No dia 7 de março, a quantia de R$ 70 milhões entrou na conta do Vasco da Gama. O empréstimo da 777 Partners, empresa que administrará o futebol vascaíno, vem sendo usado para pagar salários atrasados e dívidas.
No entanto, um grupo de 30 conselheiros protocolou pedido para que o departamento de finanças esclareça como esse dinheiro vem sendo utilizado desde então.
Um dos nomes mais conhecidos do grupo é o de Júlio Brant, quem gostaria de entender, do presidente Jorge Salgado e do VP de Finanças Adriano Mendes, por que o empréstimo não foi utilizado para reforçar o frágil elenco que Zé Ricardo tem em mãos.
“O nosso foco não é pedir uma reunião no Conselho Deliberativo, a gente fez uma solicitação na secretaria do clube direcionada ao presidente Jorge Salgado para que ele e o responsável financeiro, o Adriano Mendes, expliquem como foram utilizados esses R$ 70 milhões. Quando o empréstimo foi aprovado, a ideia era usar o recurso para regularizar pagamentos e reforçar o futebol. Não estamos vendo isso. Queremos saber qual o destino desse dinheiro“.
Para o presidente Jorge Salgado, tal pedido não encontra guarida, pois o empréstimo vem sendo utilizado segundo o planejado:
“Para mim isso é factoide, porque tudo que a gente paga com os R$ 70 milhões vai estar no balanço de gastos. Não vejo nenhum motivo para prestar contas antes de o balanço receber essas informações. Tudo que fizemos é de maneira bastante transparente. A gente tem hoje uma empresa de auditoria que é top 5 no mundo, temos a assessoria da KPMG, e a gente vai publicar um balanço na semana que vem com mais de 70 notas explicativas. Então para mim isso é um factoide, não acrescenta nada”
E as declarações de Salgado não pararam por aí:
“Alguém me falou um dia que o Vasco perde para ele mesmo. Em vez de as pessoas estarem preocupadas em enaltecer uma série de eventos que estamos fazendo, ficam com essas picuinhas. Precisamos de um olhar mais grandioso, é um olhar muito pequeno pedir prestação de contas de empréstimo. Estamos pagando tudo que temos que pagar, estamos mantendo os salários em dia pela primeira vez nos últimos 20 anos. E fizemos isso em um ano. Estou trazendo um parceiro internacional para o Vasco, a maior transação do futebol brasileiro até hoje“, acrescentou Salgado em valorização ao acordo assinado com a 777 Partners.
Caso não haja esclarecimentos, o grupo pensa em pedir uma reunião com o CD. Brant negou interesse político na solicitação de esclarecimento e defendeu uso do valor para o fortalecimento do elenco:
“A Sempre Vasco fez isso quando o Eurico pegou empréstimo, fizemos isso em 2018 com o Campello, e o Adriano fez a explicação, e estamos fazendo isso agora. É uma coerência do trabalho da Sempre Vasco. Nós só vamos buscar a reunião no Conselho Deliberativo se a diretoria administrativa não nos der a explicação que esperamos“.
Segundo Brant, se o dinheiro não for usado para fortalecer o time visando o acesso à Série A, o Vasco terá mais um ano trágico e o financeiro só piorará:
“Quando tiver o balanço o ano já vai ter acabado, e o Vasco não vai ter subido. Tem que explicar agora, óbvio que tem cabimento. É obrigação da diretoria explicar o que está sendo feito com o dinheiro que entrou no clube. A gente quer saber por que esse dinheiro não foi destinado a reforçar o elenco. Nosso maior objetivo é subir para a Série A, então todo recurso adicional tem que ser destinado a reforçar o elenco para voltarmos à Série A. Ficar na Série B é desastroso”
O empréstimo de R$ 70 milhões foi assinado em fevereiro pelo presidente Salgado em Miami. Ele não representa acordo vinculativo. Caso a SAF seja aprovada no Vasco, o valor será abatido dos R$ 700 milhões que a 777 investirá no Vasco. Caso não, o empréstimo será tido por comum e o Vasco terá até a metade de Setembro para pagar com juros a 15% e fornecimento dos direitos de 4 atletas cujos nomes até hoje não são de conhecimento público.