Apesar de Pedrinho repetir diversas vezes que não podia falar sobre alguns assuntos relacionados a SAF, o presidente do Vasco da Gama conseguiu deixar clara a sua insatisfação com a 777 Partners durante sua coletiva de imprensa, realizada nesta quarta-feira. Existe uma certa crise entre SAF e associação.
Mas esta não é a primeira. A relação já viveu momentos conturbados, principalmente na crise do ano passado. O ge relembrou alguns episódios:
A primeira crise entre clube e empresa começou poucos meses após a 777 assumir o Vasco. O problema tinha nome e sobrenome: Luiz Mello, CEO da SAF.
Antes de ser o principal nome da 777 no Vasco, Mello já atuava como CEO do clube. O executivo esteve à frente das principais decisões desde o início de 2021, participou ativamente da transição para o modelo de empresa e ganhou força com a chegada dos americanos, quando começou a colecionar inimigos na associação.
Jorge Salgado, pressionado, tinha tomado a decisão de demitir o executivo, mas Mello foi bancado pela 777 Partners e se tornou CEO da SAF. O clube relatou a insatisfação com a empresa. Em 2023, com o início desastroso no Brasileirão, a associação passou a criticar Mello com mais frequência para a 777. A pressão que era interna ganhou corpo com a insatisfação de torcedores. As dívidas com clubes e empresários, contraídas na compra de jogadores, caíram na conta do dirigente.
A sequência de trabalho de Mello era insustentável e o dirigente finalmente caiu do cargo, assumindo outra função na 777 Partners, mas não dentro do Vasco. O caminho de Jorge Salgado e seus pares foi levar as inquietações para as reuniões do Conselho de Administração da SAF. A pressão gerou o resultado que o clube queria e, na época, a relação melhorou com a efetivação de Lúcio Barbosa, antes diretor financeiro, como CEO.
Outro episódio que gerou polêmicas entre os dois lados do Vasco da Gama foi a questão sobre o atraso do último aporte financeiro da empresa. O dinheiro, cerca de R$ 100 milhões, deveria cair na conta do clube até 5 de setembro, mas há um período de carência de 30 dias – portanto, 5 de outubro era o prazo final. No dia 5 de outubro, a 777 informou que havia pago uma parcela do valor e que o restante seria pago nos dias seguintes.
O atraso incomodou o clube, e Jorge Salgado chegou a considerar notificar a empresa. Contratualmente, o clube poderia ter tomado medidas para recuperar 51% das ações da 777 e retomar o controle do futebol pelo valor simbólico de R$ 1 mil. O clima dentro de São Januário, segundo apuração do ge, foi de muita apreensão e desapontamento com os americanos.
Agora, o mais recente atrito entre as partes, já não gestão de Pedrinho: a falta de diálogo. Dois meses após assumir a associação, o presidente não consegue acertar o passo com a empresa e tem críticas à gestão da SAF. A relação entre as partes é fria, esporádica e cheia de pendências, como confirmado por ele em coletiva:
– Não estou incomodado que não estou participando do futebol, estou incomodado que poderia estar ajudando. Se eu tenho um sócio que quis contratar lá atrás e esportivamente não estou desempenhando, seria natural que eu tivesse uma conversa em relação a isso.
Pedrinho entende que, como sócio minoritário, não tem a palavra final, mas gostaria de ter mais diálogo e acesso a informações. A associação entende que, por ter 30%, deveria ser considerada na tomada de decisões e que o CEO do Vasco, Lucio Barbosa, erra ao se reportar somente aos americanos. “Ele também é nosso funcionário”, afirmou recentemente uma pessoa ouvida pelo ge em referência aos 30% que o clube detém da SAF.
A 777, como detentora dos 70% das ações, tem o poder de tomar as decisões no futebol do Vasco. Ao clube associativo, cabe a fiscalização do cumprimento de cláusulas contratuais como, por exemplo, os aportes financeiros e o pagamento de dívidas, que estão em dia. A SAF entende que alguns políticos do Vasco ainda não entenderam o novo modelo e momento que o Vasco vem passando.
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