, por isso, conseguem garantir a normalidade nos jogos.
“Já temos “expertise” em fazer grandes eventos, como o Carnaval e o Réveillon, festividades que reúnem milhares de pessoas. Como não iríamos garantir a segurança entre duas torcidas de futebol? Confio no trabalho das nossas polícias e vamos aprimorar ainda mais o nosso planejamento”, comentou Cláudio Castro.
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Apesar de determinar a abertura de inquérito policial e punir as principais torcidas organizadas dos clubes cariocas, a decisão ainda dá brecha para que os envolvidos nos atos de vandalismo continuem frequentando os estádios de futebol. Isso porque a proibição impede apenas a entrada de camisas, bandeiras e qualquer item que faça alusões às organizadas, punindo, em primeiro momento, somente a pessoa jurídica e não seus frequentadores. Desde a confusão generalizada ocorrida no último final de semana, apenas uma pessoa foi presa.
Após a divulgação da deliberação, a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg) repudiou as medidas tomadas pelo governador. Segundo a instituição, não é atribuição do poder executivo punir as torcidas, e sim o judiciário. A associação também enfatizou a punição à pessoa física.
“As Torcidas Organizadas em questão, não foram chamadas para a reunião no Palácio Guanabara, em que os clubes, a Ferj, o Comando da Polícia Militar, Civil e Órgãos Públicos, debateram a possibilidade de torcida única. Proibir as Torcidas Organizadas de frequentarem os estádios, não vai coibir os problemas que ocorrem longe dos campos de futebol(…) A Anatorg e as Torcidas Organizadas defendem a punição e responsabilidade jurídica, individual, no CPF do cidadão que cometer qualquer tipo de crime, conforme o código penal.”
Questionado pelo Papo na Colina se haverá algum filtro para impedir que os torcedores envolvidos nas confusões estejam presentes no estádio e quais são as punições individuais até o momento, o Governo do Rio de Janeiro se limitou a enfatizar as declarações feitas pelo governador e o presidente da Ferj.
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O QUE DIZEM OS CITADOS
A Força Jovem do Vasco, em nota, nega que esteve presente nas brigas do último domingo. Segundo a organizada, no mesmo horário da briga ocorrida em São Cristóvão seus membros foram para o Maracanã, em caminhada, pelo bairro da Mangueira sob escolta do BEPE.
As torcidas Raça Rubro-Negra e Jovem Fla negam a participação em atos infracionais e, também em nota, alegaram que foi seguido o planejamento feito em conjunto com o BEPE.
Até a publicação da matéria, o BEPE não retornou as tentativas de contato feitas pela reportagem.
Por Raphael Lacerda
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