Ex-fisioterapeuta do Vasco, Alex Evangelista apontou que a política vaidosa do Vasco é responsável pela situação do clube
Alex Evangelista, fisioterapeuta do Vasco da Gama entre 2015 e 2018, concedeu entrevista ao canal Segredos da Bola, comandado nesta edição por Sidnei Loureiro e também por Alexandre Alexandre Araújo.
Logo no início da conversa, perguntado sobre o sentimento de ver o Vasco mais um ano longe da Série B, Alex Evangelista respondeu:
“Situação complicada. Até quem não é vascaíno sente muito. O Vasco faz muita falta na primeira divisão”.
Além do desgosto por mais uma temporada longe da elite do futebol nacional, o fisioterapeuta e atualmente formando em Medicina também deixou bem claro seu descontentamento com a política do clube, da qual fez parte no último período eleitoral:
“Perplexo com a política. Participei efetivamente da campanha com o Leven. Eu viria como um dos cinco CEO’s que ele colocaria da área de saúde”.
Traçando uma crítica ao atual modelo de gestão do Vasco, e aproveitando para falar do quão importante é a sua área de atuação, Alex considera que:
“Não acreditava que o Vasco não subisse. Se a gestão não entender que o futebol é saúde, não vai chegar. Hoje os atletas alcançam 35 km/h”.
Neste trecho da declaração do profissional, fica evidente como há uma crítica à fragilidade física do Vasco desde a gestão de Alexandre Campello. Na Série B deste ano, não foram poucas as críticas ao péssimo condicionamento físico do elenco desde a primeira rodada quando o Vasco saiu derrotado de São Januário pelo Operário-PR, sendo superado fisicamente até com uma certa facilidade. Essa mesma frouxidão, essa mesma fraqueza ficou também escancarada na derrota por 3 a 1 para o CSA também no Rio de Janeiro, já na reta final da competição.
Ainda sobre a relevância que tem a preparação física num futebol que se moderniza rapidamente cada vez mais, Evangelista apontou:
“Não é mais como os cartolas faziam. Contrata e traz pro campo? Não é mais assim”.
Entrando mais uma vez no movediço campo da política vascaína, Alex Evangelista foi firme e disse que:
“A maior doença do Vasco é a política. Quem ganha a eleição sofre a consequência de quem perdeu, pra demonizar e atrapalhar a gestão”.
Alex Evangelista comandaria o departamento de medicina desportiva do Vasco caso Leven Siano assumisse a presidência do clube, e sobre o candidato do projeto Somamos depositou grande confiança:
“A solução imediata para o Vasco seria o Leven Siano assumir. Conheci de perto o projeto, fui a Abu Dhabi para uma reunião com ele”.
Sobre a rejeição interna e externa, beirando a chacota e o meme, que o projeto de Leven Siano sofre, a explicação encontrada pelo ex-fisioterapeuta do Vasco é:
“Tem um estranhamento com relação ao projeto porque o Vasco virou um arco-íris. É o roxo, o amarelo, o preto, o verde. Chapas que dividiram o Conselho, os Beneméritos, a torcida. É um gigante dividido”, disse Evangelista numa clara referência à Mais Vasco e à Sempre Vasco.
Sobre a razão que encontra para tentar explicar o caos político que o clube vive há décadas, Alex não titubeou:
“Os caras não se unem em prol do clube devido à própria vaidade”.
Perguntado sobre trabalhar no maior rival, respondeu que:
“Não trabalho no Flamengo, pois sou vascaíno”.
Sobre o fracasso da gestão Salgado por não ter feito o clube voltar para onde não deveria ter saído jamais, assinalou:
“O cara que assume a presidência e não consegue fazer o time subir, coisa que não acontece faz tempo, errou! Era obrigação subir”.
Sobre seu carinho pelo Vasco e sua história de torcedor, relembrou que:
“Eu amo. Sou torcedor do Vasco desde criança. Meu pai me obrigou a ser flamenguista e eu comemorei gol do Roberto Dinamite em 1886. A bola passou por baixo do Raul Plasmann e bateu nas duas traves e entrou. Eu tava na FlaChopp, comemorei e meu pai me bateu”.
Alex Evangelista deixou o Vasco em Março de 2018 após a chegada de Alexandre Campello, com quem teve grande problema:
“Meu problema foi com o Campello, por ter me chamado de ladrão. Eu o processei e ganhei”.
Alex Evangelista foi o idealizador, ao lado de Eurico Brandão, o “Euriquinho”, do CAPRRES (Centro Avançado de Preparação, Recuperação e Rendimento Esportivo), responsável pela diminuição de lesões no elenco e muito importante para que o clube voltasse a disputar uma Copa Libertadores.
Ao filho de Eurico Miranda, Alex não poupou elogios:
“O Euriquinho é um dos caras mais inteligentes do futebol. Diria que gênio até. Não havia dinheiro pra bancar o projeto do CAPRRES, e ele comandou uma reunião com a AMBEV e eles viabilizaram o projeto”.
Mais uma vez ressaltou a importância da sua área e cutucou a preocupação exclusiva com as finanças, grande foco da atual gestão:
“Futebol não é só balanço anual. Isso não ganha título. Se fosse assim a Europa terminaria empatada”.