O ano de 2020 foi de muitas surpresas e desafios em todo o mundo. Com a pandemia, muitos setores foram obrigados a transferir trabalho e estudos para uma forma remota, iniciando um novo paradigma de relação por meio eletrônico.
Por Lucas Rodrigues
Essas relações por meio eletrônico foram responsáveis pelo momento mais crítico da política vascaína no ano de 2020. o resultado é conhecido, com a vitória de Jorge Salgado após eleição online referendada pela justiça do Rio de Janeiro.
Assembleia Geral Extraordinária
A temperatura começa a esquentar com a dificuldade em se definir a lista dos sócios aptos a voto e em como seria feita a Assembleia Geral Extraordinária que votaria o novo estatuto do clube. No final, a importante figura do presidente da AG do Vasco, Faues Cherene Jassus, o Mussa, é determinante para a realização da AGE online no último dia possível para que a mudança valesse ainda para este ano. Com 98% de votos a favor, os sócios do clube aprovaram as eleições diretas. A proposta de novo estatuto não foi votada.
Eleições e imbróglio na justiça
Uma vez definida a eleição direta, ficou clara a polarização entre os diversos grupos políticos do clube. O Mais Vasco, de Jorge Salgado, e o Sempre Vasco, de Julio Brant, eram a favor de uma reestruturação financeira e abertura do clube. Já Leven Siano buscava o confronto e se aliou à Identidade Vasco, de Roberto Monteiro, e ao Fuzarca, de Euriquinho, em busca de apoio para viabilizar sua candidatura lançada há mais de um ano.
A campanha de Leven buscou ao máximo desqualificar as rivais e se colocar como anti-sistema, mesmo tendo apoio de grande parte dos grupos que comandaram o clube nos últimos 20 anos. O advogado, junto de Monteiro, conseguiu uma decisão da justiça, na noite do dia 6 de novembro, convocando eleições já para o dia seguinte. A estratégia parecia dar certo, mas quase ao fim do pleito, uma decisão do Presidente do STJ, Ministro Humberto Martins, a pedido de Mussa, suspendeu a decisão anterior que convocava as eleições.
Os acontecimentos do dia 7 de novembro ainda ficam na memória dos vascaínos, com confusão e até tiroteio nos arredores de São Januário. Com a decisão do STJ, Mussa se retirou do ginásio do clube, junto da Sempre Vasco e da Mais Vasco. Alexandre Campello, atual mandatário, retirou sua chapa e apagou as luzes. Os demais integrantes da mesa diretora, composta pelos presidentes do conselho deliberativo e de beneméritos decidiram dar poderes ao vice-presidente da Assembleia Geral, Alcides Martins, para dar seguimento à votação às escuras e sem a presença de três das cinco chapas concorrentes.
Embora todas as chapas tivessem concordado em lacrar as urnas e aguardar nova decisão da justiça. As chapas de Leven Siano e Sérgio Frias, junto do que restou da mesa diretora, romperam os lacres das urnas e contaram os votos madrugada adentro. Leven foi declarado vencedor.
Com a decisão da justiça, novas eleições seriam realizadas de forma online no dia 14 de novembro. Somente Sempre Vasco e Mais Vasco participaram do pleito, na sede do Calabouço. Jorge Salgado foi declarado vencedor da primeira eleição direta e online da história do Vasco. Uma nova decisão da justiça deixou ambos os pleitos sub judice até posterior decisão da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Decisão da Justiça
Somente no dia 17 de dezembro foi decidido o novo presidente do clube, o colegiado negou recurso de Leven e Monteiro e deu à Mais Vasco a vitória. Jorge Salgado, de 73 anos, assumirá o clube em meados de janeiro, prometendo pacificar o clube e trazer paz ao caótico ambiente político cruz-maltino.
Ao fim das eleições, Mussa fica marcado como grande personagem do ano do clube. Por toda determinação em realizar AGE e eleições de forma online, e com referendo da justiça. Mussa anunciou aposentadoria da vida política do clube após o término do seu mandato.